A fé que restaura

A fé que restaura

29/11/2021 – Segunda-feira da primeira semana Advento – C

Leituras: Is 4,2-6; Sl 121 (122); Mt 8,5-11

Um homem que acredita que uma Palavra de Deus restaura tudo, cura tudo, edifica tudo, merece elogios de Jesus: “Em Israel, não achei ninguém que tivesse tal fé” (Mt 8,10). A fé é, de fato, a coluna de fogo que ilumina tudo e a nuvem que nos protege (Is 4,5). Certamente, a fé é luz que ilumina a nossa inteligência e toda a nossa vida, dando um norte claro para a nossa existência; porém, precisamente porque ainda não temos a visão de Deus, ficam sempre pontos escuros que, apesar de não causarem dúvidas, devem deixar-nos atentos para vivermos nessa mezcla de confiança filial e santo temor que tanto devem caracterizar a nossa vida cristã.

Talvez noutros tempos se tenha sublinhado muito o ato de fé como uma adesão intelectual à verdade que é Deus, e isso é verdade, por se tratar do elemento objetivo da fé (fides quae). E, contudo, a fé sobrenatural é também a adesão pessoal do homem a Deus (fides qua). Não é simplesmente uma questão de inteligência e de compreensão das verdades da fé católica, mas trata-se de uma entrega total, isto é, do homem inteiro (e não só da sua inteligência) a Deus. E por que tudo isso? Chegamos assim ao motivo formal da fé: porque Deus revelou, por sua autoridade divina.

A fé não é simplesmente algo que eu tenho, mas é algo que faz parte da minha vida, que impregna toda a minha vida. Precisamente por isso cura, não somente a inteligência, mas a vida como um todo. Todo cristão deveria dizer que vive de fé. tudo isso tem muitas consequências na vida. Se eu vivo de fé, não há momentos nos quais eu descanse de ser cristão. Não existem férias da vida com Deus, da vida sacramental, da oração. Caso eu viva de fé, essa realidade me acompanha durante as 24 horas do dia: também no meu trabalho e na minha filha, e até mesmo quando eu durmo, eu sou uma pessoa de fé. Eu não posso negar-me a mim mesmo: eu sou um homem de fé! Eu sou uma mulher de fé!

Muitos cristãos parecem atuar como se Deus não existisse. Afirmam que Deus existe, mas Deus, na prática, não faz parte das suas vidas. Dessa maneira começam as incoerências: uma coisa seria a fé dominical e outra coisa seriam os outros seis dias nos quais Jesus não estaria presente nas atividades comerciais, agrárias, intelectuais, manuais etc. Quem se entrega a Deus vive entregando-se a Deus no cotidiano. Que o Senhor também se dirija a nós e nos diga: por aqui, “não achei ninguém que tivesse tal fé” (Mt 8,10).

Padre Françoá Costa
E-mail: [email protected]
Instagram: @padrefcosta

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