Homilia Sábado da III Quaresma | Ano C

De novo, a humildade

Sábado –  III Quaresma – C – Os 6,16; Sl 50; Lc 18,9-14

Que pena quando as pessoas piedosas não se enxergam. Ou seja, há pessoas que por mais que estejam na Igreja, encontram-se cegadas pelo orgulho espiritual. Por isso, quiçá, rezem com o fariseu do Evangelho: “Eu te dou graças porque não sou como o resto dos homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem como este publicano” (Lc 18,11). As outras pessoas são “o resto dos homens” e o próximo é “este publicano”. É isso mesmo, a soberba nos faz desprezar os outros e, com o passar do tempo, pode nos levar a desprezar o próprio Deus.

O remédio contra o orgulho é a humildade, uma virtude belíssima que se encontra nos fundamentos da vida interior, ou seja, ela está na raiz de outras virtudes. A humildade remove os obstáculos para que a pessoa receba as graças de Deus, já que “Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6). Um exemplo muito claro é o de hoje, pois o publicano depois de humilhar, voltou para casa justificado, perdoado (Lc 18,14). A humildade e a fé formam um par maravilhoso: a primeira remove os obstáculos à graça, entre os quais o orgulho; a segunda estabelece o primeiro contato com Deus.

A humildade se funda na verdade e na justiça. Santa Teresa dizia que a humildade é andar na verdade. A humildade nos dá o conhecimento, cada vez mais profundo, sobre nós mesmos. Também se funda na justiça porque exige que o ser humano dê a Deus toda a honra e toda a glória.

Na prática, humildade não é dizer que não se tem qualidades, quando na verdade se tem (isso seria hipocrisia); tampouco se trata de inventar qualidades que não possuímos (isso seria mentira e soberba). Não podemos buscar uma espécie de “humildade de jogadores de futebol” em entrevistas. Além de evitar este tipo de humildade, o cristão não pode ser uma pessoa encolhida: sem ideias próprias, meio covarde, com cara de coitado, um “Jeca Tatu”.

A humildade autoriza o filho de Deus a admirar todos os dons, naturais e sobrenaturais, que recebeu, mas sem atribuir-se a si mesmo o magnífico lenço pintado que vê em si, pois sabe que o divino Artista é Deus, para quem deve ir encaminhada toda a glória. Esta virtude também nos ajuda a ver a nossa pequenez e o quanto somos fracos. Em suma, a humildade é uma disposição da alma que nos inclina a moderar o apetite da própria excelência, levando-nos a evitar tanto a hipocrisia quanto a soberba.

Padre Françoá Costa
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