Homilia do Mons. José Maria – XXXI Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Como  Zaqueu recebeu Jesus?

O Evangelho (Lc 19, 1-10) fala-nos do encontro misericordioso de Jesus com Zaqueu. O Senhor passa por Jericó, a caminho de Jerusalém! Uma multidão apinhava-se nas ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo.

Os publicanos eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.

São Lucas diz que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômaro para ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa árvore. É uma formidável lição para nós que, acima de tudo, queremos ver Jesus e permanecer com Ele.

Procurava ver Jesus. O “ver” indica mais do que curiosidade: indica uma vontade firme de encontrar algo novo. Subir na árvore indica a intensidade do desejo de encontro com Jesus, muito mais forte do que o medo do ridículo ou das vaias.

Que o Senhor aumente em nós o desejo sincero de vê-Lo! Eu quero realmente ver Jesus? – perguntava o Papa João Paulo II ao comentar esta mensagem do Evangelho –, faço tudo o que posso para poder vê-Lo? Este problema, depois de dois mil anos, é tão atual como naquela altura, quando Jesus atravessava as cidades e povoados da sua terra. E é atual para cada um de nós pessoalmente: quero verdadeiramente contemplá-Lo, ou não será que venho evitando encontrar-me com Ele? Prefiro não vê-Lo ou que Ele não me veja? E se já o vislumbro de algum modo, não será que prefiro vê-Lo de longe, sem me aproximar muito, sem me situar claramente diante dos seus olhos…, para não ter que aceitar toda a verdade que há nEle, que provém dEle?

Qualquer esforço que façamos por aproximar-nos de Cristo é amplamente recompensado. Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19, 5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa. Comenta Santo Agostinho: “Aquele que tinha por coisa grande e inefável vê-Lo passar, mereceu imediatamente tê-Lo em casa.” O Mestre, que tinha lido no coração do publicano a sinceridade dos seus desejos, não quis deixar passar a ocasião. Zaqueu descobre que é amado pessoalmente por Aquele que se apresenta como o Messias esperado, sente-se tocado no íntimo do seu espírito e abre o seu coração.

Zaqueu está agora com o Mestre, e com Ele tem tudo. Mostra com atos a sinceridade da sua nova vida; converte-se em mais um discípulo do Mestre.

O encontro com Cristo leva-nos a ser generosos com os outros, a compartilhar imediatamente com quem está mais necessitado o muito ou o pouco que temos.

“Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa busca. Diz Santo Ambrósio: “O Senhor escolhe um chefe de publicanos: quem poderá desesperar se ele alcançou a graça?” O Senhor nunca se esquece dos seus.

A figura de Zaqueu deve ajudar-nos a nunca dar ninguém por perdido ou irrecuperável.

É oportuno que nos vejamos em Zaqueu, porque também nós somos pecadores: precisamos encontrar com Jesus, precisamos que Ele nos busque, que Ele venha a nossa casa, a nossa vida.

Imitemos a humildade de Zaqueu, que não temeu expor-se ao ridículo: ele, chefe dos publicanos e rico, subindo em uma árvore só para ver Jesus. Dá uma formidável lição para nós que queremos ver Jesus e permanecer com Ele. E não precisamos subir em árvores. Precisamos é participar da Santa Missa, fazer uma boa confissão, ler o Evangelho, o Catecismo, bons livros de espiritualidade. Só não encontraremos Jesus se não quisermos. Não vamos preferir vê-lo de longe por medo do que nos dirá.

Hoje, Jesus também grita para cada um de nós: desce daí. Afinal, pode-se subir em uma árvore e permanecer acomodado. Ver tudo sem ser visto, sem se comprometer ou se incomodar com os outros.

Hoje devo ficar em tua casa, hoje entrou a salvação nesta casa. Como entra a salvação na minha vida? Salvação pela Palavra: encher de ideias e ideais santos a mente e de fogo o coração. Salvação pela Confissão: graça de começar e recomeçar bem unidos a Deus. Pensemos no que é comungar, literalmente receber Jesus em nossa casa, em nossa alma. Senhor, eu não digno de que entreis em minha morada…

Zaqueu recebeu Jesus, cheio de alegria. Alegria única de quem conhece a Jesus, de quem já o conhece mesmo, de quem se encontra com Ele. Também nós procuremos conhecer Jesus! Busquemos Jesus, smpre!

Não duvidemos nunca do Senhor, da sua bondade e do seu amor pelos homens, por muito extremas ou difíceis que sejam as situações em que nos encontremos ou em que se encontrem as pessoas que queremos levar até Jesus. A sua misericórdia é sempre maior do que os nossos pobres raciocínios.

Mons. José Maria Pereira

 

O Evangelho (Lc. 19, 1-10) fala-nos do encontro misericordioso de Jesus com Zaqueu. O Senhor passa por Jericó, a caminho de Jerusalém! Uma multidão apinhava-se nas ruas por onde o Mestre passava e lá no meio da multidão encontrava-se um homem chefe dos publicanos e rico, bem conhecido em Jericó pelo seu cargo.

Os publicanos eram cobradores de impostos. O imposto era fixado pela autoridade romana e os publicanos cobravam uma sobretaxa, da qual viviam. Isto prestava-se a arbitrariedades, razão pela qual eram facilmente hostilizados pela população.

São Lucas diz que Zaqueu procurava ver Jesus para conhecê-Lo, mas não podia por causa da multidão, pois era muito baixo. Mas o seu desejo é eficaz! Para conseguir realizar o seu propósito, começa por misturar-se com a multidão e depois, sem pensar no ridículo da sua atitude, correndo adiante subiu a um sicômaro para ver Jesus, que devia passar por ali. Não se importa com o que as pessoas possam pensar ao verem um homem da sua posição começar a correr e depois subir numa árvore. É uma formidável lição para nós que, acima de tudo, queremos ver Jesus e permanecer com Ele.

Que o Senhor aumente em nós o desejo sincero de vê-Lo! Eu quero realmente ver Jesus? – perguntava o Papa João Paulo II ao comentar esta mensagem do Evangelho –, faço tudo o que posso para poder vê-Lo? Este problema, depois de dois mil anos, é tão atual como naquela altura, quando Jesus atravessava as cidades e povoados da sua terra. E é atual para cada um de nós pessoalmente: quero verdadeiramente contemplá-Lo, ou não será que venho evitando encontrar-me com Ele? Prefiro não vê-Lo ou que Ele não me veja? E se já o vislumbro de algum modo, não será que prefiro vê-Lo de longe, sem me aproximar muito, sem me situar claramente diante dos seus olhos…, para não ter que aceitar toda a verdade que há nEle, que provém dEle?

Qualquer esforço que façamos por aproximar-nos de Cristo é amplamente recompensado. Disse Jesus: “Zaqueu desce depressa! Hoje Eu devo ficar na tua casa” (Lc 19, 5). Que alegria imensa! Zaqueu, que já se dava por satisfeito de vê-Lo do alto de uma árvore, ouve Jesus chamá-lo pelo nome, como a um velho amigo, e, e com a mesma confiança, fazer-se convidar para sua casa. Comenta Santo Agostinho: “Aquele que tinha por coisa grande e inefável vê-Lo passar, mereceu imediatamente tê-Lo em casa.” O Mestre, que tinha lido no coração do publicano a sinceridade dos seus desejos, não quis deixar passar a ocasião. Zaqueu descobre que é amado pessoalmente por Aquele que se apresenta como o Messias esperado, sente-se tocado no íntimo do seu espírito e abre o seu coração.

Zaqueu está agora com o Mestre, e com Ele tem tudo. Mostra com atos a sinceridade da sua nova vida; converte-se em mais um discípulo do Mestre.

O encontro com Cristo leva-nos a ser generosos com os outros, a compartilhar imediatamente com quem está mais necessitado o muito ou o pouco que temos.

“Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lc 19, 9). É um convite à esperança: se alguma vez o Senhor permite que passemos por dificuldades, se nos sentimos às escuras e perdidos, temos de saber que Jesus, o Bom Pastor, sairá imediatamente em nossa busca. Diz Santo Ambrósio: “O Senhor escolhe um chefe de publicanos: quem poderá desesperar se ele alcançou a graça?” O Senhor nunca se esquece dos seus.

A figura de Zaqueu deve ajudar-nos a nunca dar ninguém por perdido ou irrecuperável.

Não duvidemos nunca do Senhor, da sua bondade e do seu amor pelos homens, por muito extremas ou difíceis que sejam as situações em que nos encontremos ou em que se encontrem as pessoas que queremos levar até Jesus. A sua misericórdia é sempre maior do que os nossos pobres raciocínios.

Mons. José Maria Pereira

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