Homilia Quinta-Feira da II Quaresma | Ano C

Epulão

Quinta-feira- II Quaresma – C – Jr 17,5-10; Sl 1; Lc 16,19-31

O Evangelho segundo Lucas, no capítulo 23, nos fala do justo Lázaro e do ímpio Epulão, o “homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e cada dia se banqueteava com requinte” (Lc 16,19). “Epula”, em latim, significa, banquete; Epulão é, portanto, o mesmo que comilão. Penso que esse nome faz jus ao que nos diz o relato evangélico: “se banqueteava e se regalava”. Imagino-o sentado à mesa, servido por várias pessoas e comendo somente aquilo que ele gostava, preparado da melhor maneira possível e com um requinte quase inimaginável. Ademais, sempre vestido segundo a última moda da época, “de púrpura e linho finíssimo”. Epulão devia ser tão cuidadoso para arrumar-se que poderíamos classificá-lo entre esses homens que, segundo dizem por aí, passam horas nos salões de beleza, sempre se vestem segundo a moda – inclusive criando modas – e adoram exibir a própria beleza por todas as partes. Na verdade, Epulão parece até um pouco amaneirado.

Será que a conclusão é que não se pode nem comer bem nem vestir-se bem para ser um bom cristão? Não! De fato, a roupa de Jesus devia ser de qualidade, pois os soldados “tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura” (Jo 19,23); em Betânia, ele aceitou que aquela mulher derramasse sobre a sua cabeça “um vaso de alabastro cheio de um perfume de nardo puro, de grande preço” (Mc 14,3); num dos banquetes que Jesus participou, reclamou a etiqueta requerida: “Entrei em tua asa e não me deste água para lavar os pés (…). Não me deste o ósculo (…). Não me ungiste a cabeça com óleo (…)” (Lc 7,44-46). Lembremo-nos que Jesus foi educado pela Santíssima Virgem Maria e, por tanto, estava bem educado.

Todas as coisas criadas por Deus são boas. É preciso que nós amemos essa bondade natural e demos graças a Deus por ela. Não podemos ver as coisas do mundo (no sentido de “criação de Deus”) como uma ameaça à nossa santidade. Pois, “Deus contemplou a sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Mais ainda, o Senhor deu inteligência ao ser humano para que fosse criativo. O importante é que nós saibamos utilizar as coisas boas do nosso Pai do céu com a moderação requerida: “Quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10,31). Ao utilizar as coisas deste mundo, o cristão deve ter como regra de conduta a glória de Deus e o bem dos demais.

Uma mulher, por exemplo, que se veste bem e se maquia pensando no seu esposo, além de estar alinhada, dá glória a Deus e faz uma obra de caridade. Como eu gostaria que surgissem estilistas com mente cristã que fizessem roupas elegantes e decentes ao mesmo tempo para que as mulheres andassem bem vestidas, também com a virtude do pudor! Um homem também tem que ter bom gosto, sem exagerações e sem afeminar-se. Aproveitemos os poucos anos da nossa vida, quantos Deus nos conceda, para dar-lhe glória e ajudar os irmãos através de uma vida honesta, sóbria, moderada, bem modelada pelo único modelo de todos os santos, Jesus Cristo.

Padre Françoá Costa
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