As pessoas andam como árvores
Quarta-feira, 6ª Semana do Tempo Comum – C – Tg 1,19-27; Sl 14; Mc 8,22-26
O nosso quase cego ou quase vidente de hoje afirmou: “Vejo as pessoas como se fossem árvores andando” (Mc 8,24). Estou seguro de que as pessoas que não tenham a luz da fé em suas vidas, falta-lhes clareza para verem as pessoas como aquilo que elas são: criaturas de Deus, filhas dele. Ao saber disso, temos que ter grande misericórdia para com os pobres pecadores, uma vez que a vida deles está nas trevas e, portanto, sem a luz da fé a clarear. Pobrezinhos!
Quiçá por isso sejam a favor do aborto, pois enxergam os seres humanos como árvores, vidas sem sentido, pessoas de segunda categoria, seres fadados à inanição. Talvez pela falta dessa luz sobrenatural e pelo pouco treinamento intelectual sejam a favor de que pessoas do mesmo sexo vivam juntas em “matrimônio”, pois para eles as pessoas são apenas corpos em busca de prazeres, impulsos que devem ser satisfeitos, coitadinhos que têm direito de serem “felizes”, seres colocados em uma situação de incapacidade de superação dos próprios problemas. Certamente é pela falta da luz da fé que muitas pessoas não conseguem entender a doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família, não conseguem tolerar a doutrina que proíbe o uso dos meios anticoncepcionais, são incapazes de se sacrificarem para terem os filhos que Deus envia na quantidade que Deus lhes pede, enfim, os grandes problemas da nossa sociedade são “crises de santos”. Como dizia São Josemaria Escrivá: “Um segredo. – Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. Deus quer um punhado de homens “seus” em cada atividade humana. – Depois… “pax Christi in regno Christi” – a paz de Cristo no reino de Cristo” (Caminho, 301).
Nós, católicos, principalmente nós, católicos, temos que ter muito cuidado, muita vigilância, para que a nossa fé não seja minguada. Aprendam bem uma coisa: quando você morrer e se apresentar diante do Divino Juiz, então naquele momento nenhum padre, nenhum bispo, ninguém, vai substituir você naquela hora. Serão apenas você e Deus, sua consciência e o Senhor que sonda os corações. Por isso, nesses tempos de crise, a nossa âncora firme está na Tradição da Igreja, nas Sagradas Escrituras, naquilo que os santos nos ensinaram, naquelas coisas belas e verdadeiras que estão no Catecismo da Igreja Católica, naqueles sacerdotes que se preocupam em apresentar em suas vidas a figura do Bom Pastor.
Longe de nós ver os seres humanos como se fossem árvores. A fé ilumina a nossa vida sobre a divindade, mas também deixa tudo claro para que tenhamos uma verdadeira visão sobre os nossos semelhantes. Vivamos de fé, isto é, não apenas tenhamos fé, mas vivamo-la como algo nosso, fortemente nosso, fazendo parte da nossa vida. Deus abençoará a nossa fidelidade, enxugará as nossas lágrimas e premiará os nossos esforços.
Padre Françoá Costa
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