Quanta murrinhagem!
Quinta-feira, 7ª Semana do Tempo Comum – C – Tg 5,1-6; Sl 48; Mc 9,41-50
Por um lado a Escritura afirma: “ricos, chorai e gemei (…). Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. (…) Condenastes o justo e o assassinastes; ele não resiste a vós” (Tg 5,1-6). Por outro lado, nos diz: “Quem vos der um copo d’água por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa” (Mc 9,41). Quando é que nós vamos compreender que há verdadeiras riquezas?
É tão fácil ver cristãos profundamente apegados ao dinheiro, a juntar somas grandes na conta bancária, avarentos e egoístas. Nas coletas das Missas dão somente R$ 0,50 e ficam longe da possibilidade de devolver os 10% daquilo que recebem. Para completar o quadro, reclamam que o padre vive pedindo dinheiro sem dar-se conta de que se os fiéis abraçassem a Paróquia como sua família espiritual e contribuíssem de verdade e sem apegos desnecessários, o padre não teria porque ficar a mendigar constantemente para manter as estruturas da Comunidade Paroquial.
Desculpam-se muitos dizendo que não podem dar esmolas porque os pobres que pedem estão a enganá-los, querem dinheiro para comprar drogas, buscam os bens dos outros sem se preocuparem em trabalhar. Neste caso, além de não ajudarem os mais pobres, os julgam e, no egoísmo e no juízo temerário, pretendem acalmar a própria consciência. Pior ainda aqueles patrões ricos que, além de não pagarem o salário justo, ainda desprezam os mais pobres, fazendo-os sofrer por humilhações e vexames.
Certamente, o Evangelho deve provocar em nós um exame de consciência e provocar a nossa generosidade. Você vai morrer e seus filhos vão ficar brigando pelo seu dinheiro, pelas suas casas e demais bens. Por causa do seu patrimônio, sua família vai até se dividir, um falará mal do outro, irmãos não mais se visitarão. Faça o testamento, determine o que você quer dar a cada um e deixe também um pouco para a sua Paróquia, sua família espiritual. Enquanto você vive ajude os mais pobres, instituições de crianças e vulneráveis. Seja generoso: já percebeu que há pessoas que têm dinheiro, mas quando promovem um encontro evangelizador de igreja têm que pedir, suplicar, fazer rifas e não sei que mais, só para não desembolsar e promover o próprio apostolado? Meu Deus! Quanta murrinhagem a dos cristãos! É vergonhoso!
Não vou me dedicar a elogiar os cristãos que, mesmo tendo dinheiro e outros bens, ainda que seja pouco, são generosos, já que as leituras bíblicas de hoje não falam deles. Mais ainda, essas pessoas boas e generosas nem gostam de elogios porque sabem que o que fazem com a mão direita, a esquerda não precisa saber, muito menos promover as ações que exaltam o próprio eu (Mt 6,1-4).
Padre Françoá Costa
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