Homilia Sexta-feira da XXXI Semana do Tempo Comum | Ano A

Sexta-feira da 31ª semana do Tempo Comum – 10/11/2023 – Lc 16,1-8

  • Astúcia ou prudência?

O administrador infiel no Evangelho (Lc 16,1-8) parece muito prudente organizando seus próprios negócios. Mas, será que ele era prudente mesmo? Vamos entender um pouco mais a virtude da prudência para responder a esta pergunta. A prudência é uma virtude cardeal, ou seja, uma das quatro virtudes ao redor das quais giram os demais valores que constroem uma vida humana na verdade e na bondade e com uma unidade sem fissuras. Somente a pessoa prudente pode ser ao mesmo tempo forte, temperada e justa. Isso é assim porque a prudência nos ajuda a aplicar o conhecimento do bem que temos às nossas ações concretas. A primazia da prudência entre as virtudes cardeais é porque – como disse Josef Pieper – a realização do bem exige um conhecimento da verdade.

“Recta ratio agibilium” – a definição é de Aristóteles –, a prudência é “a reta razão do agir”, isto é, o conhecimento certo sobre a realidade que estamos dispostos a pôr em prática. Como se pode ver, essa virtude nos afasta de uma espécie de “moral do dever”, que não é a moral cristã. A questão não é o que “eu devo” fazer em cada momento, isso é secundário, mas “fazer aquilo que está de acordo com o meu ser humano e cristão, ou seja, fazer aquilo que está de acordo com a verdade conhecida”. Isso exige – como dizia Santo Tomás de Aquino, aprender da própria experiência (memória do passado); pedir conselho; pensar com calma (reflexão); decidir-se (a indecisão, além de gerar perda de tempo, nos leva a cometer muitas imprudências); perceber as circunstâncias nas quais nos encontramos (circunspecção) para ver se é conveniente ou não atuar dessa maneira ou de outra; cautela (cuidado por evitar um mal, com bondade); disposição e prontidão para resolver aqui e agora as situações urgentes (sagacidade); capacidade de tomar providências, isto é, prever um pouco o que poderia acontecer e agir em consequência, por exemplo, se eu sei que tenho uma prova no final do mês posso começar a tomar providência estudando.

Como é importante conjugar a prudência com a bondade e a simplicidade. Conclusão: o nosso administrador não foi prudente, foi astuto. Mas, não podemos desenvolver hoje o que é a astúcia, por questão de tempo, contudo, uma ideia para você pensar: a imagem da astúcia na Bíblia é a serpente ou diabo (cf. Gn 3,1).

Pe. Françoá Costa

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