Homilia do Pe. André Luís Buchmann – Solenidade de São Pedro e São Paulo

Solenidade de São Pedro e São Paulo

E tu, por tua vez, confirma os teus irmãos! (Lc 22,32)

“…tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18-19).

 Idéias principais: As bases da Igreja. Pedro e o Poder das Chaves. Paulo e a Evangelização.

  1. As bases da Igreja.

 “…tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.

Hoje em dia é muito comum as empresas colocarem nos sites algumas abas de informações como “quem somos?” e “nossos valores” ou “nossa filosofia”. Estas notas características a respeito da formação e dos membros das instituições fazem com que os interessados saibam melhor em que chão estão pisando.

Se Cristo, ao fundar a Igreja, fizesse um site para que as pessoas pudessem conhecer a Sua iniciativa, o que Ele escreveria nestas abas?

“Quem somos?” Nesta coluna, Ele poderia dar as seguintes informações: Instituição fundada por Alguém de natureza divina e humana, que após 33 anos nesta terra, deixou Sua fundação a cargo de um administrador com vasta experiência no campo da pesca e que, por graça do Altíssimo, passou a ter liderança em relacionamento humano, em suporte para comunidades e em ser o sucessor imediato do Fundador, confirmando todos os integrantes nos Seus valores.

“…tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.

“Nossos valores”: Apontamos para um Reino que não é deste mundo, conforme eu mesmo, o Fundador, ensinei. Preparamo-nos para uma Pátria definitiva, depois desta vida e, enquanto aqui estamos, defendemos o amor, a justiça e a verdade, mesmo que isso nos custe a vida.

Em rápidas palavras estas são as bases da Igreja.

A base principal é Cristo. Sim, é nosso Fundador, mas mais que isso. É também e principalmente nosso Salvador, o Filho de Deus esperado feito Homem. Ele é a pedra principal que os construtores rejeitaram[1].

Mas o Senhor Jesus, Deus onipotente, deu-nos um grande exemplo de humildade: Ele, que tudo podia fazer sozinho, quis instituir a Igreja de modo participativo. Dotou-a de outros fundamentos, a saber, os Apóstolos; e deu a Pedro uma missão especial de presidir na caridade todas as Igrejas e todos os irmãos na fé.

Em torno de Pedro uniram-se, reuniram-se, trabalharam e lutaram muitos irmãos nossos, no início da Igreja e ao longo dos séculos, quando a missão daquele Apóstolo não estava mais ligada à sua pessoa física, mas à Instituição que venerava a sua memória.

É por isso que hoje, dois milênios depois, as demais partes do edifício da comunidade eclesial se sustentam: porque tem ótimas bases e há uma continuidade entre fundações, paredes e teto, malgrado as marteladas, marretadas, solavancos e bombas, direcionados de fora e desde o lado de dentro desta comunidade, que não a conseguiram destruir. Sinal de que as bases são firmes, são divinas, são indestrutíveis.

“…tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.

Muitos já tentaram destruir o teto, as paredes, e os mais ousados, até os fundamentos da Igreja de Cristo, mas não o conseguiram. Vejamos um exemplo:

“Durante as invasões napoleónicas, os exércitos franceses invadiam país atrás de país por essa Europa fora. Uma vez que a Igreja Católica era vista como uma ameaça, Napoleão disse ao Cardeal Ercole Consalvi, Secretário de Estado do Papa Pio VII: – Vou destruir a sua Igreja! O Cardeal respondeu: – Não vai conseguir! O Imperador insistiu: – Vou destruir a sua Igreja!! E o Cardeal explicou: – Não é possível porque nem nós conseguimos fazê-lo. Se milhares de pecadores não a conseguiram destruir de dentro, como é que a vai destruir de fora?”[2]

A Igreja, sempre ouvimos dizer, é santa e pecadora: Pecadora nos seus membros, que somos nós, mas santa na sua fundação, já que ela veio de Cristo. É santa também através do sangue de pecadores que buscaram uma vida e uma perseverança de verdadeira santidade e tiveram uma morte de autênticos santos.

Estas são as bases da nossa Santa Madre Igreja.

  1. Pedro e o Poder das Chaves.

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

São Pedro sempre é retratado com duas chaves na mão. E estas chaves não foram dadas somente a ele enquanto pessoa, mas em vista de sua função e, por isso, elas estão presentes nos brasões dos Papas, nos símbolos da Santa Sé e na bandeira do Vaticano.

O Poder das Chaves foi dado não somente a Pedro, mas também aos outros Apóstolos. Também todo Sacerdote tem certa participação neste poder, sobretudo no que se refere ao perdão sacramental da Confissão, da Unção dos Enfermos e ainda no tocante à concessão de Indulgência Plenária em perigo de morte. O ditado popular afirma, e com razão, que “o Padre, na hora da morte (de um fiel), vira Papa!”

De fato, o mais humilde dos Sacerdotes, na hora da morte de uma pessoa, se esta é pagã, pode torná-la cristã e pode perdoar todos os pecados, censuras e reconciliá-la com Deus.

Mas é claro que é o Sucessor de Pedro quem detém a plenitude do Poder das Chaves. É ele, ou seja, o Papa, quem liga e desliga, na terra, junto com o Colégio Universal dos Bispos que se mantêm em unidade com o Romano Pontífice, os laços do perdão e da paz.

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Precisamos rezar muito pelo Santo Padre, a fim de que confirme todos os irmãos na fé.

Cristo não quis uma Igreja puramente espiritual. Ele quis deixar um Seu sucessor visível na terra, para que nós o víssemos como elemento de unidade.

Peçamos então, hoje, que os católicos se conservem unidos em torno do Papa, para obedecer ao Cristo que o escolheu como pedra de sustentação de Sua Igreja.

  • Paulo e a Evangelização.

Num mesmo dia a Igreja nos concede a sorte de celebrarmos dois Santos tão diferentes entre si.

O primeiro, um pescador simples, que deixou os afazeres profissionais para dedicar-se a direcionar a barca da Igreja, que singra pelas águas do mar da vida, rumo a um porto confiável.

“…tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.

O segundo, um homem de notável formação intelectual para a época e de prática constante na religião judaica, sendo dela um profundo conhecedor. Tão zeloso na sua vivência religiosa que se tornou um perseguidor dos cristãos. Conforme sua fé e seus conhecimentos, era-lhe inconcebível que alguém abandonasse o judaísmo para ser cristão. E foi justamente isso que aconteceu com ele, depois que o Espírito Santo de Deus lhe acresceu ainda mais a fé verdadeira e lhe iluminou a inteligência. Assim sendo, de perseguidor passou a propagador do cristianismo.

“…quanto a mim… Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé… O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu Reino celeste”[3].

Estes dois gênios tão diferentes nos fazem concluir que não há um modo único de ser cristão, de ser santo. Cada qual, com seus dons, virtudes e até defeitos diferentes, podemos fazer parte da mesma e única Igreja de Cristo.

Que a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo nos encoraje a testemunharmos o Reino de Cristo neste mundo com força, entusiasmo e, sobretudo, constância.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Vivam São Pedro e São Paulo!

Viva o Santo Padre o Papa!

[1] Cf. Mc 12,10.

[2] http://senzapagare.blogspot.com/2013/08/napoleao-e-o-cardeal-ercole-consalvi.html

[3] 2Tm 4,6-7.18.

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