Homilia Quinta-Feira VII Semana da Páscoa | Ano C

Unidade e ecumenismo

Quinta-feira, 7ª semana da Páscoa, C – At 22,30;23,6-11; Sl 15; Jo 17,20-26

Jesus reza para “que todos sejam um” (Jo 17,20). É, portanto, assaz interessante falar sobre a unidade dos cristãos e o ecumenismo. A Igreja  Católica tem a plenitude da unidade nos meios de salvação e nós temos que viver a unidade da Igreja vivendo dessa plenitude. À única Igreja de Jesus Cristo se pode incorporar e, portanto, viver a unidade nela e com ela, por meio dos chamados vínculos externos e vínculos internos. Quanto aos externos, o texto dos Atos dos Apóstolos, já por nós muito conhecido, afirma como os cristãos viviam a unidade: “mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Esses são os vínculos visíveis: o ensinamento dos apóstolos corresponde à profissão de fé (vinculum symbolicum); a comunhão fraterna, ao pastoreio dos legítimos pastores (vinculum sociale-communitarium); a fração do pão e as orações, à unidade nos sacramentos (vinculum liturgicum). 

A história da teologia testemunha que esses vínculos externos traduzem muito bem a característica de unidade ínsita à Igreja fundada por Jesus Cristo e servem ao mesmo tempo para julgar a unidade que se tem ou não se tem com ela. Teólogos e santos como Bernardo, Tomás de Aquino e Roberto Belarmino utilizaram e sistematizaram esses vínculos externos.  A mesma fé, os mesmos sacramentos e o mesmo pastoreio (ordem hierárquica) manifestam a unidade da Igreja. Afirmada a unidade da Igreja, cabe falar, precisamente por causa dessa unidade e unicidade, do ecumenismo.

Ecumenismo é um conjunto de “atividades e iniciativas, que são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos” (UR, 4). Nessas atividades e iniciativas, a Igreja Católica, mesmo consciente de que ela é a Igreja de Cristo, sabe que há elementos cristãos (elementa Ecclesiae) fora do seu âmbito que, enquanto tais, lhe pertencem . Além do mais, a Igreja comprova que uma coisa é possuir todos os meios de salvação, outra coisa é aproveitá-los; essa afirmação deveria provocar um exame de consciência em todos os católicos.

Para concluir, quanto à unidade dos cristãos, a primeira coisa a se fazer será continuar firmes com o ecumenismo espiritual, sem deixar de rezar por aqueles que estão, por assim dizer, na linha de frente do diálogo ecumênico, quais são: os teólogos, os peritos, os pastores das distintas Igrejas e comunidades eclesiais. Neste sentido, aparece com especial importância a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que deveria ser vivida fervorosamente pelos distintos grupos de cristãos. Sem fazer confusões e irenismos desnecessários, é preciso desejar e orar ardentemente para que as divisões acabem e todos estejam na mesma comunidade cristã: una, santa, católica e apostólica; todos “com o sucessor de Pedro e sob o sucessor de Pedro”.

Padre Françoá Costa
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