Homilia Quinta-Feira da I Quaresma | Ano C

Pedir o desenvolvimento espiritual

Quinta-feira – I Quaresma – C – Est 4,1-14; Sl 137; Mt 7,7-12

O padre católico Georges Lemaître propôs, lá pelo ano 1927, o que hoje se conhece como a teoria do Big Bang ou – na linguagem do próprio Lemaître – teoria do átomo primordial.  Segundo essa teoria, o Universo derivou-se de um átomo com temperatura e densidade altamente elevadas. Este átomo, devido à compressão de energia, se teria explodido há uns 13 bilhões de anos atrás. A partir de então, o Universo está em constante expansão e a sua temperatura continua diminuindo. Tal hipótese é bastante coerente. Ela não contradiz a Sagrada Escritura quando esta afirma que “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1,1). A Escritura fala de Deus que cria todas as coisas, todas em absoluto. Trata-se de um começo primordial. O Big Bang nos fala de um começo que não exclui o Criador do Big Bang. Ou seja, esse átomo primordial pressupõe uma causa externa a si mesmo. Por outro lado, a linguagem do Gênese não pretende ser a da astrofísica, mas é uma palavra de Revelação que nos é dada num invólucro poético.

Mas, porque eu estou falando do Big Bang? É simples. Quando nós fomos conquistados pela graça de Deus começou a existir em nós (através do Batismo), que somos um microcosmo, um átomo de caridade inicial: potente, com temperatura e densidade altamente elevadas. No mesmo dia do nosso Batismo, começou uma explosão de graças em constante expansão até o momento presente. Se tivéssemos morrido naquele mesmo dia iríamos ao céu sem passar pelo purgatório, teríamos visto a glória de Deus, já que a graça é o começo da vida eterna em nós.

Que Deus continue a desenvolver essa sua vida em nós. De fato, é preciso pedir essa graça: “Pedi e vos será dado” (Mt 7,7). O quê? Tudo, mas principalmente, temos que pedir o dom do Espírito Santo: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,13).

A Escritura diz que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). Ele é o amor perfeito. Somos uma espécie de universo em desenvolvimento, em expansão, rumo ao ato perfeito do amor segundo a nossa própria capacidade como criaturas. Consequentemente, se seguirmos as leis normais do desenvolvimento, chegaremos a ser seres humanos perfeitos, cristãos perfeitos, verdadeiramente contemplativos. Temos que pedir, então o Senhor nos dará o seu Espírito e chegaremos à plenitude do amor. Nem ignoramos a importância da oração de petição.

Padre Françoá Costa
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