Homilia Quarta-Feira da 7º semana do tempo comum | Ano C

Se Deus quiser

Quarta-feira, 7ª Semana do Tempo Comum – C – Tg 4,13-17; Sl 48; Mc 9,38-40

“Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo” (Tg 4,15) – é assim que devemos dizer, segundo o Apóstolo São Tiago. Certamente, é bom manifestar até no nosso linguajar a nossa dependência do poder de Deus. Frequentemente o ser humano, mesmo que não manifeste nas palavras, vive como se Deus não existisse.

Você conhece a teoria do chamado “deísmo”? Trata-se de uma visão filosófica bastante presente entre alguns nomes do século XVIII segundo a qual Deus teria feito o mundo, mas depois teria como que se ausentado, deixado o homem e o mundo ao nosso bel prazer, de tal maneira que Deus nem liga mais para nós. Ele ficaria no seu céu maravilhoso, enquanto nós ficaríamos aqui no nosso mundo fazendo as nossas coisas e sem referências a Deus. Na prática, esse é o ateísmo prático, no qual se vive “ut si Deus non daretur”, como se Deus não existisse.

Bem próxima a essa atitude está a chamada “indiferença religiosa”, uma posição bem prática segundo a qual, Deus pode existir e o homem pode ser sua criatura, contudo, isso no cotidiano não faria nenhuma diferença para que o ser humano se movesse. Neste caso não há teoria filosófica a mover a vida, mas apenas uma atitude, quiçá movida pela preguiça, quiçá por certo ressentimento para com Deus. Ele não conta para nada na vida dessas pessoas, sua presença nem é lembrada.

Ambas as maneiras de pensar e viver são contrárias à dependência de Deus da qual todos deveríamos viver sendo conscientes. Deus existe, criou tudo o que há, intervém na história, inclusive é mais íntimo a nós do que nós mesmos o somos da nossa própria intimidade, ele nos conhece totalmente, absolutamente. Por isso, acertadamente, São Tiago diz que deveríamos estar mais referenciados a Deus no nosso dia-a-dia: “Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo” (Tg 4,15). Você não sabe se amanhã estará vivo ou morto, muito menos se durante o dia de hoje tudo acontecerá para que chegue ao final do dia, não sabe se vai se manter na graça de Deus e por quanto tempo, não sabe se vai ao céu ou ao inferno, enfim, estamos nas mãos de Deus, que é providente e amoroso, justo e misericordioso. Há motivo de louvor suficiente na nossa fé e na nossa vida para estarmos bem dependentes do nosso Pai do céu.

Desde o ponto de vista prático, pelo menos não deixe de usar a famosa expressão “Se Deus quiser” (Tg 4,15), porém, talvez, de maneira mais consciente a partir de hoje.

Padre Françoá Costa
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