Homilia Sábado da IV Semana da Quaresma | Ano A

Sábado, 25/03/2023 – Lc 1,26-38

  • Maternidade contemplativa na solenidade da Anunciação do Senhor

Nossa Senhora, desde as primeiras páginas do texto bíblico, aparece como uma pessoa profundamente contemplativa. Logo após as primeiras e honrosas palavras de Gabriel dirigidas a ela, Maria “pôs-se a pensar qual seria o significado da saudação” (Lc 1,29). Maria, a mulher de Nazaré, ensina todos os cristãos que desejarem ser contemplativos no meio do mundo, que é preciso recolher-se para pensar. Não conheço contemplação que se sustente se não for antecedida por momentos de meditação. Maria, na sua vida simples, corrente, ordinária, nos mostra que é preciso ter o espírito forjado na meditação. Logo após a saudação, Nossa Senhora mergulharia na paz, na alegria, na graça, na presença de Deus. As realidades divinas sempre causaram nela uma atração arrebatadora. Maria está imersa na oração. São Gabriel se alegra em contemplar Nossa Senhora tão cheia de Deus e em poder servir aos desígnios do Senhor através dessa santa virgem em favor de todo o universo.

Vendo que Nossa Senhora estava muito pensativa, o anjo do Senhor prefere, depois de algum tempo, oferecer novos elementos a serem considerados (cf. Lc 1,30-33): o destemor diante da ação de Deus (“não temas”), a graça de Deus que sempre a antecede (“encontraste graça” antes mesmo que fosses concebida), a concepção e o nascimento de Jesus (como promessa próxima a ser cumprida), o nome do filho de Maria (Jesus significa “Deus salva”), missão de Jesus Cristo e seu reinado eterno (salvação e imortalidade). Como o arcanjo, é preciso saber respeitar o tempo dos outros, mas, ao mesmo tempo, saber apresentar a Vontade de Deus através de novos elementos que facilitem a livre adesão das pessoas ao Senhor.

Na anunciação se manifestou, finalmente, a vocação de Maria: ser a Mãe de Deus. Tudo fica claro: o anterior e o posterior se iluminam à luz do que estava acontecendo com ela naquele exato momento. Fica patente também porque é que a mulher “será salva pela maternidade, desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade” (1 Tm 2,15). Assim como Maria foi chamada a ser mãe, cada mulher também é chamada à maternidade. Esse é o sentido mais profundo que se esconde na existência vocacional de cada mulher, de tal maneira que ela vive sua vocação existencial sendo mãe. O diabo, sabendo disso, ataca a mulher em dores de parto (cf. Ap 12,1-4), ataca Nossa Senhora, ataca a Igreja, ataca a mulher na cultura ocidental. A serpente infernal não quer que a mulher seja mãe nem quer o fruto do ventre feminino, a criança. Não se vê que por detrás das campanhas abortistas e anti-natalistas está essa luta antiga do demônio contra a maternidade e a vida?

Pe. Françoá Costa

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