RITOS INICIAIS
Salmo 65, 1-2
ANTÍFONA DE ENTRADA: Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores. Aleluia.
Diz-se o Glória.
Introdução ao espírito da Celebração
A alegria pascal é a atitude de profunda paz pelo encontro com Jesus Cristo Vivo e Ressuscitado.
A minha vida é celebrada no mistério do amor infinito de Deus que venceu o mal e a morte. A minha fragilidade toca os sinais da sua doação e vive da fé no amor incondicional de Deus.
Saiba eu louvar, agradecer e sentir a urgência do compromisso com Jesus Cristo que dá a vida por mim. Saiba fazer Igreja na comunhão que dimana da presença de Cristo Ressuscitado.
ORAÇÃO COLECTA: Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: A história da salvação é repassada por Pedro que a centraliza em Jesus Cristo: mistério de amor e salvação.
Somos convidados à conversão a este amor e ao seu consequente compromisso.
Actos dos Apóstolos 3, 13-15.17-19
Naqueles dias, Pedro disse ao povo: 13«O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus de nossos pais, glorificou o seu Servo Jesus, que vós entregastes e negastes na presença de Pilatos, estando ele resolvido a soltá-l’O. 14Negastes o Santo e o Justo e pedistes a libertação dum assassino; 15matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-O dos mortos, e nós somos testemunhas disso. 17Agora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes. 18Foi assim que Deus cumpriu o que de antemão tinha anunciado pela boca de todos os Profetas: que o seu Messias havia de padecer. 19Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados».
A leitura é extraída do segundo discurso de Pedro em Actos, após a cura do coxo que mendigava na Porta Formosa do Templo. O discurso obedece ao molde kerigmático do primeiro anúncio aos judeus, mas, na perspectiva de Lucas, visa também os seus leitores e também continua a falar-nos a nós.
13 «O seu Servo Jesus». O termo original grego é ambíguo – «pais» –, e tanto pode significar filho, como servo. A nossa tradução preferiu «servo» pela referência que parece haver a Jesus enquanto cumpre a figura messiânica do Servo de Yahwéh (cf. Is 42 – 53). Trata-se de um título cristológico de sabor primitivo, que se enquadra bem num discurso a ouvintes judeus.
15 «Autor». É mais outro título cristológico, raro no N. T. (em grego, arkhêgós; assim também em 5, 31; cf. Hebr 2, 10; 12, 2). Jesus não é apenas o chefe que conduz à vida, mas é quem comunica a vida aos que nele crêem. O paradoxo é impressionante: matar o Autor da vida, uma vez que Jesus é Deus. Nas traduções, como a primitiva litúrgica, «príncipe da Vida», deixa-se ver mais claramente o contraste estabelecido com «assassino» (v 14), isto é, aquele que tira a vida.
«E nós somos testemunhas disso» (da ressurreição). A Ressurreição de Jesus é um facto real que se comprova por testemunhas altissimamente verídicas! É certo que não é um simples facto histórico natural que tenha entrado no âmbito duma observação experimental comum, pois Jesus só Se manifestou ressuscitado quando quis, como quis e a quem quis e com um corpo glorioso (não como um cadáver reanimado); isto, porém, em nada diminui o valor histórico da sua Ressurreição. É um facto sobrenatural, mas um facto, embora não encaixe em acanhadas perspectivas historicistas.
Salmo Responsorial
Sl 4, 2.4.7.9 (R. 7a)
Monição: O Senhor faz maravilhas pelos seus amigos. O Senhor é a nossa paz e a nossa segurança. Louva minha alma ao Senhor!
Refrão: ERGUEI, SENHOR, SOBRE NÓS A LUZ DO VOSSO ROSTO.
Escutai-me quando Vos invoco,
Ó Deu, meu defensor.
Vós que na tribulação me pusestes a salvo,
por piedade ouvi a minha oração.
Sabei que o Senhor me fez maravilhas.
Ele me ouve quando eu O chamo.
Há quem diga: «quem nos dará a felicidade?»
Fazei brilhar sobre nós a luz do Vosso rosto!
Em paz me deito e adormeço.
Só Vós, Senhor, me fazeis viver tranquilo.
Segunda Leitura
Monição: Guardar a Palavra de Deus gera vida, gera amor. A Palavra que Deus quer que guardemos como tesouro de incalculável valor é o Seu Filho muito amado.
1 São João 2, 1-5a
Meus filhos, 1escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. 2Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. 3E nós sabemos que O conhecemos, se guardamos os seus mandamentos. 4Aquele que diz conhecê-l’O e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. 5aMas se alguém guardar a sua palavra, nesse o amor de Deus é perfeito.
Nestes domingos pascais continuamos a ler extractos da 1ª Carta de S. João. Prestam-se a apelar para os ensinamentos da encíclica de Bento XVI, Deus caritas est. Não presidiu à selecção litúrgica dos textos joaninos a ideia de pôr em evidência a estrutura da obra e todo o seu maravilhoso conteúdo, por isso algumas palavras-chave, como «comunhão», «vida eterna» e «luz/trevas» não chegam a aparecer nos versículos respigados para estes domingos. A escolha parece privilegiar as noções de «cumprir os mandamentos», «amor fraterno», «nascer de Deus», «filiação divina», «libertação do pecado», «conhecer/saber», «verdade», «permanecer em…»
1 «Mas, se alguém pecar…». Se bem que «todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado (…) não peca, mas o Filho de Deus o guarda, e o maligno não oapanha» (1 Jo 3, 9; 5, 18), a verdade é que a pecabilidade não está excluída, devido à nossa limitada liberdade. Mas, se alguém pecar, que não desespere da sua desgraçada situação, pois Jesus – como vítima de expiação – dá-nos a possibilidade de obter o perdão, «se confessamos os nossos pecados» (1, 9). Estas afirmações aparentemente contraditórias (confrontar 1, 8 – 2, 1; 3, 3; 5, 16-17 com 3, 6.9; 5, 18) não são um obstáculo para a unidade da Carta (negada por Bultmann), pois a contradição é apenas aparente, devendo-se ao estilo semítico do autor que gosta de afirmações absolutas e contundentes, sem se preocupar de as matizar devidamente; assim, «o cristão não pode pecar», corresponde a: «o cristão não deve pecar». De qualquer maneira, há autores que consideram que, assim como sucedeu no IV Evangelho, pode ter havido uma redacção sucessiva com a intervenção de um redactor final, discípulo e continuador fiel do Apóstolo (tendo em conta o pronome plural nósjoanino), assim também poderia ter acontecido com esta epístola.
1-2 «Jesus Cristo, o Justo, como advogado… vítima de expiação…»: a insistência em que Jesus é justo (cf. 1, 9: justo e fiel) facilita compreender como Ele pode libertar do pecado os pecadores. Ele é intercessor perante Deus (paráklêtos, advogado, conselheiro, um termo exclusivo da tradição joanina: cf. Jo 14, 16), na linha da teologia desenvolvida na Epístola aos Hebreus (Hebr 9 – 10), onde Cristo aparece à direita de Deus, continuando a purificar-nos com o seu sangue derramado como num sacrifício expiatório oferecido pelos pecados (cf. Hebr 9, 14-28). Vítima de expiação corresponde à linguagem sacrificial do AT (cf. Ex 29, 36-37) e apresenta a morte de Jesus como um sacrifício voluntário, revelador do seu imenso amor (cf. 1 Jo 4, 19; Rm 3, 25; 5, 8-9; 2 Cor 5, 19; Ef 2, 4-5; Apoc 5, 9).
4 «Aquele que diz: Eu conheço-o, mas não guarda…». Esta linguagem parece ser uma crítica aos gnósticos que se ufanavam de possuir um conhecimento superior de Deus, que garantia a salvação e eximia do pecado, sem cuidar de «guardar os seus mandamentos»; quem assim fala é «mentiroso e a verdade não está nele».
Aclamação ao Evangelho
Lc 24, 32
Monição: A paz esteja convosco. Cristo ressuscitado revela-se à sua igreja oferecendo a paz. Tocá-lo nas suas chagas é sentir o chamamento à doação de vida e ao envio.
ALELUIA
Senhor Jesus, abri-nos as Escrituras,
falai-nos e inflamai o nosso coração.
Evangelho
São Lucas 24, 35-48
Naquele tempo, 35os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. 36Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». 37Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. 38Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? 39Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». 40Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» 42Deram-Lhe uma posta de peixe assado, 43que Ele tomou e começou a comer diante deles. 44Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». 45Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras 46e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».
O trecho evangélico de hoje contém uma primeira parte (vv. 35-43), que poderíamos chamar demonstrativa do facto da Ressurreição, centrada na afirmação de Jesus «Sou Eu mesmo (em pessoa)» (v. 39), e outra mais catequética (vv. 44-48): «Depois disse-lhes…».
35-43 A aparição aqui descrita corresponde à do Evangelho do Domingo passado, descrita em S. João (Jo 20, 19-23), mas a verdade é que nós temos dificuldade em estabelecer uma cronologia exacta das aparições, pois não era essa a preocupação dos evangelistas; o que acima de tudo lhes interessava a eles (e aos crentes) era mostrar que Jesus apareceu realmente aos seus, isto é, se deixou ver, muito cedo, logo a partir do terceiro dia, e não a todo o povo, mas às testemunhas anteriormente designadas por Deus (Act 10, 41). No referido relato paralelo, João fixou-se sobretudo no dom do Espírito Santa em ordem à absolvição dos pecados; Lucas fixa-se na dificuldade que os Onze – Tomé especialmente (cf Jo 20, 24-29) – tiveram em acreditar na Ressurreição, apesar dos testemunhos que já havia naquele momento. Em ambos os Evangelistas se refere o pormenor surpreendente da entrada de Jesus com as portas fechadas: «apresentou-Se no meio deles» (v. 36), mas aqui também se mostra Jesus a tomar alimento, uma forma gráfica de pôr em evidência que não se tratava de uma alucinação, mas de verdadeiros encontros pessoais. Lucas, como bom observador psicológico, gosta de sublinhar aquilo que não podiam deixar de ser os sentimentos de uns discípulos que, tendo admirado e amado apaixonadamente o Mestre, vieram a abandoná-lo e a negá-lo miseravelmente; como podiam eles enfrentar-se com um encontro destes tão inesperado, sem experimentarem umas emoções extraordinariamente fortes, estonteantes e contraditórias? Por isso, Lucas não se limita a referir o sentimento de alegria, como João, mas fala de que ficaram «espantados e cheios de medo» (v. 37), «perturbados» (v. 38), e dominados por um misto de alegria, admiração e dúvida (cf. v. 41).
44-48 Estes vv. constituem uma densa síntese catequética, em se salientam elementos básicos da pregação primitiva, centrados no cumprimento das Escrituras, a desembocar na missão universal dos discípulos «a todas as nações» (v. 47), em ordem a pregar «o arrependimento e o perdão dos pecados». Note-se o valor dado ao testemunho dos discípulos (v. 48), «vós sois as testemunhas»: «o homem contemporâneo crê mais nas testemunhas do que nos mestres; crê mais na experiência do que na doutrina; na vida e nas acções, do que em teorias. O testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão» (João Paulo II). E, para que o crente alcance uma correcta compreensão das Escrituras, é preciso que o Senhor lhe abra o entendimento (cf. v. 45).
Sugestões para a homilia
A Paz esteja convosco.
Mostrou-lhes as mãos e os pés.
Vós sois testemunhas de todas estas coisas.
Homilia
A Paz esteja convosco.
A centralidade do Mistério Pascal de Jesus Cristo exige de cada cristão, de forma responsável e dinâmica, um amadurecimento pessoal e comunitário deste imprescindível acontecimento de salvação.
