RITOS INICIAIS
Sl 16, 6.8.9
ANTÍFONA DE ENTRADA: Respondei-me, Senhor, quando Vos invoco, ouvi a minha voz, escutai as minhas palavras. Guardai-me dos meus inimigos, Senhor. Protegei-me à sombra das vossas asas.
Introdução ao espírito da Celebração
É o dia do Senhor. Vamos celebrar a Santa Missa, memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Jesus deu a vida por todos. Mas nem todos têm conhecimento desta boa Nova. Hoje, Dia Mundial das Missões, somos convidados a lembrar os nossos irmãos que ainda não conhecem Jesus Cristo, único Salvador.
Todos havemos de tomar parte na cruzada gigantesca de aumentar a cristandade, fazendo crescer o corpo místico de Cristo, estendendo os limites do Reino de Deus a toda a redondeza da terra.
ORAÇÃO COLECTA: Deus eterno e omnipotente, dai-nos a graça de consagrarmos sempre ao vosso serviço a dedicação da nossa vontade e a sinceridade do nosso coração. Por Nosso Senhor…
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: Há algo de bom no sofrimento. Também a dor se pode conciliar com o amor de Deus. O sofrimento foi e continua a ser instrumento de salvação.
Isaías 53, 10-11
10Aprouve ao Senhor esmagar o seu Servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como vítima de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. 11Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado. Pela sua sabedoria, o Justo, meu Servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades.
Temos apenas 2 versículos do IV canto dos Poemas do Servo de Yahwéh (Is 52, 13 – 53, 12); de todos os quatro é o mais impressionante, o mais comentado e o mais meditado no cristianismo. Surpreende vivamente o leitor o facto de se apresentar o triunfo e glorificação do servo sofredor, precisamente por meio do seu sofrimento e humilhação; mais ainda, ele assume as nossas dores e misérias com o fim de as curar, a chamada «expiação vicária», uma concepção teológica deveras original. As tentativas de identificação deste «servo» passaram por várias fases. O judaísmo alexandrino viu nele o povo de Israel sofrendo as tribulações da diáspora, mas alentado pela esperança da sua exaltação, ao passo que o judaísmo palestino via na sua glorificação o futuro messias, mas os sofrimentos eram referidos ao castigo dos gentios; em Qumrã o texto era aplicado ao Mestre da Justiça, o provável fundador da seita. A interpretação cristã é unânime em reconhecer neste servo de Yahwéh a Jesus na sua dolorosa Paixão, Morte e Ressurreição pela salvação de todos. O texto é-nos proposto neste Domingo em função do Evangelho: «o Filho do Homem veio para servir e dar a vida pela salvação de todos» (Mc 10, 45).
Salmo Responsorial
Sl 32 (33), 4-5.18-19.20.21 (R. 22)
Monição: Façamos deste salmo a nossa oração de confiança no Senhor.
Refrão: DESÇA SOBRE NÓS A VOSSA MISERICÓRDIA,
PORQUE EM VÓS ESPERAMOS, SENHOR.
A palavra do Senhor é recta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a rectidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem,
para os que esperam na sua bondade,
para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor:
Ele é o nosso amparo e protector.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor.
Segunda Leitura
Monição: Cristo é o Sumo Sacerdote capaz de se compadecer das nossas fraquezas. Por isso, a Ele havemos de recorrer, cheios de confiança.
Hebreus 4, 14-16
Irmãos: 14Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. 15Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado.15Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno.
O autor, depois de já ter proclamado a superioridade de Cristo sobre os Anjos (1, 5 – 2, 18) e sobre Moisés (3, 1 – 4, 11), começa agora a expor que Ele – Sumo Sacerdote da Nova Aliança – é superior aos sacerdotes da antiga. Já tinha apresentado este sumo sacerdote da nossa fé como sendo «digno de crédito» (3, 1.6), o que nos estimula a que «permaneçamos firmes na fé que professamos» (v. 14); agora passa a apresentar outra sua qualidade, «a misericórdia», que nos inspira a máxima confiança. Com efeito, Jesus, ao contrário do sumo sacerdote da Lei antiga, que era uma figura distante e separada dos pecadores (recordem-se as exigências do Levítico: Lv 21); Jesus é «capaz de se compadecer das nossas fraquezas», porque Ele mesmo «foi provado em tudo como nós, excepto no pecado» (cf. 1ª leitura do IV Canto do Servo de Yahwéh).
14 «Que penetrou os Céus». Jesus – o novo Josué (o nome hebraico é o mesmo: «Yehoxúa‘») segundo a referência do v. 8 – já penetrou no descanso da nova terra prometida, os Céus, tendo-nos deixado aberta a entrada, que atingiremos, se não formos infiéis como os antigos israelitas (daí o apelo a conservar a fé, com firmeza). Por outro lado, o texto sugere uma referência ao Yom-Kipur, ou Dia da Expiação, em que o sumo sacerdote penetrava no Santo dos Santos (imagem dos Céus) através dos dois véus do santuário, a fim de expiar os pecados do povo.
16 «Trono da graça». Esta expressão parece inspirada no «trono da glória» de que se fala no A. T. (1 Sam 2, 8; Is 22, 23; Jer 14, 21; 17, 12; Sir 47, 11), o que terá influenciado a variante de dois códices da Vulgata, que registam thronum gloriæ. É interessante notar que, segundo os rabinos, Deus tinha dois tronos: o da justiça e o da misericórdia. O trono de Jesus, de que se falou em 1, 8, já não aparece como o trono de justiça do Salmo 45, 7 ali citado, mas é o da misericórdia, o «trono da graça», a que podemos recorrer «cheios de confiança».
Aclamação ao Evangelho
Mc 10, 45
Monição: Cristo morreu e ressuscitou para nossa salvação. Aclamemo-I’O com alegria.
ALELUIA
O Filho do homem veio para servir e dar a vida pela redenção de todos.
Evangelho *
Nota de rodapé
* O texto entre parêntesis pertence à forma longa e pode ser omitido.
*Forma longa: São Marcos 10, 35-45 Forma breve: São Marcos 10, 42-45
[Naquele tempo, 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». 36Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?» 37Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». 38Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?» 39Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. 40Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». 41Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.]
42 Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. 43Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, 44e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos;45porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Jesus vai a caminho de Jerusalém (cf. 10, 32-33). Apesar dos três anúncios da Paixão, os discípulos, embora com uma certa sensação de medo (ibid.), não deixam de pensar que muito em breve o anunciado reino de Deus se irá manifestar (cf. Lc 19, 11), pois todo o seu interesse se fixava nisto. Antes que alguém lhes passe à frente, os dois irmãos, Tiago e João (Mt fala da mãe), sem atenderem à figura ridícula que faziam e à tensão e inveja a provocar nos colegas (v. 41), atrevem-se a tentar que o Mestre se comprometa com eles, garantindo-lhes os primeiros postos no reino, que imaginam terreno. Isto vai dar lugar a que Jesus os corrija, mas sem os humilhar, e deixe um ensinamento muitíssimo importante para todos e para sempre (vv. 42-45); neste sentido ensina o Vaticano II, GS 3: «Nenhuma ambição terrena move a Igreja, mas unicamente este objectivo: continuar (…) a obra de Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade (…), para servir, e não para ser servido». Assim também fica reprovado o servir-se da Igreja, em vez de a servir. A grandeza do discípulo de Cristo é servir desinteressadamente, como fez o Mestre (cf. Jo 13, 14-17).
38-39 «Beber o cálice… receber o baptismo», neste contexto, são duas imagens do sofrimento e da morte (cf. Lc 12, 50; Is 51, 17-23; Mc 14, 36; Salm 42, 8; 69, 2-3.15-15). A generosidade e audácia dos dois agradou a Jesus, que lhes promete virem a participar do seu destino doloroso – «beber o cálice» –,mergulhados no mistério do seu sofrimento – «baptismo». De facto, Tiago foi martirizado em Jerusalém pelo ano 44 (Act 12, 2), por Herodes Agripa I; João foi preso e flagelado em Jerusalém (Act 4, 3; 5, 40-41), sofreu mais tarde o exílio na ilha de Patmos (cf. Apoc 1, 9), mas nada se sabe de seguro sobre o seu problemático martírio.
40 «Não me pertence a Mim concedê-lo». A expressão não implica inferioridade de Jesus, como pretendiam os arianos; não é que falte poder a Jesus; Ele é que, fazendo tudo o que faz o Pai e com o mesmo poder, nada faz com independência do Pai (cf. Jo 5, 17-30). Segundo a explicação habitual, os dois dirigiram-se a Jesus como o Messias ao instaurar o reino, e, enquanto tal, Ele não faz mais do que executar o projecto divino.
Sugestões para a homilia
Jesus, o missionário da Boa Nova
Missa e Missão
Evangelizar é obrigação e não privilégio
Jesus, o missionário da Boa Nova
Nas leituras que acabamos de ouvir, Cristo é-nos apresentado como o servo do Senhor, o justo servo (1.ª Leit.) que expia com as suas dores os nossos pecados. Sendo rico faz-se pobre por nossa causa (2.ª Leit.) para nos tornar ricos, quer dizer para nos reconciliar com o Pai. Veio para servir e dar a vida como resgate pela multidão (3.ª Leit.).
Cristo, o Verbo feito carne e enviado do Pai, vem ao mundo para nos trazer uma grande nova: o Pai ama-vos (Jo 16,27). É este o princípio e o fundamento de todo o Cristianismo. Deus quer fazer de nós seus filhos adoptivos, a família de Deus na terra.
Deus quer que todos os homens se salvem (1 Tim 2,4). Este desejo foi eficaz, porque se concretizou no primeiro missionário que Deus Pai enviou à primeira infidelidade, o Verbo Encarnado que veio reconduzir a humanidade aos seus destinos perdidos. E com que seriedade tomou Ele esta missão, digam-no os seus trabalhos em busca dos pecadores, a Eucaristia, a Cruz e a instituição da Igreja.
– Que é que mudou para melhor? Porque é que tantos ainda não conhecem Jesus Cristo, ou vivem como se não O conhecessem? Já lá vão dois milénios de Cristianismo e o mundo continua muito mal.
A missão ainda «vai no adro». A missão de Cristo Redentor confiada à Igreja está ainda bem longe do seu pleno cumprimento, advertiu João Paulo II (RM 1). E o Evangelho recorda-nos que a semente cristã tem um dinamismo tão silencioso como imparável (Mc 4, 26). Cresce sem que dêmos por isso. O seu crescimento é tão modesto como diminutos são os grãos da mostarda. Mas depois se torna a árvore frondosa. Empenhemo-nos com todas as forças no seu crescimento. E não esqueçamos que o Evangelho é proposto num mundo que não o deseja, porque anuncia a honestidade, a justiça, o serviço.
Missa e Missão
Estamos a celebrar a Missa no dia mundial das missões. Missa e Missão, duas palavras que têm a mesma raiz: missio – missão, envio. Na Missa, Jesus veio e vem, enviado do Pai – assim como o Pai me enviou (Jo 20, 21). Na Missão, Jesus envia e os missionários são os seus mensageiros – assim Eu vos envio a vós (Jo 20, 21).
Enviados a quem? Aos que nunca ouviram falar d’Ele? Ou às ovelhas perdidas da casa de Israel? A todos. Aos que nunca ouviram falar d’Ele: são milhões e milhões, a maior parte da humanidade. As ovelhas perdidas da casa de Israel, que serão aqueles que precisam de ser re-evangelizados: baptizados que perderam o sentido vivo da fé, já não se reconhecem como membros da Igreja e levam uma vida distante de Cristo e do Evangelho.
A Missa celebrou-a e celebra-a Cristo com o seu Corpo e Sangue. Na Missão, participamos todos, no corpo da Igreja de que fazemos parte, com o sangue das nossas veias, o sacrifício das nossas ofertas e a dedicação das nossas vidas.
No tempo da publicidade, da TV e dos computadores, nada substitui a voz que nos fala e a opção gostosa que temos de fazer e de renovar. Por isso, precisamos da Missa, da Missão, dos missionários, para que alguém, em nome de Alguém, nos mostre a verdade, nos faça olhar para ela, olhando também para nós mesmos. Convertendo-nos em primeira mão, ou reconvertendo-nos quando as crenças se diluem, ou a preguiça, ou a falta de seriedade as atraiçoam.
Evangelizar é obrigação e não privilégio
Ide e evangelizai, manda Jesus (Mc 16, 15). A ordem é para todos os seus discípulos e discípulos somo-lo pelo Baptismo. Todos: homens e mulheres, novos e idosos. Todos os cristãos são e devem ser missionários.
Muitos interrogar-se-ão: – E eu que posso fazer? Partir, eu? Estou noivo, tenho marido e filhos, o meu emprego, as minhas responsabilidades sociais…
Deus não nos pede que deixemos a família ou os trabalhos. Pede-nos, sim, que deixemos certo estilo de vida para estarmos disponíveis, para fazer apostolado, para ajudar as missões. Não é preciso ir para a praça pública fazer belos discursos. Basta o exemplo que damos por aquilo de que estamos convencidos. Podemos ser verdadeiros apóstolos, e da forma mais fecunda, também dentro das paredes do lar, no lugar de trabalho, na cama de hospital e na clausura dum convento, lembra o Santo Padre na sua mensagem para o dia de hoje.
A nossa missão será, por vezes, escutar e acolher aqueles que andam dispersos. Dar-lhes motivos para que regressem. Escutar os católicos não praticantes, ouvir as razões que os levaram a afastar-se da prática religiosa. Dar entusiasmo aos sem esperança. Emprestarmos os nossos braços, o nosso coração, para que eles possam ver um sentido em nossas vidas. Rezar e sacrificar-se pelas missões, como Teresa de Lisieux, declarada padroeira das missões e, agora, também Doutora da Igreja.
Fala o Santo Padre
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL DE 2009
«As nações caminharão à sua luz» (Ap 21, 24)
Neste domingo dedicado às missões, me dirijo sobretudo a vós, Irmãos no ministério episcopal e sacerdotal, e também aos irmãos e irmãs do Povo de Deus, a fim de vos exortar a reavivar em si a consciência do mandato missionário de Cristo para que «todos os povos se tornem seus discípulos» (Mt 28, 19), seguindo as pegadas de São Paulo, o Apóstolo dos Gentios.
«As nações caminharão à sua luz» (Ap 21, 24). O objectivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização. Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus.
É nesta perspectiva que os discípulos de Cristo espalhados pelo mundo trabalham, se dedicam, gemem sob o peso dos sofrimentos e doam a vida. Reitero com veemência o que muitas vezes foi dito pelos meus Predecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo. Pedimos somente de nos colocar a serviço da humanidade, sobretudo da daquela sofredora e marginalizada, porque acreditamos que «o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo… é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade» (Evangelii nuntiandi, 1), que «apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e de sua própria existência» (Redemptoris missio, 2).
1. Todos os Povos são chamados à salvação
Na verdade, a humanidade inteira tem a vocação radical de voltar à sua origem, que é Deus, somente no Qual ela encontrará a sua plenitude por meio da restauração de todas as coisas em Cristo. A dispersão, a multiplicidade, o conflito, a inimizade serão repacificadas e reconciliadas através do sangue da Cruz e reconduzidas à unidade.
O novo início já começou com a ressurreição e a exaltação de Cristo, que atrai a si todas as coisas, as renova, as tornam participantes da eterna glória de Deus. O futuro da nova criação brilha já em nosso mundo e acende, mesmo se em meio a contradições e sofrimentos, a nossa esperança por uma vida nova. A missão da Igreja é «contagiar» de esperança todos os povos. Por isto, Cristo chama, justifica, santifica e envia os seus discípulos para anunciar o Reino de Deus, a fim de que todas as nações se tornem Povo de Deus. É somente nesta missão que se compreende e se confirma o verdadeiro caminho histórico da humanidade. A missão universal deve se tornar uma constante fundamental na vida da Igreja. Anunciar o Evangelho deve ser para nós, como já dizia o apóstolo Paulo, um compromisso impreterível e primário.
2. Igreja peregrina
A Igreja Universal, sem confim e sem fronteiras, se sente responsável por anunciar o Evangelho a todos os povos (cfr. Evangelii nuntiandi, 53). Ela, germe de esperança por vocação, deve continuar o serviço de Cristo no mundo. A sua missão e o seu serviço não se limitam às necessidades materiais ou mesmo espirituais que se exaurem no âmbito da existência temporal, mas na salvação transcendente que se realiza no Reino de Deus. (cfr. Evangelii nuntiandi, 27). Este Reino, mesmo sendo em sua essência escatológico e não deste mundo (cfr. Jo 18, 36), está também neste mundo e em sua história é força de justiça, paz, verdadeira liberdade e respeito pela dignidade de todo ser humano. A Igreja mira em transformar o mundo com a proclamação do Evangelho do amor, «que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir e… deste modo, fazer entrar a luz de Deus no mundo» (Deus caritas est, 39). Esta é a missão e o serviço que, também com esta Mensagem, chamo a participar todos os membros e instituições da Igreja.
3. Missio ad gentes
A missão da Igreja é chamar todos os povos à salvação realizada por Deus em seu Filho encarnado. É necessário, portanto, renovar o compromisso de anunciar o Evangelho, fermento de liberdade e progresso, fraternidade, união e paz (cfr. Ad gentes, 8). Desejo «novamente confirmar que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja» (Evangelii nuntiandi, 14), tarefa e missão que as vastas e profundas mudanças da sociedade actual tornam ainda mais urgentes. Está em questão a salvação eterna das pessoas, o fim e a plenitude da história humana e do universo. Animados e inspirados pelo Apóstolo dos Gentios, devemos estar conscientes de que Deus tem um povo numeroso em todas as cidades percorridas também pelos apóstolos de hoje (cfr. At 18, 10). De fato, «a promessa é em favor de todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar» (At 2,39).
Toda a Igreja deve se empenhar na missio ad gentes, enquanto a soberania salvífica de Cristo não está plenamente realizada: «Agora, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso» (Hb 2,8).
4. Chamados a evangelizar também por meio do martírio
Neste dia dedicado às missões, recordo na oração aqueles que fizeram de suas vidas uma exclusiva consagração ao trabalho de evangelização. Menciono em particular as Igrejas locais, os missionários e missionárias que testemunham e propagam o Reino de Deus em situações de perseguição, com formas de opressão que vão desde a discriminação social até a prisão, a tortura e a morte. Não são poucos aqueles que actualmente são levados à morte por causa de seu «Nome». É ainda de grande actualidade o que escreveu o meu venerado Predecessor Papa João Paulo II: «A comemoração jubilar descerrou-nos um cenário surpreendente, mostrando o nosso tempo particularmente rico de testemunhas, que souberam, ora dum modo ora doutro, viver o Evangelho em situações de hostilidade e perseguição até darem muitas vezes a prova suprema do sangue» (Novo millennio ineunte, 41).
A participação na missão de Cristo, de fato, destaca também a vida dos anunciadores do Evangelho, aos quais é reservado o mesmo destino de seu Mestre. «Lembrem-vos do que eu disse: nenhum empregado é maior do que seu patrão. Se perseguiram a mim, vão perseguir a vós também» (Jo 15,20). A Igreja se coloca no mesmo caminho e passa por tudo aquilo que Cristo passou, porque não age baseando-se numa lógica humana ou com a força, mas seguindo o caminho da Cruz e se fazendo, em obediência filial ao Pai, testemunha e companheira de viagem desta humanidade.
Às Igrejas antigas como as de recente fundação, recordo que são colocadas pelo Senhor como sal da terra e luz do mundo, chamadas a irradiar Cristo, Luz do mundo, até os extremos confins da terra. A missio ad gentes deve ser a prioridade de seus planos pastorais.
Agradeço e encorajo as Pontifícias Obras Missionárias pelo indispensável trabalho a serviço da animação, formação missionária e ajuda económica às jovens Igrejas. Por meio destas instituições pontifícias, se realiza de forma admirável a comunhão entre as Igrejas, com a troca de dons, na solicitude recíproca e na comum projetualidade missionária.
5. Conclusão
O impulso missionário sempre foi sinal de vitalidade de nossas Igrejas (cfr. Redemptoris missio, 2). É preciso, todavia, reafirmar que a evangelização é obra do Espírito, e que antes mesmo de ser acção, é testemunho e irradiação da luz de Cristo (cfr. Redemptoris missio, 26) através da Igreja local, que envia os seus missionários e missionárias para além de suas fronteiras. Rogo a todos os católicos para que peçam ao Espírito Santo que aumente na Igreja a paixão pela missão de proclamar o Reino de Deus e ajudar os missionários, as missionárias e as comunidades cristãs empenhadas nesta missão, muitas vezes em ambientes hostis de perseguição.
Ao mesmo tempo, convido todos a darem um sinal crível da comunhão entre as Igrejas, com uma ajuda económica, especialmente neste período de crise que a humanidade está vivendo, a fim de colocar as jovens Igrejas em condições de iluminar as pessoas com o Evangelho da caridade.
Nos guie em nossa acção missionária a Virgem Maria, Estrela da Evangelização, que deu ao mundo Cristo, luz das nações, para que leve a salvação «até aos extremos da terra» (At 13,47).
A todos, a minha Bênção.
Cidade do Vaticano, 29 de Junho de 2009
BENEDICTUS PP. XVI
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Fazei, Senhor, que possamos servir ao vosso altar com plena liberdade de espírito, para que estes mistérios que celebramos nos purifiquem de todo o pecado. Por Nosso Senhor…
SANTO
Monição da Comunhão
Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice «não só anunciamos a morte do Redentor» (1 Cor 11, 26), mas proclamamos também a sua ressurreição, enquanto esperamos a sua vinda gloriosa (João Paulo II).
Sl 32, 18-19
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: O Senhor vela sobre os seus fiéis, sobre aqueles que esperam na sua bondade, para libertar da morte as suas almas, para os alimentar no tempo da fome.
Ou:
Mc 10, 45
O Filho do homem veio ao mundo para dar a vida pela redenção dos homens.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Concedei, Senhor, que a participação nos mistérios celestes nos faça progredir na santidade, nos obtenha as graças temporais e nos confirme nos bens eternos. Por Nosso Senhor…
RITOS FINAIS
Monição final
Jesus Cristo Eucaristia para o mundo nos envia. Este mote deve ser para todos nós programa de vida. Unidos a Cristo, devemos sentir-nos comprometidos com os homens nossos irmãos.
HOMILIAS FERIAIS
29ª SEMANA
2ª Feira, 22-X: O que é ser rico aos olhos de Deus?
Rom 4, 20-25 / Lc 12, 13-21
Assim sucede a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus.
Abraão não pensou em si, quando Deus lhe pediu a imolação do filho: «convenceu-se plenamente de que Deus era capaz de fazer o que tinha prometido» (Leit).
Pelo contrário, o homem da parábola só pensou em enriquecer cada vez mais e em viver regaladamente (Ev). Jesus pede-nos que procuremos ser ricos aos olhos de Deus. São os pequenos sacrifícios que fazemos em honra de Deus, como Abraão; são os tempos dedicados à oração; é a preocupação pela alimentação da nossa alma, etc.
3ª Feira, 23-X: Vigilância e responsabilidade.
Rom 5, 12-15. 17-19. 20-21 / Lc 12, 35-38
Felizes estes servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes.
É muito importante esta atitude de vigilância. Se ela falta, pode entrar o pecado. E, pela falta de um só muitos outros serão arrastados (Leit). É o que se poderia chamar a solidariedade no pecado.
Pelo contrário, se há vigilância, abunda a graça de Deus e muitos são igualmente beneficiados. É o equivalente à Comunhão dos santos. Sintamos esta responsabilidade à hora da nossa luta diária, para não cedermos com facilidade, pensando que não acontece nenhum mal no mundo.
4ª Feira, 24-X: Receber bem o Senhor.
Rom 6, 12-18 / Lc 12, 39-48
Estai vós também preparados, porque à hora em que menos pensais é que vem o Filho do homem.
Procuremos receber o Senhor com muito amor (Ev), quando Ele vem ter connosco na Comunhão, nos tempos de oração, quando nos traz a sua cruz para que a levemos um pouco, etc.
Para estarmos bem preparados, devemos empregar os nossos talentos ao serviço de Deus e não ao serviço do pecado (Leit). Não empreguemos mal o tempo como aquele servo que se dedicava a bater nos outros (Ev). Libertemo-nos de alguma escravidão: preguiça, sensualidade, comodismo, etc., para estarmos mais livres.
5ª Feira, 25-X: Da escravidão do pecado à escravidão de Deus.
Rom 6, 19-23 / Lc 12, 49-53
É que a paga do pecado é a morte, ao passo que o dom gratuito de Deus é a vida eterna.
Que diferença tão grande entre o fruto da escravidão do pecado, que é a morte, e o fruto da escravidão de Deus, que é a vida eterna! (Leit).
Para que haja esta libertação do pecado é necessário uma fonte de energia, que é o fogo do amor de Deus, que o Senhor veio trazer à terra (Ev). Ele desejava ardentemente sofrer a paixão e a morte para nos poder libertar. O fogo do amor de Deus prende mais facilmente na oração e os frutos da paixão são-nos aplicados na recepção do sacramento da Penitência.
6ª Feira, 26-X: Os sinais provenientes do nosso interior.
Rom 7, 18-25 / Lc 12, 54-59
Sabeis apreciar o aspecto da terra e do céu; mas este tempo, como é que não o apreciais?
O Senhor convida-nos a apreciar os sinais dos tempos (Ev), e poderíamos acrescentar saber apreciar os sinais que se apresentam dentro de nós. Por exemplo S. Paulo verifica nele tendências contraditórias: «O bem que eu quero, não o faço, mas o mal que não quero é que pratico» (Leit). Por isso, se sente infeliz.
Quem nos poderá libertar deste desconcerto? «Só Deus». O corpo reivindica os seus direitos, e a razão aponta outros caminhos mais elevados. Os sentimentos deixam-se levar pelo que é espontâneo e precisam ser igualmente conduzidos pela razão.
Sábado, 27-X: Como aumentar os frutos da nossa vida.
Rom 8, 1-11 / Lc 13, 1-9
Há já três anos que venho procurar fruto a esta figueira e não o encontro.
Deus procura igualmente frutos de santidade nas nossas vidas. Como poderemos dar mais frutos no futuro? (Ev).
Uma das possibilidades é que nos interessemos mais pelas coisas do espírito: «Os que vivem segundo a natureza decaída interessam-se pelas coisas dessa natureza: os que vivem segundo o espírito interessam-se pelas coisas do espírito» (Leit). A outra é deixar-nos guiar pelo Espírito Santo: «também dará vida aos vossos corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vós» (Leit).
Celebração e Homilia: BARRETO MARQUES
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais: NUNO ROMÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA