Celibato e recompensa
Terça-feira, 8ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Pd 1,10-16; Sl 97; Mc 10,28-31
Hoje quero refletir sobre a recompensa: o céu e os bens do céu. Também quero pensar sobre o motivo da recompensa. Certamente não podemos trabalhar somente pelos dons de Deus, mas pelo próprio Deus. Contudo, os bens de Deus são tão bons que também vale a pena trabalhar por eles. Já pensou? “Não há quem não tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terra por minha causa e por causa do Evangelho, que não receba cem vezes mais desde agora, desde agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna” (Mc 10,29-31).
Há duas recompensas: uma temporal, cem vezes mais; uma eterna, a vida. As duas são quais pérolas preciosas. De fato, cada um de nós que vive o celibato apostólico, deixa tantas coisas para cuidar das coisas do Senhor. Dentro do carisma do celibato, experimentamos todos os dias a misericórdia do Senhor e suas recompensas, apesar das perseguições, às quais o Senhor já nos tinha direcionado também. Nas nossas paróquias, comunidades, congregações, ambientes, percebemos que temos várias mães e pais, pessoas que nos amam de verdade; vários irmãos, pessoas que nos compreendem e apoiam; muitas casas, inclusive para almoçar cada dia em uma diferente. Entenderam o porquê muitos padres são gordos?
Porém, o mais importante é o prêmio eterno. Se por um lado, parece fácil um padre ser condenado por causa de sua responsabilidade, parece igualmente fácil que ele seja salvo por causa da eleição de Deus. Por vezes tenho a impressão que um padre não tem que fazer muita coisa para ir para o céu… E o mesmo se aplica a outras pessoas que vivem o celibato. Certamente o matrimônio é uma vocação alta, um grande sacramento, e, contudo, como afirma a Igreja Católica, inclusive de maneira dogmática (de Fé), a virgindade pelo Reino dos Céus é mais excelente, é mais alta, pois já recorda um estado que não passará: o céu, a escatologia da vida, onde nem os homens nem mulheres se casam (Mt 22,30).
Por isso, meus queridos, a questão não é saber se o Papa permite ou não que os sacerdotes se casem ou que casados tornem-se padres, a questão é a excelência do dom de Deus, do estado celibatário constituído a partir do dom. O celibato é um carisma recebido por alguns na Igreja e, nessa mesma Igreja, entre os celibatários, alguns são chamados ao sacerdócio. Talvez por isso houve tantos problemas ao ordenarem para o sacerdócio homens que não foram agraciados com o carisma do celibato. Para mim a questão é discernir se tal pessoa tem o carisma do celibato. É nesse contexto que a Igreja escolherá os seus sacerdotes, do qual o Senhor é a herança (Sl 15/16,5). Só quem entende de Amor com A maiúsculo, pode entender de celibato. E depois? E depois… a vida eterna!
Padre Françoá Costa
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