RITOS INICIAIS
Salmo 83, 10-11
ANTÍFONA DE ENTRADA: Senhor Deus, nosso protector, ponde os olhos no rosto do vosso Ungido. Um dia em vossos átrios vale mais de mil longe de Vós.
Introdução ao espírito da Celebração
No evangelho de hoje Jesus apresenta-nos a história muito bonita da cananeia, que é para nós exemplo de fé e de oração humilde.
Vamos aprender com ela, para viver este encontro com o Senhor e para Lhe pedir hoje de modo particular pelos emigrantes, que hoje lembramos de modo especial.
A primeira manifestação de humildade é reconhecer os nossos pecados. Examinemo-nos com valentia e sinceridade.
ORAÇÃO COLECTA: Deus de bondade infinita, que preparastes bens invisíveis para aqueles que Vos amam, infundi em nós o vosso amor, para que, amando-Vos em tudo e acima de tudo, alcancemos as vossas promessas, que excedem todo o desejo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: O profeta Isaías lembra que a salvação é para todos os povos e a Igreja está aberta a todos os homens.
Isaías 56, 1.6-7
1Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. 6Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, 7hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos».
O profeta fala-nos do convite amoroso que Deus faz a todos os homens para pertencerem ao seu Povo. Ele quer verdadeiramente a salvação de todos os povos. Este belo texto, com que se inicia o «Terceiro Isaías», fala-nos da admissão dos estrangeiros dentro da comunidade judaica, mas com a condição de que se sujeitem à observância da Lei, no referente às práticas cultuais; esses viriam a ser os prosélitos. Esta visão universalista – «a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos» – prepara a catolicidade da Igreja de Cristo, mas ainda fica muito longe dela, ao mover-se dentro do âmbito do povo antigo de Deus, balizado pelo culto e pelas práticas judaicas.
Salmo Responsorial
Sl 66 (67), 2-3.5.6.8 (R. 4)
Monição: O salmo canta o senhorio de Deus sobre todos os povos, animando-os a todos a louvar ao Senhor.
Refrão: LOUVADO SEJAIS, SENHOR,
PELOS POVOS DE TODA A TERRA.
Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção,
resplandeça sobre nós a luz do seu rosto.
Na terra se conhecerão os vossos caminhos
e entre os povos a vossa salvação.
Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgais os povos com justiça
e governais as nações sobre a terra.
Os povos Vos louvem, ó Deus,
todos os povos Vos louvem.
Deus nos dê a sua bênção
e chegue o seu temor aos confins da terra.
Segunda Leitura
Monição: Deus chamou os judeus e os pagãos à fé .Os pagãos acolheram com mais entusiasmo o Evangelho. Tantos povos novos dão hoje exemplo aos de antiga cristandade, que estão amortecidos na sua fé.
Romanos 11, 13-15.29-32
Irmãos: 13É a vós, os gentios, que eu falo: Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério 14a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. 15Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? 29Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. 30Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. 31Assim também eles desobedeceram agora, devido à misericórdia que alcançastes, para que, por sua vez, também eles alcancem agora misericórdia. 32Efectivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos.
Porque Deus só quer o bem dos seus filhos, não se deixa vencer pelas nossas misérias. Até se serve delas, por vezes, para que nos resolvamos a voltar aos caminhos do seu amor, beneficiando da sua Misericórdia. É nesta ordem de ideias que se move S. Paulo ao afirmar que a infidelidade de Israel não será definitiva.
13-14 «Os gentios». A maior parte dos cristãos de Roma, na altura da redacção da carta, isto é, pelo ano 57, seriam procedentes da gentilidade. S. Paulo diz que, com a sua missão de trazer ao Reino de Deus os gentios, espera provocar a emulação dos judeus que, ao verem os frutos do Evangelho no mundo pagão, se sentirão atraídos para dele virem a participar.
15 O Apóstolo futura os maiores bens de salvação com essa conversão dos judeus; será como um regresso à vida de muitos mortos. Hoje não se interpreta esta passagem no sentido de que a conversão dos judeus seja um sinal do fim do mundo; com efeito, «um regresso de mortos à vida» não indica a ressurreição final, mas simplesmente a vinda do povo judeu à fé e à vida em Cristo.