É na morte e ressurreição de Cristo que Deus nos fala de uma forma bela, amorosa, e responde às questões mais pertinentes do Homem e de Deus.
Na primeira leitura, são Pedro, revela esse acontecimento central. Ele possui uma história de fragilidade e pecado, mas possui também uma experiência forte de acolhimento, de amor. O encontro com o Ressuscitado leva-o a proclamar e a testemunhar as maravilhas da misericórdia de Cristo ressuscitado. Recordemos que depois de ressuscitado, Cristo, tem um dos mais belos diálogos de amor, de vocação e chamamento a Pedro. O diálogo termina com: «segue-me».
Pedro oferece-nos o seu testemunho para que também nós, na nossa fragilidade, possamos ser tocadas pela presença de Cristo ressuscitado e sentir a necessidade de amar. Amar somente e para sempre. E nesse amor descobrir a vocação, o chamamento e o compromisso do anúncio.
A experiência de João é também uma experiência de paz que dimana d’Aquele que é superior ao pecado e que intercede por nós. João, na sua fragilidade, também tocou esse amor e por isso nos pede que o guardemos como fonte permanente de conversão e de santidade.
A experiência do perdão do pecado leva-nos a tocarmos o mais profundo do amor de Deus, que tendo descido à nossa miséria nos introduz na santidade e beleza da Sua vida.
Ainda hoje, no sacramento da reconciliação eu toco o amor de Deus. Este sacramento, sinal da presença do ressuscitado, que me faz surgir homem novo, que reconstrói a minha vida é também dinamismo de confirmação da minha vocação e envio como testemunha da Sua pessoa e missão. E sobretudo o Sacramento da Eucaristia, a exemplo dos discípulos de Emaús: O reconhecem, se enchem de alegria e entusiasmo e O anunciam.
Mostrou-lhes as mãos e os pés.
Sentimos muitas vezes necessidade de mostrar os nossos «galões», os nossos títulos, o nosso recheado curriculum, Mas temos receio de nos mostrar a nós próprios. Temos medo de mostrar a nossa fragilidade. Às vezes a santidade não é realidade porque não lemos os sinais da nossa fragilidade no encontro com o Amor, Jesus Cristo.
Cristo mostrou as mãos e os pés. Eles eram o sinal do seu amor, da sua doação e entrega, o sinal da cruz. Mostrou-se naqueles sinais transformados pelo amor mas que foram infligidos com força de ódio, de violência, de tentativa de destruição do próprio Deus feito Homem. Esses sinais são sinais de liberdade: «ninguém me tira a vida eu é que a dou».
Mas este gesto de Lucas é a proclamação da fé em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem: em tudo semelhante a nós. Não é fruto da nossa imaginação! É Ele mesmo, diferente, ressuscitado, mas Deus e Homem, uma só pessoa e duas naturezas. É Jesus Cristo em verdadeira comunhão com os seus discípulos, com a comunidade humana.
Todos somos convidados a vê-Lo, a tocá-Lo com o profundo olhar da fé que na leva a amar de forma intensa e a comprometer a vida com o seu projecto. Tocaremos e veremos o Senhor Ressuscitado em muitos sinais da sua presença, o mais forte e máximo é a Eucaristia, e depois o irmão, e sobretudo o no mais frágil, os pequeninos, os doentes…
Na realidade é preciso vê-Lo e tocá-Lo.
Vós sois testemunhas de todas estas coisas.
A Igreja vive do seu Senhor Ressuscitado. A experiência com Cristo Ressuscitado compromete o cristão, os seus discípulos: no anuncio, no testemunho, no envio, no compromisso com o seu projecto.
Testemunhas pela vida, pela palavra, pelas opções, pelo compromisso com as pessoas, com a Igreja, com a comunidade.
O dinamismo do mistério pascal de Cristo é uma constante até ao seu ponto final. Também em minha vida, na relação com Cristo vivo e ressuscitado, surge em mim, apesar da fragilidade, a novidade e a vitória do mistério pascal do Senhor. E também no mundo, embora este possa acentuar sinais contrários. É imparável a vitória do amor e da vida: Cristo ressuscitado.
A liturgia da celebração deste domingo é um convite à disponibilidade da conversão que dimana do encontro com Cristo ressuscitado. Convite a um compromisso que nos torna suas testemunhas.
Para o cristão, o discípulo que encontrou Jesus Cristo, já não há lugar ao temor, ao medo, à paralisia egoísta, ao calculismo, à corrida aos primeiros lugares, à deturpação da verdadeira imagem de Deus.
É também um convite a amarmos profundamente a Igreja. É nela, comunidade dos crentes, a fazermos a experiência de Cristo ressuscitado e empenharmo-nos com sabedoria e esforço no Seu anúncio.
Maria Santíssima caminha com Igreja de Jesus, comunidade dos seus discípulos, e nos continua a dizer: «Fazei tudo o que Ele vos disser».
Fala o Santo Padre
No tempo pascal a liturgia oferece-nos numerosos estímulos para fortalecer a nossa fé em Cristo ressuscitado. Neste III Domingo da Páscoa, por exemplo, São Lucas narra como os dois discípulos de Emaús, depois de O terem reconhecido «ao partir o pão», se dirigiram cheios de alegria a Jerusalém para informar os outros de quanto tinha acontecido. E precisamente quando estavam a falar, o próprio Senhor fez-se presente mostrando as mãos e os pés com os sinais da paixão. Diante da admiração incrédula dos Apóstolos, Jesus pediu peixe assado e comeu-o diante deles (cf. Lc 24, 35-43).
Nesta e noutras narrações entrevê-se um repetido convite a vencer a incredulidade e a crer na ressurreição de Cristo, porque os seus discípulos estão chamados a ser testemunhas precisamente deste acontecimento extraordinário. A ressurreição de Cristo é o acontecimento central do cristianismo, verdade fundamental que se deve reafirmar com vigor em todos os tempos, porque negá-la como se tentou fazer de várias formas, e ainda se continua a fazer, ou transformá-la num acontecimento meramente espiritual, significa vanificar a nossa própria fé. «Mas se Cristo não ressuscitou – afirma São Paulo – é vã a nossa pregação, e vã é também a nossa fé» (1 Cor 15, 14).
Nos dias seguintes à ressurreição do Senhor, os Apóstolos permaneceram reunidos entre si, confortados pela presença de Maria, e depois da Ascensão perseveraram juntamente com ela em orante expectativa do Pentecostes. Nossa Senhora foi para eles mãe e mestra, papel que continua a desempenhar para os cristãos de todos os tempos. Todos os anos, no tempo pascal, revivemos mais intensamente esta experiência e talvez precisamente por isto a tradição popular consagrou a Maria o mês de Maio, que normalmente se situa entre a Páscoa e o Pentecostes. Este mês, que em breve se iniciará, é-nos por isso útil para redescobrir a função materna que ela desempenha na nossa vida, para que sejamos sempre discípulos dóceis e testemunhas corajosas do Senhor ressuscitado. […]
Bento XVI, Regina Caeli, 30 de Abril de 2006
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai, Senhor, os dons da vossa Igreja em festa. Vós que lhe destes tão grande felicidade, fazei-a tomar parte na alegria eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio pascal: p. 469 [602-714] ou 470-473
SANTO
Monição da Comunhão
No Partir do Pão, os discípulos de Emaús, reconheceram o Senhor Jesus Cristo. Os seus corações encheram-se de alegria e entusiasmo. E foram ao encontro dos irmãos transbordando em alegria. A todos anunciavam Cristo ressuscitado.
Que depois de celebrar este maravilhoso encontro com Cristo eu seja semelhante aos discípulos de Emaús.
Lc 24, 46-47
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Cristo tinha de sofrer a morte e ressuscitar ao terceiro dia, para ser proclamado, em seu nome, o arrependimento e o perdão dos pecados. Aleluia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Olhai com bondade, Senhor para o vosso povo e fazei chegar à gloriosa ressurreição da carne aqueles que renovastes com os sacramentos de vida eterna. Por Nosso Senhor.
RITOS FINAIS
Monição final
O Encontro com Cristo na Eucaristia torna-me convertido e compromete-me a trabalhar pelo Reino de Deus.
Que eu seja uma testemunha fiel da misericórdia, da paz, da verdadeira fé da Igreja. Seja ainda testemunha da vida moral, expressão do encontro com Cristo. E Testemunha da verdadeira teologia e da vida.
HOMILIAS FERIAIS
3ª SEMANA
2ª Feira, 23-IV: O seguimento de Jesus.
Act 6, 8-15 / Jo 6, 22-29
Quando a multidão viu que Jesus não estava ali…Subiram todos para as embarcações e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus.
A multidão seguia Jesus, embora não fosse pelos melhores motivos: «Vós procurais-me… porque comestes dos pães e vos saciastes» (Ev). Pelo contrário, Estêvão seguia Jesus pela fé, o que lhe acarretou a prisão (cf Leit).
Procuremos seguir o Senhor, imitando o seu exemplo, levando à prática os seus ensinamentos. Rezemos nesta semana de orações pelas vocações consagradas para que muitos se decidam dedicar-se ao seu serviço e ultrapassem as dificuldades inerentes a essa decisão.
3ª Feira, 24-IV: Uma vida coerente.
Act 7, 51- 8, 1 / Jo 6, 30-35
Depois atiraram-se a ele (Estêvão) todos juntos, lançaram-no fora da cidade e começaram a apedrejá-lo.
Este ataque a Estêvão (cf Leit), por manifestar publicamente a sua fé, reveste-se de grande actualidade. Os cristãos têm dificuldade em viver a sua fé num ambiente paganizado; assistem à divinização do homem, que quer ocupar o lugar de Deus.
A maior revolução que podemos levar a cabo no nosso tempo é precisamente a coerência de vida. Ao viver de acordo com a nossa fé estamos a promover a dignidade e a liberdade de cada pessoa. Contamos com o auxílio da Eucaristia: «Eu é que sou o pão da vida» (Ev).
4ª Feira, 25-IV: S. Catarina de Sena: Aproximar a Europa de Cristo.
1 Jo 1, 5- 2, 2 / Mt 11, 25-30
É esta a mensagem que ouvimos a Jesus Cristo e que vos anunciamos: Deus é luz e nele não há trevas nenhumas.
Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, teve uma grande influência na unidade da Igreja e na paz e concórdia entre países e cidades europeias. É uma das Padroeiras da Europa.
Imitou Cristo no seu grande amor à verdade, porque Deus é luz. Em muitos aspectos, a cultura europeia andas nas trevas e precisa da nossa actuação, para readquirir a luz de Cristo. Ela escreveu abundantes cartas às autoridades eclesiásticas e civis, apesar da sua pouca cultura. Nela se verificaram as palavras de Jesus: «porque escondeste estas verdades aos sábios e as revelastes aos pequeninos» Ev).
5ª Feira, 26-IV: Os alimentos de vida divina.
Act 8, 26-40 / Jo 6, 44-51
Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente.
Para conservarmos a saúde e ganharmos novas energias precisamos tomar alimentos. Para alcançarmos a vida eterna precisamos igualmente de tomar os alimentos adequados.
O eunuco pede a Filipe o Baptismo (cf Leit) e assim recebe uma vida nova: a vida divina. Esta precisa, para o seu desenvolvimento, do alimento da Palavra de Deus: «quem acredita possui a vida eterna»; e do Pão da vida: «Quem comer deste pão viverá eternamente» (Ev).
Celebração e Homilia: ARMANDO RODRIGUES DIAS
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais: NUNO ROMÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA