Homilia Quinta-Feira XII Semana do Tempo Comum | Ano C

São João Batista, profeta

Quinta-feira, 12ª semana do Tempo Comum, C – Is 49,1-6; Sl 138; At 13,22-26; Lc 1,57-66. 80
Natividade de São João Batista, solenidade.

“Quanto a Isabel, completou-se o tempo para o parto, e ela deu à luz um filho” (Lc 1,57), o glorioso São João Batista, do qual celebramos não somente o martírio, mas também o nascimento. De fato, além de Jesus e Nossa Senhora, não celebramos o nascimento de santo nenhum, exceto o de São João Batista, por ser o precursor do Senhor e significar tanto como elo entre o Antigo e o Novo Testamentos.

Ao nascer o precursor do Redentor, não é difícil contemplar, como que antecipadamente, que ele será um seguidor perfeito do Senhor Jesus Cristo, que veio para salvar-nos pela sua paixão, morte e ressurreição. A vida de João Batista estará cheia de dificuldades: morar em um deserto, comer frugalmente, vestir-se pobremente, anunciar coisas que desagradaram os homens de seu tempo, ser preso e ser morto porque ele ama a Verdade de Deus, fizeram parte da vida do glorioso São João Batista. Em suma, o Batizador do inventor do Batismo foi um verdadeiro profeta de Deus.

Se não entendermos o valor das dificuldades, facilmente adquirimos “mentalidade de estojo”: bem práticos. Uns servem para guardar canetas, lápis, borrachas, apontadores; outros, para guardar os CDs; as moças têm estojo para guardar a maquiagem; certos profissionais têm um para guardar as ferramentas. A vida, no entanto, não é como um estojo. Caso fosse, tudo se encaixaria perfeitamente: “quero fazer um curso de informática, curiosamente nestes dias apareceu uma equipe na minha escola oferecendo um gratuitamente”, “queria viajar para a Europa; por esses dias apareceu um sorteio na minha quadra e, curiosamente, fui sorteado”, “gostaria de almoçar fora hoje e, ainda que faz tempo que ninguém me convida, exatamente hoje três pessoas me chamaram e me deram a possibilidade de escolher o restaurante”.

“Infelizmente”, as coisas não são assim nem acontecem dessa maneira. As pessoas que tem mentalidade de estojo, geralmente ficam muito irritadas com qualquer coisa: se o marido chega tarde em casa… que drama: “ele estava com outra”; se eu durmo no mesmo quarto com o meu irmão e ele chega tarde e acende a luz… outra drama: “nesta casa já não se pode viver” (observe-se o exagero!); se alguém me dirige uma crítica… para quê? “ninguém gosta de mim, ninguém valoriza o meu trabalho, ninguém me entende”.

O Senhor está ao nosso lado, ainda que pareça que se encontra dormindo. Clamemos, portanto, para que ele nos salve e nos liberte de nossas angústias, temores, preocupações. Diante de todas essas dificuldades, especialmente diante da agitação interior, ele nos repete aquilo que disse ao mar agitado: “silêncio! Cala-te!”. As nossas preocupações não costumam resolver os nossos problemas. O que precisamos ter é uma atitude de filho, de filha de Deus. O Senhor cuida de nós, seus filhos. Não nos esqueçamos de que, depois da agitação, da tentação, da provação seguir-se-á uma grande calmaria, a bonança, a felicidade, já vivida aqui e sendo que um dia a teremos eternamente no céu: seremos felizes para sempre!

Para que queixar-se tanto? O melhor que podemos fazer é clamar o Senhor que está ao nosso lado e suplicar-lhe: “Senhor, socorre-nos!” e ter confiança esperando em seu amor e bondade. Fora a impaciência de quem considera a Deus como se fosse um robô pronto a servir a todos os caprichos e a todos os pedidos a qualquer momento! Parece que só desejamos que Deus assine em baixo dos planos que nós mesmos fizemos, e ficamos bravos se ele muda algo. Muitas vezes esquecemo-nos também que Deus quer fazer-nos crescer através do sofrimento e o verdadeiro bem para nós será esse crescimento que Deus quer promover em nós através da dor e das dificuldades da vida. Revoltamo-nos sem motivo ou pelo menos desmedidamente. Peçamos a Maria, a mulher forte, e ao glorioso São João Batista, para que nos ajudem em todas as circunstâncias.

Padre Françoá Costa
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