Saborear o bem
Sábado, 4ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Re 3,4-13; Sl 118; Mc 6,30-34
Para nós, a fonte da sabedoria é Jesus Cristo. Salomão pediu ao Senhor um coração sábio e o Senhor lhe concedeu (1 Re 3,4-13); nós, como Salomão e como os Apóstolos, pediremos ao Senhor essa sabedoria também. De fato, o texto do Evangelho afirma que “os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinha feito e ensinado” (Mc 6,30). É algo que chega a causar em nós desejos de também estar com Jesus, contar as nossas coisas a ele e esperar as respostas dele. Isso, porém, é possível através da oração.
Assim como Salomão que ora e consegue a sabedoria, assim como os Apóstolos que se reúnem com Jesus em lugares desertos e o escutam haurindo sabedoria, nós também, através das nossas conversas com Jesus, das nossas escutas, conseguiremos a sabedoria. Certamente, a oração vai fazer isso conosco: dando-nos sabedoria. Você já notou que o seu universo espiritual não é o mesmo desde que você começou a rezar? Notou que o mundo, as coisas, as pessoas têm para você significados insuspeitados com relação ao que tinham antes?
A sabedoria está precisamente em saber ordenar todas as coisas para o nosso fim, isto é, para Deus. Tudo o que nós temos e fazemos entra em uma linha reta e ascendente, cujo último ponto é a feliz eternidade, onde mora Deus e seus santos. Essa linha é tão reta e tão ascendente que, com relação a nós, é reta e descendente. Precisamente dessa disposição, desce para nós algo saboroso, um dom de Deus, que nos faz saborear as coisas de Deus. Exatamente, a sabedoria é também aprender a saborear coisas mais elevadas. Sabedoria tem a ver com “sapere”, que significa “saborear”.
Nesse sentido, uma sabedoria que precisamos aprender e saborear é aquela que nos faz ver que fazer o bem, ser virtuoso, não é apenas algo valoroso, mas algo que vale tanto que me deixa feliz. É importante sentir-se feliz no caminho de Deus, na luta pelas virtudes. O exercício de liberdade que precisamos fazer constantemente é esse que nos faz ter essa sabedoria de seguir o Senhor na alegria, de tal maneira que o caminho da virtude seja o caminho do sábio, que percebe o sabor do bem e segue adiante.
Padre Françoá Costa
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