Fazer o bem
Quarta, 2ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Sm 17,32-51; Sl 143; Mc 3,1-6
A pergunta de Jesus é bem desafiadora: “É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar?” (Mc 3,4). Muitas pessoas, de fato, complicam-se facilmente a vida com as coisas legais. É preciso ter bastante presente: quanto mais nos aproximamos de Deus e chegamos à sua intimidade santa, mais simples nós ficamos; não complicados.
Nesse sentido, faz-se necessário ter em conta os seguintes princípios: a Lei nada mais é do que uma chispa da Lei Eterna, Deus mesmo, nas nossas inteligências. A Lei não é algo externo a nós mesmos, mas encontra-se ínsita a cada um de nós. Para ficar mais claro: a Lei Eterna é a inteligência divina enquanto ordenadora de todas as coisas; a Lei Moral Natural é uma participação da Lei Eterna no ser humano; as Leis Positivas, sejam eclesiásticas ou civis, são aquelas que estão de acordo com a Lei Eterna e com a Lei Moral. Por exemplo, uma lei de trânsito é razoável na medida em que ela respeita essa razoabilidade. Não seria razoável ir a 60 Km/h em uma rodovia muito boa que cabe 3 carros na mesma direção, na qual todo mundo vai a 110 Km/h. Ainda que a autoridade decretasse ir a 80 Km/h não seria razoável, motivo pelo qual seria lícito ao motorista ir a 110 Km/h, tendo, contudo, cuidado para não receber multas.
Sendo assim, fica ainda mais claro porque Jesus Cristo diz que no sábado é um dia para fazer o bem. Fora, portanto, todos os legalismos pouco razoáveis que os judeus, com o passar do tempo, tinham escurecido o dia do Senhor. Nós, que observamos o domingo em memória da Páscoa de Jesus Cristo, não podemos cair nos mesmos legalismos de outrora, mas ter uma razoabilidade dentro da Lei de Deus e da Lei da Igreja. Em concreto, o que fazer nos domingos? Ir à Missa dar o culto devido a Deus, estar com a família para cultivar as boas relações paterno-filiais e de fraternidade, dar ao nosso corpo o descanso necessário, edificar a nossa vida com algumas boas leituras.
E se eu não for à Missa porque estou muito doente, ou fui preso ou até mesmo morri? Não tem problema, fique tranquilo, não foi pecado, pode comungar na próxima Missa: sem legalismos! E se eu sou médico e tenho que dar um plantão no domingo e não conseguir descansar? Tranquilo, descanse outro dia e faça do domingo um dia de serviço aos irmãos, com alegria: sem legalismos! E se eu precisar fazer a minha mudança no domingo, já que é o único dia que tenho para fazer isso? Faça-o, sem legalismos. Enfim, viva na gloriosa liberdade dos filhos de Deus, aquela que nunca esquece e vive a responsabilidade perante a Lei do Senhor.
Padre Françoá Costa
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