Louvar na liturgia da Missa
Quinta-feira na Oitava de Natal – C – 1 Jo 2,12-17; Sl 95; Lc 2,36-40
Quanto à Ana, “não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações” (Lc 2,37). Pois bem, o Pai sai ao encontro do seu Filho e o manifesta através desses de Simeão e de Ana, que eram verdadeiramente tementes ao Senhor. Por sua parte, Maria e José foram apresentar o Menino Jesus no Templo, mas, no fundo, é o Pai que se adianta e apresenta o seu Filho ao mundo para que as pessoas possam louvá-lo e falar dele a todos os povos.
Quanto ao louvor, sabemos que a liturgia, vida para a Igreja, é central, mas também temos o conhecimento de que, quando posta em análise, suscita discussões praticamente intermináveis. Mas não é só o diálogo teológico que se “esquenta” quando o assunto é liturgia, a mesma vida litúrgica da Igreja foi e continua sendo um campo no qual as opiniões querem fazer-se ouvir, inclusive através de fundamentalismos. A meu ver, as controvérsias no campo litúrgico surgem de duas tendências que são, ao mesmo tempo, opostas e extremas: por um lado, o rubricismo litúrgico, por outro, o relaxamento litúrgico.
Mas, qual é a raiz desses debates tão “animados”? Creio que podemos fazer uma analogia com o coração, órgão sensível, complexo e do qual depende grande parte da nossa vitalidade. Pois bem, a liturgia é o coração da Igreja: nela celebramos a fé e através dela descobrimos a fé da Igreja, conforme o antigo adágio “lex orandi lex credendi”, isto é, “a lei da oração é a lei da fé”. O Catecismo explica esse adágio da seguinte maneira: “a Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração” . Definitivamente, não se pode mexer no coração arbitrariamente; caso contrário, se caminha rumo à morte.
A reforma litúrgica que o Concílio Vaticano II realizou e favoreceu em toda a Igreja uma expressão da ação do Espírito Santo que dinamiza constantemente a mesma Igreja. Contudo, é fato que nem todos entenderam o espírito dessa reforma. O cardeal Roger Etchegaray, ao prefaciar o clássico livro de Jean Corbon, “A fonte da liturgia”, escrevia que “algumas vezes os animadores dessa renovação orientam os seus esforços apenas para as modalidades da celebração e não nos ajudam verdadeiramente a penetrar no mistério litúrgico”. Ana louvava a Deus de todo o coração, seja a nossa liturgia, máxime a Santa Missa, o nosso centro de louvor, adoração, reparação, propiciação, ação de graças.
Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta