Sábado da 11ª semana do Tempo Comum, 24/06/2023 – Lc 1,57-66
- Loja de dificuldades
(Solenidade de São João Batista)
Se fosse montada uma loja de dificuldades, creio que ninguém se aproximaria para comprar alguma dificuldade, talvez as pessoas se aproximassem tão somente para ver a curiosa existência de uma loja de dificuldades. A publicidade poderia até ser muito boa, mas mesmo assim “comprar uma dificuldade” não seria muito atraente. Mas será que as dificuldades, tentações, provações têm algum valor? Essa pergunta é importante, pois se não compreendermos o valor das dificuldades viveremos um cristianismo adocicado. No cristianismo as dificuldades têm valor já que a cruz tem valor. O Senhor nos salvou por suas dificuldades, por sua cruz. A vida de São João Batista foi cheia de dificuldades, até seu nascimento foi difícil, pois seus pais já eram velhinhos e sua mãe era estéril (Lc 1,7).
É muito importante também entender o valor das dificuldades para que não tenhamos “mentalidade de estojo”: bem práticos. Uns servem para guardar canetas, lápis, borrachas, apontadores; as moças costumam utilizar estojos para guardar a maquiagem; certos profissionais têm um para guardar as ferramentas. A vida, no entanto, não é como um estojo. Caso fosse, tudo se encaixaria perfeitamente: “quero fazer um curso de informática, curiosamente nestes dias apareceu uma equipe na minha escola oferecendo um gratuitamente”, “queria viajar para a Europa; por esses dias apareceu um sorteio na minha quadra e, curiosamente, fui sorteado”, “gostaria de almoçar fora hoje e, ainda que faz tempo que ninguém me convida, exatamente hoje três pessoas me chamaram e me deram a possibilidade de escolher o restaurante”.
As coisas não são assim nem acontecem dessa maneira. As pessoas que tem mentalidade de estojo, geralmente ficam muito irritadas com qualquer coisa: se o marido chega tarde em casa… que drama: “ele estava com outra”; se eu durmo no mesmo quarto com o meu irmão e ele chega tarde e acende a luz… outra drama: “nesta casa já não se pode viver” (observe-se o exagero!); se alguém me dirige uma crítica… para quê? “ninguém gosta de mim, ninguém valoriza o meu trabalho, ninguém me entende”. Na verdade, perante as dificuldades, basta saber que a mão do Senhor está conosco (Lc 1,66). E viva São João Batista!
Pe. Françoá Costa
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