Homilia do Padre Françoá Costa – XX Domingo do Tempo Comum |Ano A

Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

(Domingo 20º do Tempo Comum – 20/08/2023)

1 Cro 15,3-4.15-16; 16,1-2; Sl 131/132; 1 Cor 15,54-57; Lc 11,27-28

  • Admirar a Mãe de Jesus é colocar-se do lado certo

            As almas atentas às ações de Deus, admiram-se da salvação maravilhosa que Jesus veio nos trazer. Sem passar muito tempo, essas pessoas intuem a felicidade da Virgem Maria em tê-lo como filho e, de maneira sobrenatural, sentem-se também filhos de Maria.

Não fazia muito tempo, Jesus tinha ensinado o Pai-Nosso e expulsara um demônio, além de muitos outros sinais prodigiosos. Diante da palavra tão atraente de Jesus, da sua vida tão coerente e dos milagres tão grandiosos que ele realizava, “certa mulher levantou a voz no meio da multidão” para manifestar a sua admiração com as seguintes palavras: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram” (Lc 11,27). Isto é, ela elogia Jesus tendo em conta a perspectiva dela: assim como ela gostaria de ter um filho como Jesus, fala da alegria que a mãe dele deve sentir ao ser mãe de um rapaz tão bom, tão santo, tão eloquente, tão prodigioso. Realmente, a Virgem Maria devia ser muito feliz por ser a mãe de Jesus.

            Se eu estivesse ao lado daquela mulher tão observadora e tão generosa, eu lhe teria mostrado o texto de Lc 1,46-55, no qual Maria Santíssima louva a Deus pelas maravilhas que ele fez na vida dela: “porque olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48). Portanto, esta mulher do texto de Lc 11,27 é uma das primeiras a cumprir a profecia de Lc 1,48: ela proclama Maria como bem-aventurada! Todas as pessoas abertas à ação de Deus, olham para Jesus e ficam encantados; logo, em seguida, olham para a sua mãe e começam a ter-lhe uma devoção verdadeiramente entranhável, pois vem uma certeza na alma: a mãe de Jesus é também minha mãe, pois ela me acolhe verdadeiramente como filho. Desta feita, encontramo-nos verdadeiramente em uma família sobrenatural: Deus é nosso Pai, Jesus é nosso irmão mais velho, o Espírito Santo é o grande administrador da casa paterna, Maria é nossa Mãe.

            Maria gerou e alimentou o Filho de Deus. No Evangelho, a mulher observa duas coisas sobre Jesus: foi gerado e alimentado por uma mulher bem-aventurada. Ao mesmo tempo, são duas afirmações sobre a Virgem Maria: ela gerou e alimentou o Filho de Deus. Observe bem: você não vai crescer na sua vida espiritual de maneira decisiva enquanto não for entranhavelmente devoto da Virgem Maria. Digo, “entranhavelmente” porque você precisa ser constantemente gerado nas entranhas puríssimas de Nossa Senhora através da virtude da fé, precisa também ser alimentado com a comida que Nossa Senhora tem para fortalecer você em todas as virtudes: o corpo e o sangue do seu Filho, que provêm da humanidade dela.

            Isso mesmo, você precisa ser gerado nas entranhas de Nossa Senhora. É certo que você não pode entrar fisicamente no ventre de Nossa Senhora e lá ser gerado. Contudo, isso acontece com você pela fé. Quando fomos batizados, fomos colocados sobrenaturalmente no ventre da nossa Santa Mãe Igreja e lá nascemos na fonte batismal. Pois bem, algo semelhante acontece com a Virgem Maria, não à toa a nossa dificuldade interpretativa sobre o Apocalipse, capítulo 12, permanece: aquela mulher do Apocalipse 12 é a Virgem Maria ou é a Igreja? Na verdade, significa tanto Maria quanto a Igreja, trata-se da mesma mulher santa, pois nós vivemos a nossa fé em casa, isto é, na Igreja, ou seja, na Virgem Maria. É ela quem nos gera para Deus e cuida de nós para a vida eterna.

            Cristão, você deve se alimentar com o alimento que Nossa Senhora oferece a você: o corpo do Senhor. Desde o começo do cristianismo, os fiéis tiveram a seguinte convicção: Maria sempre leva para Jesus, como ela o fez nas bodas de Caná: “fazei tudo o que ele [Jesus] vos disser” (Jo 2,5). Atualmente, a Santíssima Virgem Maria continua a levar-nos para Jesus, para a Eucaristia, para a Santa Missa, para a comunhão eucarística. Quer que comunguemos bem, que sejamos como a Arca da Aliança, que contém o Maná. Ela mesma, a Virgem Maria, é a Arca da Aliança do Novo Testamento e quer que nós também o sejamos, na comunhão íntima com Nosso Senhor, especialmente nesses tempos de trevas.

            Depois dessa viagem mariana, é preciso encaminhar tudo para o seu fim: a glória de Deus: “Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a observam” (Lc 11,28). Tudo na nossa vida veio de Deus (causa eficiente) e se encaminha para Deus (causa final). Voltamos para Deus. Nesse caminho, olhamos para Maria, que foi quem mais perfeitamente ouviu a Palavra de Deus e a observou. Por isso ela foi sempre tão feliz e continua a sê-lo agora mesmo na glória eterna. Nossa Senhora quer que escutemos a Palavra de Deus, que a observemos, que deixemos as palavras dos homens mentirosos e nos entreguemos a Deus verdadeiro, que só diz palavras de verdade. Os devotos de Nossa Senhora serão os fiéis que destruirão as forças do Maligno nestes tempos de trevas que se estendem sobre a Terra, pois são aqueles que não se deixam levar pelas ideologias satânicas atuais que invadem as mentes e os corações. Esses fiéis são tradicionais, pois “observam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus” (Ap 12,17).

            Acaso a guerra cultural dos nossos tempos não é contra os mandamentos de Deus? Será que a grande fobia dos nossos tempos não é contra o cristianismo, contra o testemunho de Jesus? Tudo isso se explica porque “o Dragão foi guerrear contra o resto dos seus descendentes [da mulher], os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus” (Ap 12,17). Nós somos aqueles que descendemos da Virgem Maria, ela é nossa Mãe, por isso vamos continuar a guardar os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus. Atenção: estamos em plena batalha, mas “a vitória que vence o mundo é a nossa fé” (1 Jo 5,4). Crentes de todas as denominações, façam-se católicos, sejam devotos de Nossa Senhora, tenham a fé verdadeira, pois somente assim estarão protegidos nesses tempos de guerra espiritual.

Pe. Françoá Costa

Instagram: @padrefcosta

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros