RITOS INICIAIS
Actos 1, 11
ANTÍFONA DE ENTRADA: Homens da Galileia, porque estais a olhar para o céu? Como vistes Jesus subir ao céu, assim há-de vir na sua glória. Aleluia.
Diz-se o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
As últimas recomendações de Cristo, antes da Ascensão, são preciosas: «Não vos afasteis de Jerusalém… Sereis baptizados no Espírito Santo dentro de poucos dias».
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo.»
«Depois foi elevado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles.»
ORAÇÃO COLECTA: Deus omnipotente, fazei-nos exultar em santa alegria e em filial acção de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: Chegou a hora da despedida, das últimas recomendações de Jesus e da subida ao Céu.
Actos dos Apóstolos 1, 1-11
1No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar, desde o princípio 2até ao dia em que foi elevado ao Céu, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera. 3Foi também a eles que, depois da sua paixão, Se apresentou vivo com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus. 4Um dia em que estava com eles à mesa, mandou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, «da Qual – disse Ele – Me ouvistes falar. 5Na verdade, João baptizou com água; vós, porém, sereis baptizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias». 6Aqueles que se tinham reunido começaram a perguntar: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?» 7Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; 8mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». 9Dito isto, elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. 10E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, 11que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
Lucas começa o livro de Actos com o mesmo facto com que tinha terminado o seu Evangelho; a Ascensão desempenha assim na sua obra um papel de charneira, pois assinala tanto a ligação como a distinção entre a história de Jesus que se realiza aqui na terra (o Evangelho) e a história da Igreja que então tem o seu início (Actos).
3 «Aparecendo-lhes durante 40 dias». Esta precisão do historiador Lucas permite-nos esclarecer algo que no seu Evangelho não tinha ficado claro quanto ao dia da Ascensão, pois o leitor poderia ter ficado a pensar que se tinha dado no dia da Ressurreição. A verdade é que a Ascensão faz parte da glorificação e exaltação de Jesus; por isso S. João parece pretender uni-la à Ressurreição, nas palavras de Jesus a Madalena (Jo 20, 17), podendo falar-se duma ascensão invisível no dia de Páscoa, sem que em nada se diminua o valor do facto sucedido 40 dias depois e aqui relatado: a Ascensão visível de Jesus, que marca um fim das manifestações visíveis aos discípulos, «testemunhas da Ressurreição estabelecidas por Deus», engloba uma certa glorificação acidental do Senhor ressuscitado, «pela dignidade do lugar a que ascendia», como diz S. Tomás de Aquino (Sum. Theol., III, q. 57, a. 1). Há numerosas referências à Ascensão no Novo Testamento:Jo 6, 62; 20, 17; 1 Tim 3, 26; 1 Pe 3, 22; Ef 4, 9-10; Hbr 9, 24; etc.. Mas a Ascensão tem, além disso, um valor existencial excepcional, pois nos atinge hoje em cheio: Cristo, ao colocar à direita da glória do Pai a nossa frágil natureza humana unida à Sua Divindade (Cânon Romano da Missa de hoje), enche-nos de esperança em que também nós havemos de chegar ao Céu e diz-nos que é lá a nossa morada, onde, desde já, devem estar os nossos corações, pois ali está a nossa Cabeça, Cristo.
4 «A Promessa do Pai, da qual Me ouvistes falar». Na despedida da Última Ceia, Jesus não se cansou de falar aos discípulos do Espírito Santo: Jo 14, 16-17.26; 16, 7-15.
5 «Baptizados no Espírito Santo», isto é, inundados de enorme força e luz do Espírito Santo, cheio dos seus dons, dez dias depois (cf. Act 2, 1-4).
8 «Minhas Testemunha em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra». Estas Palavras do Senhor são apresentadas por S. Lucas para servirem de resumo temático do seu livro; o que nos vai contar ilustrará como a fé cristã se vai desenvolver progressivamente seguindo estas 3 etapas geográficas: Act 2 – 7; 8 – 12; 13 – 28.
Salmo Responsorial
Sl 46 (47), 2-3.6-7.8-9 (R. 6)
Monição: É a altura de aclamar o Senhor com brados de alegria.
Refrão: POR ENTRE ACLAMAÇÕES E AO SOM DA TROMBETA,
ERGUE-SE DEUS, O SENHOR.
Ou: ERGUE-SE DEUS, O SENHOR,
EM JÚBILO E AO SOM DA TROMBETA.
Ou: ALELUIA
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o Senhor, o Altíssimo, é terrível,
o Rei soberano de toda a terra.
Deus subiu entre aclamações,
o Senhor subiu ao som da trombeta.
Cantai hinos a Deus, cantai,
cantai hinos ao nosso Rei, cantai.
Deus é Rei do universo:
cantai os hinos mais belos.
Deus reina sobre os povos,
Deus está sentado no seu trono sagrado.
Segunda Leitura
Monição: Devemos compreender a esperança a que fomos chamados e descobrir esta maravilhosa realidade: «Cristo é a Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo».
Efésios 1, 17-23
Irmãos: 17O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes plenamente 18e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos 19e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes. Assim o mostra a eficácia da poderosa força 20que exerceu em Cristo, que Ele ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, 21acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania, acima de todo o nome que é pronunciado, não só neste mundo, mas também no mundo que há-de vir. 22Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, 23que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos.
Neste texto temos um dos principais temas da epístola: a Igreja como Corpo (místico) de Cristo. A Igreja é a plenitude de Cristo, «o Cristo total» (S. Agostinho). A Igreja recebe da sua Cabeça, Cristo, não só a chefia, mas o influxo vital, a graça; vive a vida de Cristo. Jesus sobe ao Céu, mas fica presente no mundo, na sua Igreja.
17 «O Deus de N. S. J. Cristo». «O Pai é para o Filho fonte da natureza divina e o criador da sua natureza humana: assim Ele é, com toda a verdade, o Deus de N. S. J. C.» (Médebielle). «O Pai da glória», isto é, o Pai a quem pertence toda a glória, toda a honra intrínseca à sua soberana majestade. «Um espírito», o mesmo que um dom espiritual. Não se trata do próprio Espírito Santo; uma vez que não tem artigo em grego, trata-se pois de uma graça sua.
20-22 Ternos aqui a referência a um tema central já tratado em Colosenses: a supremacia absoluta de Cristo, tendo em conta a sua SS. Humanidade, uma vez que pela divindade é igual ao Pai. A sua supremacia coloca-O «acima de todo o nome», isto é, acima de todo e qualquer ser, de qualquer natureza que seja, e qualquer mundo a que pertença. Mas aqui a atenção centra-se num domínio particular de Cristo, a saber, na sua Igreja, da qual Ele é não apenas o Senhor, mas a Cabeça. A Igreja é o «Corpo de Cristo»; ela é o plêrôma de Cristo, isto é, o seu complemento ou plenitude: a igreja é Cristo que se expande e se prolonga nos fiéis que aderem a Ele. (Alguns autores preferem entender o termo plêrôma no sentido passivo: a Igreja seria plenitude de Cristo, enquanto reservatório das suas graças e merecimentos que ela faz chegar aos homens).
23 «Aquele que preenche tudo em todos». A acção de Cristo é sem limites, especialmente na ordem salvífica; a todos faz chegar a sua graça, sem a qual ninguém se pode salvar. No entanto, é mais corrente preferir, com a Vulgata, outro sentido a que se presta o original grego: «A Igreja é a plenitude daquele que se vai completando inteiramente em todos os seus membros»; assim, a Igreja completa a Cristo, e Cristo é completado pelos seus membros (é uma questão de entender como passivo, e não médio, o particípio grego plêrouménou, de acordo com o que acontece em outros 87 casos do N. T.).
Pode utilizar-se outra, como 2ª leitura:
Hebreus 9, 24-28; 10, 19-23
24Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. 25E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra cada ano no santuário, com sangue alheio; 26nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. 27E como está determinado que os homens morram uma só vez – e a seguir haja o julgamento –, 28assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem aparência de pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam. 19Tendo nós plena confiança de entrar no santuário por meio do sangue de Jesus, 20por este caminho novo e vivo que Ele nos inaugurou através do véu, isto é, o caminho da sua carne, 21e tendo tão grande sacerdote à frente da casa de Deus, 22aproximemo-nos de coração sincero, na plenitude da fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado na água pura. 23Conservemos firmemente a esperança que professamos, pois Aquele que fez a promessa é fiel.
A leitura é respigada do final da primeira parte de Hebreus em que o autor sagrado expõe a superioridade do sacrifício de Cristo sobre todos os sacrifícios da Lei antiga (8, 1 – 10, 18). Aqui Jesus é apresentado como o novo Sumo Sacerdote da Nova Aliança, em contraste com o da Antiga, que precisava de entrar cada ano – «com sangue alheio» –, no dia da expiação (o Yom Kippur: cf. Ex 16) «num santuário feito por mãos humanas», ao passo que Jesus entra «no próprio Céu» (v. 24), não precisando de o fazer «muitas vezes» (v. 25-26), pois, «uma só vez» bastou «para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo» (v. 26), por meio do seu próprio sangue. Como habitualmente, o autor aproveitando a exposição doutrinal para fazer ricas exortações práticas apela, um pouco mais adiante (10, 19-23), para a virtude da «esperança» de também nós podermos chegar ao Céu, apoiados na certeza das promessas de Cristo. A «água pura» é certamente a do Baptismo (cf. 1 Pe 3, 21), que não pode ser encarado à margem da fé e da pureza da consciência. Notar como a SS. Humanidade de Jesus – «o caminho da sua carne» – é focada como o véu do Templo, o que bem pode evocar a nuvem da Ascensão, que ao mesmo tempo esconde e revela a presença invisível de Cristo ressuscitado.
Aclamação ao Evangelho
Mt 28, l9a.20b
Monição: Como é bela esta comunhão de vida: «Ide e ensinai… Eu estou convosco».
ALELUIA
Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.
Evangelho
São Marcos 16, 15-20
Naquele tempo, Jesus apareceu aos onze Apóstolos e disse-lhes: 15«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. 16Quem acreditar e for baptizado será salvo mas quem não acreditar será condenado. 17Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome falarão novas línguas, 18se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». 19E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. 20Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
A Ascensão de Jesus é referida em S. Marcos com poucas palavras (v. 19b), o que não quer dizer de uma forma mais simples e ou mais primigénea; com efeito, pertence ao apêndice canónico do 3º Evangelho (Mc 16, 9-20, omitido nos manuscritos mais importantes), considerado bastante posterior e uma síntese dos elementos relatados em João, Mateus, Lucas e Actos. Ao prescindir dos pormenores espaciais de Actos (cf. 1ª leitura), este texto ajuda-nos a que nos fixemos no núcleo do mistério, na teologia da Ascensão, uma vez que esta não aparece como uma simples despedida de Jesus, ou um afastamento dos seus, mas sim como a exaltação do «Senhor Jesus» (só aqui Cristo é assim designado em Marcos – v. 19), como a glorificação da sua humanidade, ao ser posto ao mesmo nível da glória, da majestade e do poder de Deus: «sentou-se à direita de Deus» (este pormenor é inexplicavelmente omitido na tradução litúrgica). Por outro lado, não é Jesus que deixa os seus, mas é o Pai que o arrebata para o Céu (v. 19 – «foi levado» da tradução litúrgica é menos expressivo); «foi elevado», na voz passiva, pressupõe Deus como o sujeito da acção, tratando-se de uma maneira de dizer muito judaica, com o fim de, por respeito, evitar pronunciar o nome divino.
Como em Actos, a Ascensão de Jesus aparece intimamente ligada à missão universal dos discípulos – «ide a todo o mundo» (v 15) –, deixando ver que a partir de agora temos o começo da acção da Igreja: «e eles partiram a pregar por toda a parte» (v. 20).
Sugestões para a homilia
Cristo sobe ao Céu
Recomendações de Cristo e Acção dos Apóstolos
Cristo sobe ao Céu
Verificamos que esta verdade está patente em todas as leituras da Eucaristia de hoje e em versões diferentes. Vejamos:
- «Dito isto elevou-se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos. E estando de olhar fito no Céu, enquanto Jesus Se afastava, apresentarem-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu». (Primeira Leitura)
- Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, que Ele (o Pai) ressuscitou dos mortos e colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania (…) Tudo submeteu aos seus pés e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos. (Segunda Leitura).
- E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-se à direita de Deus. (Evangelho).
Não comentamos estas passagens nem com elas queremos afirmar que está tudo dito sobre a Ascensão de Cristo.
Citamos também o Compêndio Catecismo da Igreja Católica n.º 132: «Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe aos Céu e senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Espírito Santo e tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.»
Perante isto, que nos falta para entrarmos no Céu?
Querer e usando os meios que Deus nos oferece.
Recomendações de Cristo e Acção dos Apóstolos
«Recomendou que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai. Sereis baptizados no Espírito Santo dentro de poucos dias.
Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra» (Primeira Leitura).
O que fizeram os Apóstolos já todos sabemos. Que nos falta, hoje, para termos êxito em nosso apostolado?
A força do Espírito? Há que pedi-la com muita humildade, perseverança e confiantes. Vinde Espírito Santo, enchei o coração de cada um de nós.
Mas as recomendações aparecem noutros termos no Evangelho de hoje:
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado».
Como temos cumprido esta ordem de Cristo? Como pregamos? Como preparamos os pais, os padrinhos e seus familiares para os baptizados das crianças? Usamos todos os meios de Comunicação Social? Damos prioridade à oração, à formação interior, à vida de comunhão com Cristo?
Acreditamos que só assim Ele pode «cooperar connosco»? Cooperou com os Apóstolos formados na Sua escola. Porque não há-de cooperar também connosco?
Fala o Santo Padre
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O 40º DIA MUNDIAL
DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
Os Media: rede de comunicação, comunhão e cooperação
Amados Irmãos e Irmãs
1. Em continuidade com o quadragésimo aniversário da conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II, desejo recordar o Decreto sobre os Meios de Comunicação Social, Inter mirifica, que reconheceu aos mass media o poder de influenciar toda a sociedade humana. A necessidade de usufruir do melhor modo possível de tais potencialidades, em benefício da humanidade inteira, estimulou-me, nesta minha primeira mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a reflectir acerca do conceito de que a mídia se pode configurar como uma rede capaz de facilitar a comunicação, a comunhão e a cooperação.
São Paulo, na sua carta aos Efésios, descreve detalhadamente a nossa vocação humana para «participar na natureza divina» (Dei Verbum, 21): através de Cristo podemos apresentar-nos ao Pai num só Espírito; assim já não somos estrangeiros nem hóspedes, mas concidadãos dos santos e familiares de Deus, tornando-nos templo santo e habitação de Deus (cf. Ef 2, 18-22). Este retrato sublime de uma vida de comunhão engloba todos os aspectos da nossa existência como cristãos. A chamada a ser fiéis à comunicação de Deus em Cristo é uma chamada a reconhecer a Sua força dinâmica dentro de nós, que depois se alarga aos outros, para que este amor se torne realmente a medida dominante do mundo (cf. Homilia para a Jornada Mundial da Juventude, Colónia, 21 de Agosto de 2005).
2. Em certos aspectos, os progressos tecnológicos dos meios de comunicação venceram o tempo e o espaço, permitindo a comunicação imediata e directa também entre pessoas divididas por enormes distâncias. Este desenvolvimento exige uma grande oportunidade para servir o bem comum e «constitui um património que deve ser salvaguardado e promovido» (O rápido desenvolvimento, 10). Mas como bem sabemos, o nosso mundo está longe de ser perfeito e verificamos quotidianamente que a rapidez da comunicação nem sempre consegue criar um espírito de colaboração e de comunhão no âmbito da sociedade.
Iluminar as consciências dos indivíduos e ajudá-los a desenvolver o próprio pensamento não é uma tarefa fácil. A comunicação autêntica deve basear-se na coragem e na decisão. Quantos trabalham na mídia devem estar determinados a não se deixarem subjugar pela grande quantidade de informações e não devem contentar-se com verdades parciais ou transitórias. De facto, é preciso procurar difundir as verdades fundamentais e o significado profundo da existência humana, pessoal e social (cf. Fides et ratio, 5). Desta forma os meios de comunicação podem contribuir construtivamente para a difusão de tudo o que é bom e verdadeiro.
3. Hoje o apelo que se faz à mídia é que seja responsável, para se tornar protagonista da verdade e promotora da paz que dela deriva, mesmo se isto comporta grandes desafios. Os diversos instrumentos da comunicação social facilitam o intercâmbio de informações e de ideias, contribuindo para a compreensão recíproca entre os diversos grupos, mas ao mesmo tempo podem ser contaminados pela ambiguidade. Os meios de comunicação social são uma «grande mesa redonda» para o diálogo da humanidade, mas algumas atitudes no seu interior podem gerar uma monocultura que ofusca o génio criativo, reduz a subtileza de um pensamento complexo e desvaloriza as peculiaridades das práticas culturais e a individualidade do credo religioso. Estas degenerações verificam-se quando a indústria da mídia se torna fim em si mesma, tendo unicamente por finalidade o lucro, perdendo de vista o sentido de responsabilidade no serviço ao bem comum.
Por conseguinte, é necessário garantir uma cuidadosa crónica dos acontecimentos, uma explicação satisfatória dos assuntos de interesse público, uma apresentação honesta dos diversos pontos de vista. A necessidade de defender e encorajar o matrimónio e a vida da família é particularmente importante, sobretudo porque se faz referência ao fundamento de todas as culturas e sociedades (cf. Apostolicam actuositatem, 11). Em colaboração com os pais, os meios de comunicação social e as indústrias do espectáculo podem servir de apoio na difícil mas nobre e satisfatória vocação de educar as crianças, apresentando modelos edificantes de vida humana e de amor (cf. Inter mirifica, 11). Quando se verifica o contrário, todos nós nos sentimos desencorajados e aviltados. O nosso coração sofre sobretudo quando os nossos jovens são subjugados por expressões de amor degradantes ou falsas, que ridicularizam a dignidade doada por Deus a cada pessoa humana e ameaçam os interesses da família.
4. Para encorajar uma presença construtiva e concreta dos mass media na sociedade, desejo realçar a importância de três aspectos, indicados pelo meu venerado predecessor, o Papa João Paulo II, indispensáveis para um serviço destinado ao bem comum: formação, participação e diálogo (cf. O rápido desenvolvimento, 11).
A formação para um uso responsável e crítico da mídia ajuda a pessoa a servir-se dela de modo inteligente e apropriado. O impacto incisivo de um novo vocabulário e de novas imagens, que sobretudo os mass media electrónicos introduzem tão facilmente na sociedade, não devem ser subestimados. A mídia contemporânea forma a cultura popular, portanto deve vencer qualquer tentação de manipulação, sobretudo em relação aos jovens, procurando ao contrário educar e servir, para garantir a realização de uma sociedade civil digna da pessoa humana, e não a sua desagregação.
A participação na mídia nasce da sua própria natureza, como bem destinado a todos os povos. Como serviço público, a comunicação social exige um espírito de cooperação e co-responsabilidade, exige um uso dos recursos públicos sábio como nunca e um sério compromisso da parte de quantos desempenham papéis de responsabilidade pública (cf. Ética nas Comunicações Sociais, 20), recorrendo também a normas de regulação e a outras providências ou estruturas designadas para tal finalidade.
Por fim, a promoção do diálogo através do intercâmbio de cultura, a expressão de solidariedade e a adesão à paz oferecem uma grande oportunidade à mídia que necessita ser revalorizada e usada. Desta forma, ela torna-se recurso importante e precioso para construir uma civilização de amor, que é o desejo de todos os povos.
Tenho a certeza de que sérios esforços para promover estes três aspectos desenvolverão nos mass media a sua vocação de redes de comunicação, de comunhão e de cooperação, ajudando homens, mulheres e crianças a tornarem-se mais conscientes da dignidade da pessoa humana, mais responsáveis e mais abertos aos outros, sobretudo aos membros da sociedade mais necessitados e mais débeis (cf. Redemptor hominis, 15; Ética nas Comunicações Sociais, 4).
Para concluir , desejo recordar as encorajadoras palavras de São Paulo: Cristo é a nossa paz. Aquele que de dois fez um só povo (cf. Ef 2, 14). Derrubemos o muro de hostilidades que nos divide e construamos a comunhão de amor, segundo os projectos do Criador, revelados através do Seu Filho!
Bento XVI, Vaticano, 24 de Janeiro de 2006,
Solenidade de São Francisco de Sales.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Recebei, Senhor, o sacrifício que Vos oferecemos ao celebrar a admirável ascensão do vosso Filho e, por esta sagrada permuta de dons, fazei que nos elevemos às realidades do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio da Ascensão: p. 474 [604-716]
No Cânone Romano dizem-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) e o Hanc igitur (Aceitai benignamente, Senhor) próprios. Nas Orações Eucarísticas II e III fazem-se também as comemorações próprias.
Prefácio
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
SANTO
Monição da Comunhão
Sem comunhão com Cristo não existe apostolado fecundo.
Mt 28, 20
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Deus eterno e omnipotente, que durante a nossa vida sobre a terra nos fazeis saborear os mistérios divinos, despertai em nós os desejos da pátria celeste, onde já se encontra convosco, em Cristo, a nossa natureza humana. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Ide e pregai o Evangelho na família, na escola, na universidade e noutros ambientes de trabalho.
Celebração e Homilia: ADRIANO TEIXEIRA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA