Homilia do Padre Françoá Costa – Noite de Natal

A incrível e nova história de Papai Noel e Jesus

“Embora pequeno, deitado em presépio,/ em todo o Universo, ó Cristo, reinais./ Ó fruto bendito da Virgem sem mancha,/ que todos vos amem num reino de paz” (Hino, estr. 3, Ofício das Leituras no Natal do Senhor) – assim a Igreja saúda o Menino Jesus nesta noite santa. Depois da espera de séculos, finalmente os olhos humanos puderam ver o Deus feito homem.

Nesta noite chegarão ao presépio muitas pessoas para ver o Divino Infante. Até mesmo Papai Noel chegará para entregar o seu presentinho ao recém-nascido, o Menino Jesus. Claro que sim: estou falando do clássico Papai Noel aos pés do Menino Jesus! Ainda que noutros tempos dediquei-me a falar contra o velhinho bondoso, decidi voltar atrás e reabilitá-lo. Como lemos anteriormente, Cristo reina em todo o universo, e, portanto, naquela manjedoura recebe a homenagem de todos os homens e mulheres. O que tem de mau que também Papai Noel visite o Menino Jesus?

Falando nisso, que pena que eu não publiquei antes o endereço do Papai Noel. Mas talvez você já saiba onde ele mora: lá na Finlândia e o endereço é o seguinte: “FIN – 96930  Article Circle. Rovaniemi – Finlândia”. Pena que eu só consegui o endereço agora e além do mais é o do Papai Noel europeu. Parece que o Papai Noel norte-americano tem outro endereço. Ou será que se trata do mesmo personagem que tem duas residências? Talvez no próximo Natal eu consiga resolver esta dificuldade.

Quanto Papai Noel ficou sabendo que o cartunista alemão Thomas Nast ia dar-lhe, em 1886, um novo visual com aquela roupagem vermelha e detalhes brancos, ficou tão feliz que decidiu visitar o Menino Jesus e mostrar-lhe a roupa com as cores que, de fato, tinham algo que ver com o Natal. O bom velhinho pensou que Jesus ficaria feliz com o vermelho que simbolizaria o martírio de Jesus pela salvação do mundo, o branco da pureza de vida que o Redentor pediria a todos os mortais e o preto do cinturão que representaria, na opinião do mesmo Santa Claus, o tom de renuncia que o seguimento ao Senhor provocaria nos seus discípulos. Papai Noel estava decidido então a visitar o Divino Menino, mas sabia também que o nascimento tinha acontecido há dezoito séculos. O que fazer? Não podia entrar na caravana dos Reis Magos. Porém decidiu visitar os presépios das igrejas e imaginou-se bem perto do Rei Jesus. Quis então oferecer-lhe um presente. Quis também ser representado num presépio que ele mesmo mandou construir na sua casa, na qual ele, Papai Noel, se encontrava ajoelhado aos pés do Menino Jesus.

Logicamente, o bom velhinho não queria oferecer ouro, incenso e mirra. Essas coisas já tinham sido oferecidas pelos Reis do Oriente. Também não queria presentear o Menino Jesus com ovelhas, leite e queijo. Os pastores já o tinham feito. Papai Noel pensou, pensou. Depois de muita reflexão decidiu fazer uma coisa bem simples: continuaria fazendo o que sempre fez. Ele continuaria a dar presentes às crianças e àquelas outras crianças grandes, isto é, àquelas pessoas que apesar da idade continuavam simples, francas, sinceras, humildes e boas. Mas o faria de maneira diferente a partir daquele momento: daria os presentes contemplando em cada pessoa a presença de Jesus. Papai Noel aprendeu a descobrir o rosto de Deus em cada rosto humano. Desta maneira, Papai Noel aprendeu não só a colocar-se anualmente como um personagem em adoração a Deus nos diversos presépios, mas também a ver o rosto do adorável Menino recostado na manjedoura nos outros, nos homens e nas mulheres, nas crianças e nos velhinhos. Neste Natal, ao vê-lo invadindo os nossos presépios para presentear o Menino Jesus lembremo-nos que ele também está dando um presente a cada um de nós vendo em nós o Divino Menino.

Não nos esqueçamos de que neste Natal o mais importante é que consigamos ir até Belém, participar daquela cena entranhável e dar um presente ao Menino Jesus: vejamos o rosto de Deus em cada rosto humano e presenteemos as pessoas com o nosso sorriso, a nossa generosidade e o nosso espírito de partilha. Não nos esquecemos de dar-lhes (não a todos universalmente) um presentinho, desses que as lojas vendem: desta maneira ajudaremos também aqueles que são comerciantes. Contudo, evitemos o espírito de consumismo!

Também Papai Noel resolveu viver, desde 1931, a moderação e a sobriedade. Você sabia? Aconteceu que no ano 31 do século passado a Coca-Cola fez uma grande propaganda com o Papai Noel aproveitando o fato de ele utilizar o vermelho e o branco. A Coca-Cola queria vender o produto também no inverno. Para Papai Noel a ocasião foi ótima: descobriu que não devia beber só a cervejinha do cartunista alemão ou a vodca russa que afasta o gélido inverno dos ossos, mas também podia beber Coca-Cola. A partir daquele ano, Papai Noel nunca mais se embriagou. Não sei se você sabia, mas ele é até membro da Pastoral da Sobriedade. Outra coisa interessante para termos em conta neste Natal: sobriedade!

Visitemos ao Senhor na Missa, nas Escrituras, na Eucaristia e nos belíssimos presépios que foram feitos para que os apreciássemos. Visitemo-lo também nos nossos irmãos e irmãs levando-lhes o presente do amor, do perdão, da paz. Isso sim é Natal!

Feliz Natal!

Pe. Françoá Costa

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