Desenvolvimento da Fé
Quinta-feira, 6ª Semana do Tempo Comum – C – Tg 2,1-9; Sl 33; Mc 8,27-33
Uma pergunta assaz conhecida por nós: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27). Somente a resposta de Pedro foi correta:”Tu és o Cristo” (Mc 8,,29). Afirmar que Jesus é o Cristo, o esperado pelos profetas, que as profecias nele estavam se cumprindo, era algo muito grande. Contudo, não parece que tal afirmação levasse ínsita a profissão da divindade de Cristo. Pode ser que Pedro já acreditasse que Jesus Cristo é perfeito homem e perfeito Deus, mas também pode ser que não.
Explico-me: certamente, ainda que dizer que Jesus é o Cristo carregue em si a profissão de fé católica na divindade e humanidade de Jesus, só se pode entender as coisas dessa maneira depois de alguns desdobramentos dentro da própria Escritura, de certos raciocínios teológicos e, principalmente, do fato da ressurreição. Então o que Pedro acreditava quando afirmou que Jesus é o Cristo? O pescador entendia por essa expressão que Jesus era aquele que os judeus esperavam e que iam libertar Israel, porém essa fé de Pedro estava chamada a crescer, desdobrar-se, aperfeiçoar. Efetivamente, ao ler o Evangelho, vemos que Jesus Cristo vai iluminando a mente dos Apóstolos paulatinamente. Os seus primeiros seguidores eram gente boa, mas, com alguma exceção, eram muito toscos, gente tirada do meio do povão, pessoas acostumadas aos trabalhos braçais, homens nem muito intelectuais nem muito dados às coisas do espírito.
É belo perceber que cada um de nós pode estar certo de que recebeu a iluminação da fé, mas é preciso crescer constantemente nessa virtude sobrenatural. O desenvolvimento espiritual de cada um de nós é, no fundo, desdobramento das virtudes da fé, da esperança e da caridade, acompanhado de novas graças de Deus. Assim como Pedro não precisava saber tudo sobre Jesus em um primeiro momento, nós tampouco. Porém, assim como Pedro foi crescendo na fé a tal ponto de dar a sua vida por Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, nós também somos chamados à mesma realidade.
A resposta de São Pedro à pergunta de Jesus Cristo foi profunda, concordava com a esperança de Israel, estava de acordo com as Escrituras do Povo de Deus, ia ao ponto central da fé de todos os cristãos. Por causa da certeza e profundeza na resposta, Jesus proíbe falar, pelo momento, desse artigo de fé, como um bom mestre que sabe que os seus catequistas já sabem o “Catecismo”, mas não tiraram ainda as diversas consequências das respostas; como um bom mestre que sabe que os catequizandos, muito menos eles, poderão entender essa resposta. As pessoas devem ser educadas pouco a pouco, temos que ter paciência com elas, como Deus tem paciência para conosco. No dia de hoje professemos a nossa Fé com maior entusiasmo e, com maior firmeza, na fé de Pedro, vamos anunciar as grandes verdades do Evangelho a todos, porém com calma, compreendendo-os, acompanhando-os, integrando-os. Acaso não é isso que o Sucessor de Pedro, o Papa, nos tem pedido constantemente?
Padre Françoá Costa
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