Homilia Sábado da 3ª Semana do Advento | Ano C

Valei-me, Nossa Senhora

Sábado do Advento – C – Jr 23,5-8; Sl 71; Mt 1,18-24

O evangelista Mateus se mostra muito interessado pela “origem de Jesus Cristo” (1,1.18), uma vez que ele só vem de Maria. Sendo assim será preciso ver quem é seu pai, qual a sua tribo e seu lugar no povo de Israel, também será importante procurar entrar no mistério da encarnação para amar mais os mistérios de Deus. De fato, já no v. 1, Mateus tinha falado da origem de Jesus de Nazaré desde um ponto de vista mais amplo, em um nível universal, pois Jesus, segundo a sua humanidade, tem a ver com a grande família humana e, de maneira mais localizada, com o Povo de Israel e, dentro dele, com a tribo de Judá. Neste segundo momento, em um nível particular, o evangelista enquadra Jesus em uma família bem concreta: a origem de Jesus é fruto da ação de Deus, da generosidade de Maria e do acolhimento de José. Finalmente, a origem de Jesus Cristo tem a ver com uma ação secretíssima de Deus – um nível íntimo – nas entranhas puríssimas da Virgem Maria, pois ela “achou-se grávida do Espírito Santo” (Mt 1,18).

E, contudo, seria até blasfêmia pensar que Maria ficou grávida por que teve uma relação sexual com o Espírito Santo; além de ser indigno de Deus uma tal coisa, seria algo metafisicamente absurda por contradizer a natureza divina. Efetivamente, “Deus é espírito” (Jo 4,24). Maria ficou grávida do Espírito Santo em sentido análogo como o Espírito do Senhor agitava sobre o caos e, em seguida, foram feitas todas as coisas (Gn 1,2; Mt 1,18; Lc 1,35), isto é, vieram ao ser e à existência; assim também, o Espírito Santo soprou sobre Maria e ela ficou grávida.  Mais belo ainda e tão verdadeiro como o que antes se disse, Maria ficou grávida do Espírito Santo porque a terceira Pessoa da Santíssima Trindade utilizou o barro da terra, isto é, as entranhas puríssimas da Virgem Maria, e soprou sobre esse barro virginal (Gn 2,7) e fez para o Verbo eterno um corpo animado de alma racional. Essa humanidade Santíssima de Jesus Cristo, produzida em Maria, é o princípio da nossa autêntica vida, já que nele, na humanidade concreta e universal de Jesus, estávamos todos nós e, portanto, se pode afirmar que, de certo modo, também nós estávamos na barriga de Maria para sermos gerados por ela para a vida da graça.

Sendo assim, Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. De fato, é assim que o evangelista apresenta Maria, aquela da qual nasceu Jesus (cf. Mt 1,16) e, portanto, ela é “sua mãe” (Mt 1,18). Essa foi uma verdade da nossa Fé Católica praticamente não contestada por ninguém até o século IV. Contudo, no ano 431, o Concílio de Éfeso, capitaneado por São Cirilo de Alexandria, teve que declarar solenemente que Maria é Mãe de Deus, contra as teses heréticas de Nestório. Quando novas heresias se levantem, quais cabeças de serpentes infernais contra a Virgem Maria, sejamos nós a defender a verdadeira a fé, a qual inclui, necessariamente, Nossa Senhora. Sejamos muito devotos da Santíssima Virgem Maria: “Valei-me, Nossa Senhora”.

Padre Françoá Costa

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