Homilia Quinta-Feira da III Quaresma | Ano C

Você tem um demônio mudo?

Quinta-feira –  III Quaresma – C – Jr 7,23-28; Sl 94; Lc 11,14-23

A Escritura afirma no dia de hoje que Jesus “expulsava um demônio que era mudo” (Lc 11,14) e talvez também nós tenhamos que nos perguntar se nós temos um demônio mudo para pedir a Jesus que o expulse de nossas vidas.

Em primeiro lugar, o que é um demônio mudo? É aquele que não fala, que não deixa falar. Há pessoas que vão se confessar e não falam o pecado que mais interessa porque têm vergonha. É como ir ao médico e não falar onde está doendo para que se examine e se aplique o remédio. Pessoas que calam os próprios pecados por vergonha ou por medo, não ficam curadas porque não foi aplicada a medicina sobre suas feridas. Não podemos ficar calados diante dos males que nos atrapalham.

Preste atenção nessas verdades que pretendo expor de maneira ordenada e que são importantíssimas para a sua vida espiritual. Em primeiro lugar, é preciso confessar todos os pecados mortais, inclusive dizendo, na medida do possível, quantas vezes os cometeu. Certamente, uma coisa é matar uma vez; outra, matar duas vezes. A segunda verdade sobre a confissão é que você não pode, conscientemente, ocultar um pecado mortal, pois neste caso, toda a confissão fica invalidada e você não recebe o perdão nem do que confessou nem do que não confessou. A terceira verdade que há que dizer é que se você não falou um pecado mortal porque se esqueceu, não há problema, pois, Deus que conhece seu coração, perdoou você totalmente, inclusive daquilo que não foi confessado. Contudo, na próxima confissão você dirá o pecado mortal que se esqueceu na confissão anterior. Finalmente, em se tratando de pecado veniais, não há necessidade de dizê-los todos, pois não há obrigação de confessar pecados veniais. Na prática, bastaria você escolher uns dois ou três pecados veniais entre os vários que você sabe que tem, e dizê-los no sacramento da confissão; ditos esses poucos e perdoados, os outros não ditos ficam igualmente perdoados.

Vejam como não vale a pena conservar um demônio mudo dentro do coração. Algo semelhante vale para aquelas pessoas que recebem direção espiritual de algum sacerdote, religioso ou de algum leigo bem formado. Fazer direção espiritual e ocultar os próprios problemas é falta de bom senso. Ninguém está obrigado a fazer direção espiritual e nenhum sacerdote está obrigado a ter dirigidos espirituais. No caso de que ocorra a direção espiritual, é um trabalho de confiança entre pessoas com a finalidade de buscar uma orientação rumo à santidade. É bom não fazer o sacerdote perder tempo, muito menos ocultando coisas que vale a pena que ele o saiba. Uma direção espiritual na qual não esteja presente a sinceridade do dirigido, não vale a pena ser feita. A pessoa que recebe direção espiritual e se oculta do próprio diretor está longe da santidade e está fazendo o diretor perder tempo com ela.

Padre Françoá Costa
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