Aclamação ao Evangelho
Mt 4, 2
Monição: A fé da cananeia anima-nos a ouvir com entusiasmo a Jesus, que está aqui junto de nós, com o mesmo poder de há dois mil anos.
ALELUIA
Jesus proclamava o evangelho do reino
e curava todas as doenças entre o povo.
Evangelho
São Mateus 15, 21-28
21Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. 22Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». 23Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». 24Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». 25Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». 26Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». 27Mas ela replicou: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». 28Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.
Este episódio da mulher cananeia também aparece contado em Marcos (Mc 7, 24-30), que a chama siro-fenícia e que tem o cuidado de não incluir o v. 24 de Mt – «não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel» –, que lhe constaria da tradição, mas que era demasiado duro para os seus destinatários imediatos, os cristãos de Roma, na maioria de origem gentílica. Jesus vem para todos os homens, mas estava nos seus planos pregar directamente apenas aos judeus. Caberia aos Apóstolos virem a evangelizar gentios (cf. Mt 28, 19-20).
21 «Tiro e Sidon»: cidades da costa fenícia, que hoje pertencem ao Líbano. O facto de que ficavam fora da jurisdição de Herodes Antipas, justifica que Jesus estivesse ali mais tranquilo e pudesse cuidar mais intensamente a formação dos seus discípulos.
22-27 A fé desta mulher é descrita de modo impressionante: não desiste apesar de se tornar maçadora (v. 22-23) e de se reconhecer indigna (vv. 24-26); persevera e alcança o que pede (vv. 27-28). As negativas de Jesus revelam uma dureza e desinteresse apenas aparentes, que são a ocasião de se pôr à prova a fé vibrante e humilde daquela pobre mãe aflita. Registamos o comentário do Santo Cura de Ars: «Muitas vezes o Senhor não nos concede logo o que Lhe pedimos. (…) Esse atraso não é uma recusa, mas uma prova que nos dispõe para recebermos mais abundantemente o que Lhe pedimos».
Sugestões para a homilia
Mulher é grande a tua fé
Agora alcançastes misericórdia
Casa de oração para todos os povos
Mulher é grande a tua fé
Esta cena do Evangelho mostra-nos a fé daquela mulher pagã, vizinha de Israel. Jesus escuta os seus pedidos e exclama admirado: – mulher, é grande a tua fé.
Também hoje muitos povos do mundo, onde o cristianismo é minoria, estão a dar lições de fé aos países de antiga cristandade, que têm uma vida cristã mortiça. Países do terceiro mundo têm os seminários a abarrotar, enquanto os da Europa cristã estão, em muitos casos, às moscas.
Países como a China, onde os cristãos fiéis ao Papa são perseguidos, vão crescendo rapidamente em número de baptizados e vencendo heroicamente as dificuldades, enquanto em Portugal os católicos se vão desleixando ainda mais na prática dominical.
Hoje, dia mundial das migrações, vamos alargar os nossos horizontes ao mundo inteiro. Temos de sentir as alegrias da fé católica, aberta a todos os homens, a todas as línguas, a todas as raças. E sentir a responsabilidade pela salvação de todos. E a coragem de aprender com os irmãos de outros países, que não tendo as riquezas materiais nem tantas tradições cristãs, como nós, são mais generosos e sacrificados ao viver a novidade do Evangelho.
E a fé, como na cananeia, há-de levar-nos a confiar em tudo em Jesus, aceitando sem discutir o que nos ensina através da Sua Igreja. Há-de levar-nos a rezar com insistência, alcançando para nós e para o mundo as graças que necessitamos.
À medida que vai aumentando o dinheiro pode vir a tentação de pensar que já nem precisamos de Deus ou que as comodidades nos podem alcançar a felicidade. Isto pode acontecer com os emigrantes. E pode acontecer com todos nós. É o perigo da abundância, com graves consequências para a fé. E para todas as civilizações ao longo dos séculos, pois lhes acarretou a corrupção e a destruição.
A cananeia pedia a Jesus que libertasse a sua filha do demónio. Como ela tantos pais de hoje têm de rezar com persistência que nada faça desanimar, para que os seus filhos se libertem de Satanás e também a sua perseverança pelos caminhos do bem. Como fez Santa Mónica com seu filho Agostinho, que dentro de dias a Igreja vai recordar. Andou dezoito anos a rezar e a chorar por ele. E, como à cananeia, Jesus escutou-a, dando-lhe imensamente mais que o que ela pedia.
Santa Mónica tinha-lhe ensinado cuidadosamente a fé cristã quando era pequeno. E quando ele se desviou, além da sua oração por ele, continuava a dar-lhe exemplo claro de vida cristã, acompanhado de lágrimas e admoestações.Os pais têm de imitá-la nisso também.
Agora alcançastes misericórdia
Na 2ª leitura, S.Paulo lembra aos cristãos vindos do paganismo os seus descaminhos antes do baptismo e como agora alcançaram misericórdia.
Lembra-nos também a nós as riquezas da nossa fé. Interessa melhorar a vida económica? Sem dúvida. Os nossos emigrantes fizeram tantos sacrifícios mourejando por outras terras. Mas não devem esquecer que o tesouro maior que têm não é o dinheiro. É a sua fé católica que dá sentido à vida, que dá alegria e força no meio das dificuldades da vida e que dá a garantia da felicidade no céu.
É esse tesouro que têm de procurar antes de mais para seus filhos, cuidando a sério a sua formação cristã. Mandando-os à catequese e ensinando-os em casa, em primeiro lugar com o seu exemplo de vida.
A fé vive-se em ir à missa cada domingo, sem nos desculparmos com trabalhos, com passeios, com distâncias. A prática dominical é fundamental para alimentar a nossa fé e a nossa vida cristã. Em muitos lugares os católicos tornaram-se mais descuidados. É motivo para nos examinarmos e para ajudar os que vivem a nosso lado, sobretudo da nossa família
A nossa fé vive-se em pequenos pormenores tradicionais entre os cristãos: um quadro da Virgem e um crucifixo, em lugar de honra em nossas casas, presidindo à nossa vida de família. Uma medalha de Nossa Senhora ou uma cruz ao peito e não um chifre ou uma ferradura. Alguns com vergonha de parecer cristãos acabam por fazer figura de idiotas, porque a superstição é a pior das idiotices.
Sejamos portadores de Cristo para os que nos rodeiam, lá fora na emigração ou no turismo. Cá dentro, em nossa vida de cada dia. Que os outros, ao ver-nos, sintam a atracção para a figura amável de Jesus Cristo, porque O vêem reflectido no exemplo do nosso trabalho bem feito, na nossa bondade para com todos, a começar pelos de casa, e pela nossa alegria e optimismo.
Aconteceu assim com os primeiros cristãos: ao receberem o baptismo já não iam aos espectáculos degradantes dos pagãos, levavam uma vida limpa no meio da imoralidade reinante, como agora. Amavam-se uns aos outros, com um amor que assombrava os que os rodeavam. Quando eram condenados ao martírio iam a cantar para a arena, espantando os pagãos embrutecidos pela crueldade dos espectáculos.
É este exemplo que o mundo espera dos cristãos de hoje e que há-de atrair à fé tantos que continuam à procura de Cristo sem o saber.
É este exemplo que nos deixaram os santos. Também os do nosso tempo: S.Josemaria, S.Pio de Pietralcina, beata Teresa de Calcutá, João Paulo II. Nos primeiros 22 anos do pontificado deste papa os católicos aumentaram no mundo 38 por cento.
Os emigrantes têm uma missão fundamental neste testemunho nos países onde trabalham. E todos temos esta missão junto dos emigrantes que vêm até nós.
João Paulo II falou repetidamente da nova evangelização da Europa, que hoje volta a cobrir-se com as trevas do paganismo, mais agressivo que no tempo dos Apóstolos. Bento XVI convida-nos a viver este ano com os olhos em S.Paulo, celebrando os 2.000 anos do nascimento do apóstolo.É oportunidade para realizar esta nova evangelização no continente europeu.
Nos Actos dos Apóstolos S.Lucas conta-nos como o Espírito Santo guiou os passos de S.Paulo para trazer o Evangelho à Europa:
«Depois de terem atravessado a Mísia, desceram a Tróade. Durante a noite, Paulo teve uma visão: Apresentava-se diante dele, em pé, um homem da Macedónia que lhe rogava: «Passa à Macedónia e ajuda-nos». Logo que teve esta visão, procurámos partir para a Macedónia persuadidos de que Deus nos chamava a ir lá anunciar a Boa Nova. Tendo-nos, pois, feito à vela de Tróade, fomos directamente a Samotrácia e, no dia seguinte, a Neápolis; daí a Filipos, que é uma colónia romana e cidade principal daquela parte da Macedónia. Nesta cidade nos detivemos alguns dias. No sábado, saímos fora das portas, junto de um rio, onde julgávamos haver um lugar de oração. Sentando-nos, falávamos às mulheres que tinham concorrido. Uma mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, que negociava em púrpura, temente a Deus, ouvia-nos. O Senhor abriu-lhe o coração, para aderir àquelas coisas que Paulo dizia. Tendo sido baptizada ela com sua família, fez este pedido: «Se julgais que sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa e ficai nela». E obrigou-nos a isso.»
É uma mulher, Lídia, a primeira europeia a receber a fé e a tarbalhar para espalhá-la à sua volta.
Logo encontrou a perseguição, mas esta não o fez desanimar:
«Aconteceu que, um dia, indo nós à oração, nos veio ao encontro uma jovem escrava que tinha um espírito pitónico, e que com as suas adivinhações dava muito lucro a seus amos. Ela, seguindo-nos a Paulo e a nós, gritava, dizendo: ‘Estes homens são servos do Deus excelso e vos anunciam o caminho da salvação’. E fez isto muitos dias. Paulo, porém, enfadado, tendo-se voltado para ela, disse ao espírito: «Ordeno-te, em nome de Jesus Cristo, que saias dessa mulher». E ele na mesma hora saiu.
Mas, vendo seus amos que se lhes tinha acabado a esperança do lucro, pegando em Paulo e em Silas, os levaram ao foro, às autoridades e, apresentando-os aos magistrados, disseram: ‘Estes homens amotinam a nossa cidade, sendo judeus, pregam um género de vida que não nos é lícito admitir nem praticar, sendo romanos’. Então o povo levantou-se contra eles, e os magistrados, depois de ordenarem que lhes arrancassem as vestes, mandaram que fossem açoitados com varas. Tendo-os ferido com muitos açoites, meteram-nos na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com cuidado. Ele, recebida esta ordem, meteu-os no calabouço interior e prendeu-lhes os pés no cepo.
Mas, pela meia-noite, Paulo e Silas oravam, cantando louvores a Deus, e os que estavam na prisão ouviam-nos; subitamente, sentiu-se um terramoto tão grande que se moveram os alicerces da prisão. Abriram-se logo todas as portas e quebraram-se as cadeias de todos. Despertado o carcereiro e vendo abertas as portas da prisão, puxou da espada e queria matar-se, julgando que tinham fugido os presos.
Mas Paulo gritou com voz forte: ‘Não te faças nenhum mal, porque estamos todos aqui’. Então, tendo pedido luz, entrou dentro e, tremendo, lançou-se aos pés de Paulo e de Silas. Depois, tirando-os para fora, disse: ‘Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?’. Eles responderam: ‘Acredita no Senhor Jesus, e serás salvo tu e a tua família’. E pregaram a palavra do Senhor a ele e a todos os que estavam na sua casa. Então, tomando cuidado deles àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente foi baptizado com toda a sua família. Feito isto, levou-os à sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se com toda a sua família por ter acreditado em Deus.
Quando foi dia, os magistrados mandaram os lictores dizer ao carcereiro: ‘Põe esses homens em liberdade!’. O carcereiro levou esta nova a Paulo: ‘Os magistrados mandaram pôr-vos em liberdade. Agora, pois, saindo daqui, ide em paz’. Mas Paulo disse-lhes: ‘Açoitados publicamente, sem julgamento, sendo cidadãos romanos, metidos na prisão, e agora fazem-nos sair em segredo? Não será assim, mas venham, e tirem-nos eles mesmos’.
Os lictores referiram estas palavras aos magistrados, que ouvindo dizer que eram cidadãos romanos, tiveram medo. Foram, pois, pediram-lhes desculpa e, tirando-os para fora, lhes rogaram que saíssem da cidade. Saindo da prisão, entraram em casa de Lídia; e, tendo visto os irmãos, consolaram-nos e partiram.» (Act 16, 8-40 )
Temos de aprender com Paulo esta ânsia de comunicar a riqueza da nossa fé aos que nos rodeiam. Sem que nada possa desanimar-nos.
Casa de oração para todos os povos
A Igreja é casa de oração para todos os povos, como lembrava o profeta. Ela está aberta a todos as raças e culturas. Vivendo a nossa fé, mais que ninguém saberemos acolher tantos emigrantes que vêm até nós à procura de melhores condições de vida. O racismo e xenofobia não cabem no coração dum cristão que viva a sério a sua fé.
A melhor garantia do entendimento entre raças e povos não são as ideias, só porque estão na moda, pois sabemos como variam as modas.
Não foram os revolucionários franceses que descobriram as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Elas vêm de Cristo e só no cristianismo encontram raízes para se desenvolverem plenamente. O grande fundamento da fraternidade não é ter a mesma natureza. É sermos filhos do mesmo Pai que está nos céus, que nos ensina a amar os bons e os maus.
Saibamos acolher os emigrantes, tratando-os como irmãos, ajudando-os a resolver os seus problemas de trabalho, de habitação. Muitos portugueses passaram pelas mesmas dificuldades e sabem como é bom encontrar pessoas que desinteressadamente sabem estender a mão e dar uma ajuda.
S.José, Nossa Senhora, que foram emigrantes no Egipto, protejam e sejam os modelos para todos os que vivem fora das suas terras.
Fala o Santo Padre
«O Senhor não fecha os olhos diante das necessidades dos seus filhos.»
Neste XX Domingo do Tempo Comum, a liturgia apresenta-nos um singular exemplo de fé: uma mulher cananeia pede a Jesus que cure a sua filha, «cruelmente atormentada por um demónio». O Senhor resiste às suas súplicas insistentes e parece que não cede nem sequer quando os próprios discípulos intercedem por ela, como narra o evangelista Mateus. Mas no final, diante da perseverança e da humildade dessa mulher desconhecida, Jesus concorda: «Ó Mulher, grande é a tua fé! Que se faça como desejas» (cf. Mt 15, 21-28).
«Ó Mulher, grande é a tua fé!». Esta mulher humilde é indicada por Jesus como um exemplo de fé indómita. A insistência com que ela suplica a intervenção de Cristo é para nós um encorajamento a jamais desanimarmos, a não perdermos a esperança nem sequer no meio das provações mais árduas da vida.
O Senhor não fecha os olhos diante das necessidades dos seus filhos e, se por vezes parece insensível às suas súplicas, é somente para os pôr à prova e para refortalecer a sua fé.
Este é o testemunho dos santos, este é especialmente o testemunho dos mártires, associados de maneira íntima ao sacrifício redentor de Cristo. Nos dias passados, comemorámos vários deles: os Sumos Pontífices Ponciano e Sisto II, o sacerdote Hipólito, o diácono Lourenço, com os Companheiros mortos nos alvores do cristianismo. Além disso, recordámos uma mártir do nosso tempo, Santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, co-Padroeira da Europa, morta num campo de concentração;e precisamente no dia de hoje a liturgia apresenta-nos um mártir da caridade, que selou o seu testemunho de amor a Cristo no bunker da fome de Auschwitz: São Maximiliano Maria Kolbe, que se imolou voluntariamente no lugar de um pai de família.
Papa Bento XVI, Angelus, Castel Gandolfo, 14 de Agosto de 2005
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai, Senhor, o que trazemos ao vosso altar, nesta admirável permuta de dons, de modo que, oferecendo-Vos o que nos destes, mereçamos receber-Vos a Vós mesmo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
SANTO
Monição da Comunhão
Acolhamos a Jesus com a fé, a humildade e a confiança da mulher cananeia.
Salmo 129, 7
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: No Senhor está a misericórdia, no Senhor está a plenitude da redenção.
Ou
Jo 6, 51-52
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor. Quem comer deste pão viverá eternamente.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Senhor, que neste sacramento nos fizestes participar mais intimamente no mistério de Cristo, transformai-nos à sua imagem na terra para merecermos ser associados à sua glória no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Vamos guardar bem o que Jesus nos lembrou a cada um nesta Missa. Estimemos o tesouro da fé e saibamos dar testemunho dela em toda a parte, na estima pelos outros povos e raças, a começar pelos que vivem a nosso lado.
HOMILIAS FERIAIS
20ª SEMANA
2ª Feira, 18-VIII: Que me pede Deus para segui-lo?
Ez 24, 15-24 / Mt 19, 16-22
Vem depois e segue-me. Ao ouvir estas palavras, o jovem retirou-se entristecido, pois tinha muitos bens.
«Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? (Ev). Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde, primeiro, invocando a necessidade de reconhecer a Deus, como ‘único Bom’, o Bem por excelência e a fonte de todo o bem» (CIC, 2052).
Deus também pediu a Ezequiel que se desprendesse da sua mulher, que era a alegria dos seus olhos (Leit).
Que obstáculos há na nossa vida para seguirmos o Senhor mais de perto? Que coisa concreta, mesmo que seja exigente, me pede o Senhor neste momento?
3ª Feira, 19-VIII:Apreciar a verdadeira riqueza.
Ez 28, 1-10 / Mt 19, 23-30
Olha que nós deixámos tudo e te seguimos. Que nos será, pois, concedido?
«A fé em Deus leva-nos a usar de tudo quanto não for Ele, na medida em que nos aproximar d’Ele, e a desprender-nos de tudo, na medida em que d’Ele nos afastar» (CIC, 226)
Para quem conhece as riquezas de Cristo nada se lhe pode comparar. Mas o nosso orgulho convence-nos a sermos senhores do mundo: «O teu coração encheu-se de orgulho, e tu disseste: Sou um deus… Mas tu não passas de um homem, não és deus» (Leit). Que Deus nos ajude a apreciar aquilo que é verdadeiramente rico.
4ª Feira, 20-VIII: Tempo para trabalhar na vinha do Senhor.
Ez 34, 1-11 / Mt 20, 1-16
O Reino dos céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo, a contratar trabalhadores para a sua vinha.
O Senhor chama-nos para trabalharmos na sua vinha (cf Ev), para cuidarmos do seu rebanho (cf Leit).
Trabalhar na sua vinha significa cuidar das coisas que se referem a Deus: melhorar a vida espiritual, trabalhar em obras de apostolado, evitar a ociosidade, vencer o egoísmo e o comodismo. Significa também participar na construção do reino de Deus na terra, melhorando as condições do ambiente em que vivemos. S. Bernardo tinha fama de, cada vez que saía do seu convento, trazer mais gente para Deus (cf parábola).
5ª Feira, 21-VIII: S. Pio X: Entrada na intimidade divina.
Ez 36, 23-28 / Mt 22, 1-14
O reino dos céus é comparável a um rei que preparou o banquete nupcial para o seu filho.
«Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas e descrito no Novo testamento como as ‘núpcias do Cordeiro’, que se hão-de celebrar na comunhão dos santos» (Sac. carit., 31).
Para alcançarmos a intimidade divina, o Senhor purificar-nos-á, dar-nos-á um coração renovado, infundirá em nós o seu espírito (cf Leit). S. Pio X levou a cabo uma tarefa de purificação na doutrina com o combate ao modernismo e deu oportunidade de renovação da vida cristã ao antecipar, por exemplo, a idade para a 1ª Comunhão.
Celebração e Homilia: CELESTINO C. FERREIRA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais: NUNO ROMÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA