Contra a dureza de coração
Sexta-feira da segunda semana do Advento – C
Leituras: Is 48,17-19; Sl 1; Mt 11,16-19
Quão triste é quando uma pessoa não reage: toca-se música e o sujeito não se alegra, entoa-se lamentações e o ser humano já não chora (Mt 11,17). Acaso não é isso dureza de coração? Por outro lado, poderia acontecer também que tivéssemos – em lugar de um coração endurecido – um coração molenga. Quanto se diz que uma pessoa é toda coração ou que ela é “boazinha” demais, no fundo o que se quer dizer é que essa pessoa tem um caráter débil ou, com outras palavras, é uma pessoa sem caráter. O cristão foge destes dois extremos: coração endurecido, coração molenga.
Há pessoas que se dizem a favor do divórcio porque “já é normal, ninguém liga mais para isso”, outras dizem que são a favor das relações pré-matrimoniais porque “já é normal, todo mundo faz”; outras ainda são a favor do aborto porque “já é normal, estamos num mundo moderno”, outras se dizem a favor da legalização dos “casamentos” de pessoas do mesmo sexo porque “já é normal, os países modernos já não põem barreiras” etc. Estes são alguns exemplos ou da falta de conhecimento ou do endurecimento do coração.
Frequentemente, antes desse estado de endurecimento do coração encontra-se uma disposição que provém da falta de ideias claras e de critérios retos. Daí a importância da formação do coração. A Igreja Católica quer formar; ela não quer impor nada a ninguém, o que ela faz é propor a verdade… Aceita quem quer! Contudo, está em jogo a própria felicidade terrena e eterna. Você decide!
O coração humano tem que formar-se no Coração de Cristo. Nós, cristãos, precisamos mostrar aos nossos contemporâneos o Homem perfeito e Deus perfeito, Jesus Cristo. Não mostraremos uma caricatura de “deus”: o cristianismo sempre apresentou o “Cristo crucificado (…), força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1,23-24). Um coração dócil – sinônimo de pessoa dócil – é aquele que se encontra aberto à verdade, ao bem, à beleza. Encontra-se aberto, portanto, a Deus: verdade, bondade e beleza eterna. Essa abertura verdadeira a Deus nos pedirá uma mudança, uma conversão constante. Para viver na verdade de Deus é importante que adaptemos nossa vida à sua verdade, posto que o contrário não acontece: Deus não pode mudar a sua verdade, que é ele mesmo, por causa da nossa mentira. Deus não se engana nem nos engana!
Peçamos a Nossa Senhora, Virgem fiel, que nos faça sinceros, dóceis, alegres e cheios de paz. Desta maneira passaremos por esse mundo mostrando as rosas maravilhosas que tem o cristianismo, ainda que sintamos os espinhos das mesmas penetrando a nossa carne. Cristianismo sem cruz é ilusão, não existe! “Vinde Espírito Santo e fazei que apreciemos retamente todas as coisas!” O Evangelho: nem moderno demais, nem velho demais; simplesmente perene!
Padre Françoá Costa
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