Homilia do Padre Françoá Costa – Solenidade da Epifania do Senhor (Ano B)

Viemos adorá-lo!

A epifania é a manifestação de Cristo aos povos pagãos representados nos magos do Oriente que vieram visitá-lo e adorá-lo em Belém. Todos nós sabemos que Deus “deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,4). Todos são chamados à salvação, à santidade, à felicidade eterna.

Há muitas pessoas bem intencionadas que, ainda que não conheçam Jesus Cristo, no fundo gostariam de conhecê-lo. Nós, os cristãos, devemos ser os instrumentos eficazes nas mãos de Deus para dá-lo a conhecer e para fazê-lo amado entre os homens e as mulheres deste mundo. Hoje em dia, como outrora, muitos fazem a seguinte pergunta: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2). O que responder?

Onde está Deus? O cristão tem que saber a resposta a essa pergunta para apresentá-la aos seus semelhantes. Mas um cristão que não procura estar perto de Deus através da oração, dos sacramentos e da caridade, não poderá dar a resposta certa. Muitos seres humanos continuam tateando na escuridão com uma pequena lanterna pendurada na mão e com uma tênue luz, a da consciência; esta é a luz que não os deixa apagarem-se completamente em meio a tantos ventos fortes das propagandas enganosas. Essas pessoas perguntam a si mesmas e aos que passam ao seu lado: onde está Deus?

Infelizmente e frequentemente percebe-se o silêncio dos cristãos omissos que não são capazes de intuir essas necessidades mais profundas das almas imortais que se encontram em composição com os corpos destinados à decomposição, mas também à ressurreição. Será que esses cristãos continuam vendo a estrela, que é Cristo? Será que eles não se “mundanizaram”? Por exemplo: frequentemente fala-se muito de justiça social, e isso é muito importante, mas deve-se falar em primeiro lugar da justificação, da graça, de Deus, do Reino eterno. Não podemos perder a nossa perspectiva autenticamente cristã que, logicamente, repercute neste mundo fazendo-o mais justo e solidário. Assim como quem fica exposto ao sol se aquece, de maneira semelhante quem se expõe diante de Deus também se esquenta e acende o mundo ao seu entorno.

Os pagãos desejavam adorar o Senhor. Afirmam-no categoricamente: “viemos adorá-lo!” Até quando permaneceremos na nossa letargia sem dar-nos conta desse desejo mais profundo de todo coração humano: encontrar-se com o seu Criador e prestar-lhe homenagem?

Sigamos o conselho de São Leão Magno: “deveis empenhar-vos em ser úteis uns aos outros, para que no reino de Deus, onde se entra graças à integridade da fé e às boas obras, resplandeçais como filhos da luz”. Ajudemo-nos mutuamente para não perdermos o sentido de Deus, do sagrado e do ser humano à luz de Deus. Que nada nem ninguém venham a ofuscar a nossa visão clara das coisas deste mundo sob o prisma da luz de Deus. Desta maneira, não nos esqueceremos do desejo mais profundo dos homens e das mulheres que encontraremos diariamente: felicidade! E só se pode ser feliz com Deus.

Adorar! Nós devemos ser os primeiros a prostrarmo-nos diante do Deus Criador, Redentor e Santificador dos seres humanos. Não podemos perder a dimensão de adoração no cristianismo. Para uma pessoa que entendeu isso, dá pena ver como em alguns ambientes se trata a eucaristia, o grande dom atual de Deus aos homens! Dá pena observar algumas celebrações eucarísticas: sem zelo e sem a observação das prescrições da Igreja para a correta celebração da santa missa, por parte dos ministros de Cristo; entre conversinhas e atendimentos de celulares, por parte de muitos fiéis que participam do santo sacrifício da missa. Desta maneira, não poderíamos apontar a adoração como momento de encontro com Deus! Eles, os que não conhecem a Deus explicitamente, desejariam conhecê-lo e adorá-lo. Mas, nós que o conhecemos… Será que o conhecemos mesmo?

Pe. Françoá Costa

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