Homilia Sábado depois das Cinzas | Ano C

Generosidade diante do dom

Sábado depois das cinzas, Quaresma – C – Is 58,9-14; Sl 85; Lc 5,27-32

O texto do Evangelho de hoje nos fala da vocação de Levi ou Mateus (Lc 5,27-32). O meu querido Bento XVI comentou a vocação do cobrador de impostos na audiência geral do dia 30 de agosto de 2006. E eu me inspiro naquela reflexão doutoral e pastoral do então Papa Bento XVI.

Para começar, dizia Bento XVI sobre a vida de São Mateus as seguintes palavras: “O seu nome hebraico significa “dom de Deus”. O primeiro Evangelho canónico, que tem o seu nome, apresenta-o no elenco dos Doze com uma qualificação bem clara: “o publicano” (Mt 10,3). Desta forma ele é identificado com o homem sentado no banco dos impostos, que Jesus chama ao seu seguimento:  “Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe:  “Segue-me!”. Ele levantou-se e seguiu-o” (Mt 9, 9). Também Marcos (cf. 2, 13-17) e Lucas (cf. 5, 27-30) narram a chamada do homem sentado no posto de cobrança, mas chamam-no “Levi”’. Quiçá a você como a mim, chamou a atenção o significado do nome de Mateus, dom de Deus. O bom Deus deu-nos a vida, natural e sobrenatural, e nos doou a vocação. Agradeçamos ao Senhor por que olhou para nós com carinho e nos chamou (vocacionou) para sermos gente, cristãos, sacerdotes ou religiosos, celibatários ou casados. Vocação é, como dizia São Josemaria Escrivá, um beijo de Deus na nossa testa.

Depois desse primeiro relato biográfico, Bento XVI relembra o famoso quadro de Caravaggio. Se você não o conhece, aconselho a buscar na internet essa tela maravilhosa e olhar para ela durante alguns minutos: “Para imaginar o cenário descrito em Mt 9,9 é suficiente recordar a magnífica tela de Caravaggio, conservada aqui em Roma na Igreja de São Luís dos Franceses”, dizia o Papa.

Por um lado a vocação, dom de Deus; por outro a generosidade; de fato, ele “responde imediatamente: “ele levantou-se e seguiu-o”. A condensação da frase ressalta claramente a prontidão de Mateus ao responder à chamada. Isto significava para ele o abandono de todas as coisas, sobretudo do que lhe garantia uma fonte de lucro seguro, mesmo se muitas vezes injusto e desonesto. Evidentemente Mateus compreendeu que a familiaridade com Jesus não lhe permitia perseverar em atividades desaprovadas por Deus” (Bento XVI). Como é importante que os cristãos voltem a entender isso nos tempos atuais, pois procurar constantemente conciliar Cristo e o Mundo nem sempre é possível. A renúncia faz parte da profissão cristã quando transformada em vida vivida na fé.

Honra, fama, riquezas, prazeres… Tudo aos pés de Jesus. E nós, quando teremos coragem?

Padre Françoá Costa
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