Encontro do Cardeal Piacenza com os Seminaristas Estadunidenses na Arquidiocese de Los Angeles

Venerado irmão no episcopado,
Queridos formadores,
Queridíssimos seminaristas:

É para mim motivo de profunda alegria poder encontrar-lhes nesta breve permanência em terras norte-americanas.

O futuro da Igreja, que é certo, já que está nas mãos de sua Cabeça e Senhor, que é Cristo, pulsa nas suas existências. Os seminaristas de hoje, Sacerdotes de amanhã, são a esperança viva do caminho que a Igreja sempre realiza no mundo. Obrigado de coração, em nome da Igreja, pelo seu sim tão generoso!

Saibam desde já que o Prefeito da Congregação para o Clero reza por vocês, para que o seu sim ao Senhor seja total e incondicional.

Este é o segredo da felicidade, o segredo da plena realização da vida Sacerdotal: doar tudo, sem conservar nada para si mesmo, seguindo o exemplo de Jesus!

Não pretendo neste encontro propor-lhes uma conferência, mas, simplesmente, um colóquio informal, concedendo espaço para suas eventuais perguntas espontâneas. Às suas perguntas anteponho umas breves reflexões sobre o que julgo fundamental hoje, e sempre, na formação sacerdotal.

1. O primado de Deus

É algo adquirido pela experiência eclesial. As vocações nascem, florescem, se desenvolvem e chegam à maturidade só onde se reconhece claramente o primado de Deus. Qualquer outra motivação, que também pode acompanhar o início da percepção de uma chamada ao sacerdócio, conflui no movimento de total doação ao Senhor e no reconhecimento do seu primado na nossa vida, na vida da Igreja e na do mundo.

Primado de Deus significa primado da oração, da intimidade divina; primado da vida espiritual e sacramental. A Igreja não tem necessidade de gestores, senão de homens de Deus! Não tem necessidade de sociólogos, psicólogos, antropólogos, ou especialistas em política – e todas as demais atuações que conhecemos e podemos imaginar -.

A Igreja tem necessidade de homens crentes e, portanto, credíveis, de homens que, uma vez acolhendo o chamado do Senhor, sejam suas motivadas testemunhas no mundo!

Primado de Deus significa primado da vida sacramental, vivida hoje e oferecida, a seu tempo, a todos os nossos irmãos! Os homens podem encontrar muitas coisas nos outros; no sacerdote, porém, buscam aquilo que só ele pode dar: a Divina Misericórdia, o Pão da vida eterna, um novo horizonte de significado que faça mais humana a vida presente e possível a vida eterna!

Vivei, queridíssimos seminaristas, este tempo do seminário – que é passageiro – como a grande ocasião que vos é dada para realizar uma extraordinária experiência de intimidade com Deus.

A relação que vocês tecem com Ele nestes anos, certamente se aprofundará e mudará durante a vida, mas os fundamentos, o miolo daquela relação, se constitui agora! O tempo do seminário é, neste sentido, irrepetível! Apesar de qualquer boa experiência que possa acontecer em nossa vida, antes e depois deste tempo, a sabedoria da Igreja indica o tempo de formação em comunidade como necessário para os seus sacerdotes.

A Igreja tem necessidade de homens fortes! De homens firmes na fé, capazes de conduzir os irmãos a uma autêntica experiência de Deus.

A Igreja tem necessidade de sacerdotes que, nas tempestades da cultura dominante, quando “a barca de não poucos irmãos é combatida pelas ondas do relativismo” (cfr. J. Ratzinger, Homilia na Missa Eligendo Romano Pontifice), saibam numa efetiva comunhão com Pedro, manter firme o timão da própria existência, das comunidades que lhes foram confiadas e de todos os irmãos que pedem luz e ajuda para seu caminho de fé.

2. As prioridades da formação

Além do primado indiscutível de Deus, é necessário que a formação humana ocupe o lugar fundamental que lhe corresponde. Ninguém pode esperar uma humanidade perfeita para só depois abraçar às ordens sagradas, mas é indispensável, com toda honestidade, colocar-se em jogo, confiando a Deus, através do diretor espiritual, tudo sobre si mesmo. Não cedam à ilusão de que as questões não resolvidas (ou não afrontadas devidamente) poderão resolver-se improvisadamente depois da ordenação. Não é assim! E a experiência tem demonstrado!

A formação humana tem certamente necessidade de um justo grau de autoconhecimento, e neste sentido as chamadas ciências humanas podem oferecer uma válida ajuda, mas, sobretudo, tem a necessidade de “estar em contato” com a Santa Humanidade de Cristo!

Estando com Ele nós somos plasmados progressivamente! Ele é, de verdade, formador! Neste sentido, a adoração eucarística prolongada desempenha também um papel fundamental e, sobretudo na formação humana! Deixar-se “bronzear” pelo Sol eucarístico, significa, no tempo, passar a lima nas próprias arestas, aprender do Humilde por excelência, estar na escola da Caridade feita carne.

Juntamente com a formação humana, é central a intelectual. Não cabe dúvida de que esta tem ocupado, nas últimas décadas, uma importante parte de toda formação seminarística. Agora, muito provavelmente, neste âmbito é necessário valorar atentamente as proporções e os equilíbrios. Ainda que se deseje para todos uma boa formação, nem todos os sacerdotes deverão ser teólogos.

A formação intelectual deve tender a transmitir os conteúdos certos da fé, argumentando razoavelmente seus fundamentos tanto na Sagrada Escritura, como grande Tradição eclesial e no Magistério, e fazer-se acompanhar pelos exemplos de vida de sacerdotes santos. Vocês não devem desorientar-se nos meandros das diversas opiniões teológicas que não dão certeza e põem a Verdade revelada ao nível de qualquer outro “pensamento humano”. Um seminarista se forma nas certezas e tratando de ter na própria bagagem uma visão de síntese com o entusiasmo da missão.

Estou pessoalmente convencido de que uma boa e sólida formação teológica, que descubra também o sentido filosófico da metafísica, e não tema acolher toda a Verdade completa, é o melhor antídoto a tantas “crises de identidade” que alguns vivem, por desgraça. Neste sentido, o Santo Padre, Bento XVI, tem recordado várias vezes a imprescindível utilização do Catecismo da Igreja Católica como horizonte ao qual mirar e como referência certa do nosso atual pensamento teológico.

O catecismo é também o grande instrumento que o Beato João Paulo II doou a toda a Igreja, para a correta hermenêutica do Concilio Vaticano II. Também sob este aspecto é necessário que a formação intelectual não viva equívocos de nenhum gênero.

Vocês nasceram no Pós-concílio (creio que quase todos) e talvez, por isso são filhos do Concílio, portanto mais imunes às polarizações, às vezes ideológicas, que a interpretação daquele acontecimento providencial suscitou.

Serão vocês, provavelmente, a primeira geração que interpretará corretamente o Concílio Vaticano II, não segundo o “espírito” do Concílio, que tanta desorientação trouxe à Igreja, mas segundo tudo quanto realmente o Acontecimento Conciliar disse, nos seus textos, para Igreja e para o mundo.

Não existe um Concílio Vaticano II diverso daquele que produziu os textos dos quais hoje temos posse! E nestes textos nós encontramos a vontade de Deus para sua Igreja, e com eles é necessário confrontar-se, acompanhados por dois mil anos de Tradição e vida cristã.

A renovação é necessária para a Igreja, porque sempre necessária é a conversão dos seus membros, pobres pecadores! Mas não existe, nem poderia existir uma Igreja pré-conciliar e uma pós-conciliar! Se fosse assim, a segunda – a nossa – seria histórica e teologicamente ilegítima!

Existe uma única Igreja de Cristo, da qual vocês fazem parte, que vai desde Nosso Senhor até os Apóstolos, desde a Bem-aventurada Virgem Maria até os Padres e Doutores da Igreja, desde o Medievo até o Renascimento, do Românico até o Gótico, o Barroco e assim sucessivamente até os nossos dias, ininterruptamente, sem nenhuma ruptura na continuidade, nunca!

A Igreja é o Corpo de Cristo, é a unidade da sua Pessoa que se entrega a nós, seus membros!

Vocês, queridíssimos seminaristas, serão sacerdotes da Igreja de Santo Agostinho, de Santo Ambrósio, de Santo Tomás de Aquino, de São Carlos Borromeu, de São João Maria Vianney, de São João Bosco, de São Pio X, até São Padre Pio, a São José Maria Escrivá e o Beato João Paulo II. Vocês serão os sacerdotes da Igreja que está formada por muitíssimos santos sacerdotes que durante os séculos fazem luminoso, belo, irradiante e portanto facilmente reconhecível, o rosto de Cristo Senhor, no mundo.

A verdadeira prioridade e a verdadeira modernidade, pois, queridos seminaristas, é a santidade! O único recurso possível para uma autêntica e profunda reforma é a santidade e nós temos necessidade de reforma! Para a Santidade não existe um Seminário, a não ser o da Graça de Nosso Senhor e da liberdade que se abre humildemente a sua ação plasmadora e renovadora!

O seminário da Santidade, tem pois, um Reitor verdadeiramente magnífico e é uma mulher: a Bem aventurada Virgem Maria. Que Ela, que durante toda a vida nos repetirá: “Fazei o que Ele lhes diga”, possa acompanhar-nos neste árduo, mas fascinante caminho!

Eis aqui, pois, que disse parte de quanto desejava dizer-vos; o resto vos direi na oração de cada dia, porque de agora em adiante vos levarei comigo todos os dia ao altar. Recordem que ser sacerdote nestes tempos difíceis é belo, mas sacerdote de verdade. Só se é feliz quando não se está só pela metade: ou tudo ou nada!

Texto original em espanhol obtido em zenit.org e traduzido por Alan Vieira e revisado por Thiago Linhares.

Venerado irmão no episcopado,

Queridos formadores,

Queridíssimos seminaristas:

É para mim motivo de profunda alegria poder encontrar-lhes nesta breve permanência em terras norte-americanas.

O futuro da Igreja, que é certo, já que está nas mãos de sua Cabeça e Senhor, que é Cristo, pulsa nas suas existências. Os seminaristas de hoje, Sacerdotes de amanhã, são a esperança viva do caminho que a Igreja sempre realiza no mundo. Obrigado de coração, em nome da Igreja, pelo seu sim tão generoso!

Saibam desde já que o Prefeito da Congregação para o Clero reza por vocês, para que o seu sim ao Senhor seja total e incondicional.

Este é o segredo da felicidade, o segredo da plena realização da vida Sacerdotal: doar tudo, sem conservar nada para si mesmo, seguindo o exemplo de Jesus!

Não pretendo neste encontro propor-lhes uma conferência, mas, simplesmente, um colóquio informal, concedendo espaço para suas eventuais perguntas espontâneas. Às suas perguntas anteponho umas breves reflexões sobre o que julgo fundamental hoje, e sempre, na formação sacerdotal.

1. O primado de Deus

É algo adquirido pela experiência eclesial. As vocações nascem, florescem, se desenvolvem e chegam à maturidade só onde se reconhece claramente o primado de Deus. Qualquer outra motivação, que também pode acompanhar o início da percepção de uma chamada ao sacerdócio, conflui no movimento de total doação ao Senhor e no reconhecimento do seu primado na nossa vida, na vida da Igreja e na do mundo.

Primado de Deus significa primado da oração, da intimidade divina; primado da vida espiritual e sacramental. A Igreja não tem necessidade de gestores, senão de homens de Deus! Não tem necessidade de sociólogos, psicólogos, antropólogos, ou especialistas em política – e todas as demais atuações que conhecemos e podemos imaginar -.

A Igreja tem necessidade de homens crentes e, portanto, credíveis, de homens que, uma vez acolhendo o chamado do Senhor, sejam suas motivadas testemunhas no mundo!

Primado de Deus significa primado da vida sacramental, vivida hoje e oferecida, a seu tempo, a todos os nossos irmãos! Os homens podem encontrar muitas coisas nos outros; no sacerdote, porém, buscam aquilo que só ele pode dar: a Divina Misericórdia, o Pão da vida eterna, um novo horizonte de significado que faça mais humana a vida presente e possível a vida eterna!

Vivei, queridíssimos seminaristas, este tempo do seminário – que é passageiro – como a grande ocasião que vos é dada para realizar uma extraordinária experiência de intimidade com Deus.

A relação que vocês tecem com Ele nestes anos, certamente se aprofundará e mudará durante a vida, mas os fundamentos, o miolo daquela relação, se constitui agora! O tempo do seminário é, neste sentido, irrepetível! Apesar de qualquer boa experiência que possa acontecer em nossa vida, antes e depois deste tempo, a sabedoria da Igreja indica o tempo de formação em comunidade como necessário para os seus sacerdotes.

A Igreja tem necessidade de homens fortes! De homens firmes na fé, capazes de conduzir os irmãos a uma autêntica experiência de Deus.

A Igreja tem necessidade de sacerdotes que, nas tempestades da cultura dominante, quando “a barca de não poucos irmãos é combatida pelas ondas do relativismo” (cfr. J. Ratzinger, Homilia na Missa Eligendo Romano Pontifice), saibam numa efetiva comunhão com Pedro, manter firme o timão da própria existência, das comunidades que lhes foram confiadas e de todos os irmãos que pedem luz e ajuda para seu caminho de fé.

2. As prioridades da formação

Além do primado indiscutível de Deus, é necessário que a formação humana ocupe o lugar fundamental que lhe corresponde. Ninguém pode esperar uma humanidade perfeita para só depois abraçar às ordens sagradas, mas é indispensável, com toda honestidade, colocar-se em jogo, confiando a Deus, através do diretor espiritual, tudo sobre si mesmo. Não cedam à ilusão de que as questões não resolvidas (ou não afrontadas devidamente) poderão resolver-se improvisadamente depois da ordenação. Não é assim! E a experiência tem demonstrado!

A formação humana tem certamente necessidade de um justo grau de autoconhecimento, e neste sentido as chamadas ciências humanas podem oferecer uma válida ajuda, mas, sobretudo, tem a necessidade de “estar em contato” com a Santa Humanidade de Cristo!

Estando com Ele nós somos plasmados progressivamente! Ele é, de verdade, formador! Neste sentido, a adoração eucarística prolongada desempenha também um papel fundamental e, sobretudo na formação humana! Deixar-se “bronzear” pelo Sol eucarístico, significa, no tempo, passar a lima nas próprias arestas, aprender do Humilde por excelência, estar na escola da Caridade feita carne.

Juntamente com a formação humana, é central a intelectual. Não cabe dúvida de que esta tem ocupado, nas últimas décadas, uma importante parte de toda formação seminarística. Agora, muito provavelmente, neste âmbito é necessário valorar atentamente as proporções e os equilíbrios. Ainda que se deseje para todos uma boa formação, nem todos os sacerdotes deverão ser teólogos.

A formação intelectual deve tender a transmitir os conteúdos certos da fé, argumentando razoavelmente seus fundamentos tanto na Sagrada Escritura, como grande Tradição eclesial e no Magistério, e fazer-se acompanhar pelos exemplos de vida de sacerdotes santos. Vocês não devem desorientar-se nos meandros das diversas opiniões teológicas que não dão certeza e põem a Verdade revelada ao nível de qualquer outro “pensamento humano”. Um seminarista se forma nas certezas e tratando de ter na própria bagagem uma visão de síntese com o entusiasmo da missão.

Estou pessoalmente convencido de que uma boa e sólida formação teológica, que descubra também o sentido filosófico da metafísica, e não tema acolher toda a Verdade completa, é o melhor antídoto a tantas “crises de identidade” que alguns vivem, por desgraça. Neste sentido, o Santo Padre, Bento XVI, tem recordado várias vezes a imprescindível utilização do Catecismo da Igreja Católica como horizonte ao qual mirar e como referência certa do nosso atual pensamento teológico.

O catecismo é também o grande instrumento que o Beato João Paulo II doou a toda a Igreja, para a correta hermenêutica do Concilio Vaticano II. Também sob este aspecto é necessário que a formação intelectual não viva equívocos de nenhum gênero.

Vocês nasceram no Pós-concílio (creio que quase todos) e talvez, por isso são filhos do Concílio, portanto mais imunes às polarizações, às vezes ideológicas, que a interpretação daquele acontecimento providencial suscitou.

Serão vocês, provavelmente, a primeira geração que interpretará corretamente o Concílio Vaticano II, não segundo o “espírito” do Concílio, que tanta desorientação trouxe à Igreja, mas segundo tudo quanto realmente o Acontecimento Conciliar disse, nos seus textos, para Igreja e para o mundo.

Não existe um Concílio Vaticano II diverso daquele que produziu os textos dos quais hoje temos posse! E nestes textos nós encontramos a vontade de Deus para sua Igreja, e com eles é necessário confrontar-se, acompanhados por dois mil anos de Tradição e vida cristã.

A renovação é necessária para a Igreja, porque sempre necessária é a conversão dos seus membros, pobres pecadores! Mas não existe, nem poderia existir uma Igreja pré-conciliar e uma pós-conciliar! Se fosse assim, a segunda – a nossa – seria histórica e teologicamente ilegítima!

Existe uma única Igreja de Cristo, da qual vocês fazem parte, que vai desde Nosso Senhor até os Apóstolos, desde a Bem-aventurada Virgem Maria até os Padres e Doutores da Igreja, desde o Medievo até o Renascimento, do Românico até o Gótico, o Barroco e assim sucessivamente até os nossos dias, ininterruptamente, sem nenhuma ruptura na continuidade, nunca!

A Igreja é o Corpo de Cristo, é a unidade da sua Pessoa que se entrega a nós, seus membros!

Vocês, queridíssimos seminaristas, serão sacerdotes da Igreja de Santo Agostinho, de Santo Ambrósio, de Santo Tomás de Aquino, de São Carlos Borromeu, de São João Maria Vianney, de São João Bosco, de São Pio X, até São Padre Pio, a São José Maria Escrivá e o Beato João Paulo II. Vocês serão os sacerdotes da Igreja que está formada por muitíssimos santos sacerdotes que durante os séculos fazem luminoso, belo, irradiante e portanto facilmente reconhecível, o rosto de Cristo Senhor, no mundo.

A verdadeira prioridade e a verdadeira modernidade, pois, queridos seminaristas, é a santidade! O único recurso possível para uma autêntica e profunda reforma é a santidade e nós temos necessidade de reforma! Para a Santidade não existe um Seminário, a não ser o da Graça de Nosso Senhor e da liberdade que se abre humildemente a sua ação plasmadora e renovadora!

O seminário da Santidade, tem pois, um Reitor verdadeiramente magnífico e é uma mulher: a Bem aventurada Virgem Maria. Que Ela, que durante toda a vida nos repetirá: “Fazei o que Ele lhes diga”, possa acompanhar-nos neste árduo, mas fascinante

Venerado irmão no episcopado,

Queridos formadores,

Queridíssimos seminaristas:

É para mim motivo de profunda alegria poder encontrar-lhes nesta breve permanência em terras norte-americanas.

O futuro da Igreja, que é certo, já que está nas mãos de sua Cabeça e Senhor, que é Cristo, pulsa nas suas existências. Os seminaristas de hoje, Sacerdotes de amanhã, são a esperança viva do caminho que a Igreja sempre realiza no mundo. Obrigado de coração, em nome da Igreja, pelo seu sim tão generoso!

Saibam desde já que o Prefeito da Congregação para o Clero reza por vocês, para que o seu sim ao Senhor seja total e incondicional.

Este é o segredo da felicidade, o segredo da plena realização da vida Sacerdotal: doar tudo, sem conservar nada para si mesmo, seguindo o exemplo de Jesus!

Não pretendo neste encontro propor-lhes uma conferência, mas, simplesmente, um colóquio informal, concedendo espaço para suas eventuais perguntas espontâneas. Às suas perguntas anteponho umas breves reflexões sobre o que julgo fundamental hoje, e sempre, na formação sacerdotal.

  1. 1. O primado de Deus

É algo adquirido pela experiência eclesial. As vocações nascem, florescem, se desenvolvem e chegam à maturidade só onde se reconhece claramente o primado de Deus. Qualquer outra motivação, que também pode acompanhar o início da percepção de uma chamada ao sacerdócio, conflui no movimento de total doação ao Senhor e no reconhecimento do seu primado na nossa vida, na vida da Igreja e na do mundo.

Primado de Deus significa primado da oração, da intimidade divina; primado da vida espiritual e sacramental. A Igreja não tem necessidade de gestores, senão de homens de Deus! Não tem necessidade de sociólogos, psicólogos, antropólogos, ou especialistas em política – e todas as demais atuações que conhecemos e podemos imaginar -.

A Igreja tem necessidade de homens crentes e, portanto, credíveis, de homens que, uma vez acolhendo o chamado do Senhor, sejam suas motivadas testemunhas no mundo!

Primado de Deus significa primado da vida sacramental, vivida hoje e oferecida, a seu tempo, a todos os nossos irmãos! Os homens podem encontrar muitas coisas nos outros; no sacerdote, porém, buscam aquilo que só ele pode dar: a Divina Misericórdia, o Pão da vida eterna, um novo horizonte de significado que faça mais humana a vida presente e possível a vida eterna!

Vivei, queridíssimos seminaristas, este tempo do seminário – que é passageiro – como a grande ocasião que vos é dada para realizar uma extraordinária experiência de intimidade com Deus.

A relação que vocês tecem com Ele nestes anos, certamente se aprofundará e mudará durante a vida, mas os fundamentos, o miolo daquela relação, se constitui agora! O tempo do seminário é, neste sentido, irrepetível! Apesar de qualquer boa experiência que possa acontecer em nossa vida, antes e depois deste tempo, a sabedoria da Igreja indica o tempo de formação em comunidade como necessário para os seus sacerdotes.

A Igreja tem necessidade de homens fortes! De homens firmes na fé, capazes de conduzir os irmãos a uma autêntica experiência de Deus.

A Igreja tem necessidade de sacerdotes que, nas tempestades da cultura dominante, quando “a barca de não poucos irmãos é combatida pelas ondas do relativismo” (cfr. J. Ratzinger, Homilia na Missa Eligendo Romano Pontifice), saibam numa efetiva comunhão com Pedro, manter firme o timão da própria existência, das comunidades que lhes foram confiadas e de todos os irmãos que pedem luz e ajuda para seu caminho de fé.

  1. 2. As prioridades da formação

Além do primado indiscutível de Deus, é necessário que a formação humana ocupe o lugar fundamental que lhe corresponde. Ninguém pode esperar uma humanidade perfeita para só depois abraçar às ordens sagradas, mas é indispensável, com toda honestidade, colocar-se em jogo, confiando a Deus, através do diretor espiritual, tudo sobre si mesmo. Não cedam à ilusão de que as questões não resolvidas (ou não afrontadas devidamente) poderão resolver-se improvisadamente depois da ordenação. Não é assim! E a experiência tem demonstrado!

A formação humana tem certamente necessidade de um justo grau de autoconhecimento, e neste sentido as chamadas ciências humanas podem oferecer uma válida ajuda, mas, sobretudo, tem a necessidade de “estar em contato” com a Santa Humanidade de Cristo!

Estando com Ele nós somos plasmados progressivamente! Ele é, de verdade, formador! Neste sentido, a adoração eucarística prolongada desempenha também um papel fundamental e, sobretudo na formação humana! Deixar-se “bronzear” pelo Sol eucarístico, significa, no tempo, passar a lima nas próprias arestas, aprender do Humilde por excelência, estar na escola da Caridade feita carne.

Juntamente com a formação humana, é central a intelectual. Não cabe dúvida de que esta tem ocupado, nas últimas décadas, uma importante parte de toda formação seminarística. Agora, muito provavelmente, neste âmbito é necessário valorar atentamente as proporções e os equilíbrios. Ainda que se deseje para todos uma boa formação, nem todos os sacerdotes deverão ser teólogos.

A formação intelectual deve tender a transmitir os conteúdos certos da fé, argumentando razoavelmente seus fundamentos tanto na Sagrada Escritura, como grande Tradição eclesial e no Magistério, e fazer-se acompanhar pelos exemplos de vida de sacerdotes santos. Vocês não devem desorientar-se nos meandros das diversas opiniões teológicas que não dão certeza e põem a Verdade revelada ao nível de qualquer outro “pensamento humano”. Um seminarista se forma nas certezas e tratando de ter na própria bagagem uma visão de síntese com o entusiasmo da missão.

Estou pessoalmente convencido de que uma boa e sólida formação teológica, que descubra também o sentido filosófico da metafísica, e não tema acolher toda a Verdade completa, é o melhor antídoto a tantas “crises de identidade” que alguns vivem, por desgraça. Neste sentido, o Santo Padre, Bento XVI, tem recordado várias vezes a imprescindível utilização do Catecismo da Igreja Católica como horizonte ao qual mirar e como referência certa do nosso atual pensamento teológico.

O catecismo é também o grande instrumento que o Beato João Paulo II doou a toda a Igreja, para a correta hermenêutica do Concilio Vaticano II. Também sob este aspecto é necessário que a formação intelectual não viva equívocos de nenhum gênero.

Vocês nasceram no Pós-concílio (creio que quase todos) e talvez, por isso são filhos do Concílio, portanto mais imunes às polarizações, às vezes ideológicas, que a interpretação daquele acontecimento providencial suscitou.

Serão vocês, provavelmente, a primeira geração que interpretará corretamente o Concílio Vaticano II, não segundo o “espírito” do Concílio, que tanta desorientação trouxe à Igreja, mas segundo tudo quanto realmente o Acontecimento Conciliar disse, nos seus textos, para Igreja e para o mundo.

Não existe um Concílio Vaticano II diverso daquele que produziu os textos dos quais hoje temos posse! E nestes textos nós encontramos a vontade de Deus para sua Igreja, e com eles é necessário confrontar-se, acompanhados por dois mil anos de Tradição e vida cristã.

A renovação é necessária para a Igreja, porque sempre necessária é a conversão dos seus membros, pobres pecadores! Mas não existe, nem poderia existir uma Igreja pré-conciliar e uma pós-conciliar! Se fosse assim, a segunda – a nossa – seria histórica e teologicamente ilegítima!

Existe uma única Igreja de Cristo, da qual vocês fazem parte, que vai desde Nosso Senhor até os Apóstolos, desde a Bem-aventurada Virgem Maria até os Padres e Doutores da Igreja, desde o Medievo até o Renascimento, do Românico até o Gótico, o Barroco e assim sucessivamente até os nossos dias, ininterruptamente, sem nenhuma ruptura na continuidade, nunca!

A Igreja é o Corpo de Cristo, é a unidade da sua Pessoa que se entrega a nós, seus membros!

Vocês, queridíssimos seminaristas, serão sacerdotes da Igreja de Santo Agostinho, de Santo Ambrósio, de Santo Tomás de Aquino, de São Carlos Borromeu, de São João Maria Vianney, de São João Bosco, de São Pio X, até São Padre Pio, a São José Maria Escrivá e o Beato João Paulo II. Vocês serão os sacerdotes da Igreja que está formada por muitíssimos santos sacerdotes que durante os séculos fazem luminoso, belo, irradiante e portanto facilmente reconhecível, o rosto de Cristo Senhor, no mundo.

A verdadeira prioridade e a verdadeira modernidade, pois, queridos seminaristas, é a santidade! O único recurso possível para uma autêntica e profunda reforma é a santidade e nós temos necessidade de reforma! Para a Santidade não existe um Seminário, a não ser o da Graça de Nosso Senhor e da liberdade que se abre humildemente a sua ação plasmadora e renovadora!

O seminário da Santidade, tem pois, um Reitor verdadeiramente magnífico e é uma mulher: a Bem aventurada Virgem Maria. Que Ela, que durante toda a vida nos repetirá: “Fazei o que Ele lhes diga”, possa acompanhar-nos neste árduo, mas fascinante caminho!

Eis aqui, pois, que disse parte de quanto desejava dizer-vos; o resto vos direi na oração de cada dia, porque de agora em adiante vos levarei comigo todos os dia ao altar. Recordem que ser sacerdote nestes tempos difíceis é belo, mas sacerdote de verdade. Só se é feliz quando não se está só pela metade: ou tudo ou nada!

Texto original em espanhol obtido em zenit.org e traduzido por Alan Vieira

caminho!

Eis aqui, pois, que disse parte de quanto desejava dizer-vos; o resto vos direi na oração de cada dia, porque de agora em adiante vos levarei comigo todos os dia ao altar. Recordem que ser sacerdote nestes tempos difíceis é belo, mas sacerdote de verdade. Só se é feliz quando não se está só pela metade: ou tudo ou nada!

Texto original em espanhol obtido em zenit.org e traduzido por Alan Vieira

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