Homilia Sexta-feira II Semana da Páscoa | Ano C

Os milagres são reais?

Sexta-feira, II Semana da Páscoa, C, – At 5,34-42; Sl 26; Jo 6,1-15

Sim, os milagres são reais. Hoje, por exemplo, Jesus multiplicou cinco pães e dois peixes para alimentar uma multidão (Jo 6,1-15). Há uma relação profunda entre a pregação de Cristo e seus milagres. Milagre é “um prodígio que, acontecendo na natureza e inserido num contexto religioso, está divinamente subtraído das leis da natureza e é dado por Deus ao homem como um sinal de uma ordem de graça” (José Antônio Sayés). Os milagres de Cristo são “sinais” do amor de Jesus, Deus e homem, para conosco . Milagres, em sua polivalência de sentidos, querem mostrar um que lhe é principal: o reino de Deus já chegou (cf. Lc 4,16-22). Eles também expressam o amor que Jesus tem às pessoas em tempos de dor e de miséria: ele está atento a todas as necessidades dos seres humanos; veio para salvar-nos, mas não esquece nossas dificuldades temporais.

Seus milagres também são expressão da verdade de seu ensinamento e, consequentemente, de sua missão divina. Assim como, na divina revelação, palavras e gestos estão intrinsecamente unidos entre si de tal maneira que as palavras explicam os gestos e os gestos elucidam as palavras (cf. DV, 2), assim também os milagres de Jesus elucidam sua pregação e seu ensinamento explica suas ações, também as prodigiosas.

Diz o Aquinatense: “Pelo poder divino é concedido ao homem fazer milagres por duas razões: primeiro, e principalmente, para confirmar a verdade que alguém ensina. As coisas que pertencem à fé são superiores à razão humana e por isso não se podem provar com razões humanas; é preciso que se provem com demonstrações do poder divino. Deste modo, quando a pessoa realiza obras que só Deus pode realizar, pode-se crer que o que diz vem de Deus; como quando alguém apresenta um documento com o sigilo do rei, pode-se crer que o que no documento está contido provém da vontade do rei. – Em segundo lugar, para mostrar a presença de Deus no homem pela graça do Espírito Santo. Quando a pessoa faz as obras de Deus, pode-se crer que Deus nela habita pela graça. (…) Ora, em Cristo, uma e outra coisa era preciso demonstrar, a saber, que Deus nele estava pela graça não de adoção, mas de união; e que seu ensinamento sobrenatural provinha de Deus. Por isso, era de todo conveniente que Cristo fizesse milagres. Ele próprio afirmou: “Se não querereis crer em mim, crede em minhas obras” (Jo 10,38). E também: “As obras que o Pai me concedeu realizar, são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5,36)” (S. Th. III, 43, 1c).

Quando Jesus anda sobre as águas ou restitui a vista a um cego, fica patente seu poder sobre a criação. Os milagres mostram, nesse sentido, o senhorio de Cristo sobre a criação. Nesse sentido, convém destacar que os milagres de Jesus anunciam a realidade sacramental. Isto é, seu poder sobre elementos materiais enquanto ainda estava em corpo mortal são um prelúdio de seu poder sobre a matéria sacramental quando a Igreja realiza os sacramentos.

Padre Françoá Costa
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