Homilia Quinta-feira VI Semana da Páscoa | Ano C

Tempo de preparações

Quinta-feira, 6ª Semana da Páscoa, C – At 18,1-8; Sl 97; Jo 16,16-20

Jesus afirma claramente: “um pouco de tempo ainda e me vereis” (Jo 16,16). Ou seja, depois da ressurreição, os discípulos o veriam nas suas aparições. Contudo, essa passagem da Escritura continua a ser válida, também para nós: nós o veremos na sua aparição gloriosa por ocasião de sua parusia ou segunda vinda gloriosa. Há, portanto, um tempo entre a primeira e a segunda vinda de Jesus que temos que aproveitar para vivermos no Espírito e desfrutar de um dos seus mais belos frutos: a alegria, pois “a vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16,20).

Nesse tempo da Igreja, temos que ser bons instrumentos do Senhor, no poder do seu Espírito, abandonando-os em suas mãos. Confiemos nesse bom agricultor, ainda que às vezes tenhamos a sensação de que nos está triturando e de que sofremos muito: essa atividade é necessária para que a nossa humanidade apareça como Deus sempre a quis, transluzente da sua graça, que é antecipação da glória de Deus em nós. Somos transformados para transformar, temos que alimentar os outros. A nossa vida deve ser um reflexo dessa referência obrigatória a Deus e aos demais.

Deus nos faça bom trigo trabalhado no fogo do Espírito para sermos bom pão. Que a nossa vida sirva para o sacrifício da Missa e para o alimento dos irmãos. Naquela viagem que o Papa Bento XVI fez à Espanha, na homilia pronunciada na Praça do Obradoiro em Santiago de Compostela, nos recordava que os apóstolos “deram testemunha da vida, morte e ressurreição de Cristo Jesus, a quem conheceram enquanto pregava e realizava milagres. Nós também, queridos irmãos, temos que seguir o exemplo dos apóstolos, conhecendo ao Senhor cada dia mais e dando um testemunho claro e valente do seu Evangelho. Não há tesouro maior a oferecer aos nossos contemporâneos”. O Evangelho, a Boa Nova, isto é, Jesus, é o maior tesouro que podemos oferecer aos outros. Aqui está um dos pontos que mostram a especificidade do cristianismo: oferecer a vida que está em Cristo a todos. Outras coisas, outras pessoas poderão oferecer.

É preciso que mantenhamos sempre o entusiasmo da fé, a juventude da fé. O exemplo pessoal de Bento XVI deveria ser um ponto de luz para nós. A sua juventude foi marcada pelo horror do nazismo e da segunda guerra mundial, teve que estudar em situações difíceis, combater tantos erros e… sorrir oferecendo o próprio testemunho em meio a situações verdadeiramente complicadas. Depois da morte do queridíssimo São João Paulo II, Ratzinger pensava retirar-se e dedicar-se ao estudo repousado da teologia. Deus não quis que fosse assim e chamou-o a ser o sucessor de Pedro para que, com a sua presença discreta e com essa espécie de timidez que o fez tão simpático e tão próximo a cada um de nós, ele fosse trigo de Deus no Espírito e nos desse exemplo.

Padre Françoá Costa
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