Velho desviado
Quinta-feira, 5ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Re 11,4-13; Sl 105; Mc 7,24-30
Hoje eu queria chamar a atenção do fiel para a primeira leitura. Salomão foi o filho do rei Davi e foi uma pessoa muito sábia, a tal ponto de várias pessoas virem consultar a sabedoria de Salomão. Ele foi um homem temente a Deus, porém suas mulheres o desviaram do Senhor. Certamente o leitor ficará meio surpreso com o fato de que Salomão tinha várias mulheres. É verdade. Como você sabe, o Antigo Testamento é uma “preparação” para o Novo Testamento, uma “parcialidade” com relação à “plenitude” que é o Novo Testamento no sangue de Jesus Cristo. Desta feita, Deus estava a educar um povo rude e, portanto, tolerava coisas que, com o passar do tempo, não mais tolerará. Como se pode ver, uma dessas coisas toleradas no Antigo Testamento foi a poligamia: um homem com várias mulheres. Até aqui, entende-se. Porém, o problema é que as mulheres de Salomão o desviaram do Senhor (1 Re 11,4).
O vício oposto à sabedoria é precisamente a estultícia ou, como costumamos dizer em um português mais popular: a burrice ou tolice. As pessoas ficam espiritualmente burras por causa de dois outros vícios que lhe são anteriores: a gula e a luxúria. É simples de entender: o apetite desmedido pela comida (gula) e o apetite desregrado pelo sexo (luxúria) são tremendamente carnais, tão baixamente carnais que o ser humano quando se entrega a esses vícios não consegue pensar em mais nada, sua mente degrada e ele com eles se rebaixa.
Já que Salomão teve umas mil mulheres, não se pode afirmar que era um homem que se destacava muito pela virtude da castidade. Guiado quiçá pela gula e certamente pela luxúria, Salomão passou à idolatria já que algumas de suas mulheres eram estrangeiras. Ele chegou a construir templos para os deuses de outras nações e a adorá-los. Tudo isso Salomão fez quando já era velho (1 Re 11,4). Pobrezinho! Depois de passar um bom tempo no serviço de Deus, na velhice se desvia do Senhor. Bela lição para nós, que temos que nos sentir sempre nas mãos de Deus, sabendo que se o Senhor não nos segurar, faremos os piores pecados que qualquer ser humano já foi capaz de cometer. Sejamos sempre muito humildes e vigilantes, pois o barro que suja uma criança suja igualmente a qualquer velho.
Padre Françoá Costa
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