Jesus fala sobre a Cruz
Sexta-feira, 6ª Semana do Tempo Comum – C – Tg 2,14-26; Sl 111; Mc 8,34-9,1
Um tema que a gente não gosta e que Deus nos recorda hoje: a cruz! Escutaremos o mestre da verdade: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). Diante da cruz é importante termos, em primeiro lugar, uma atitude contemplativa para que, através da oração, as palavras de Jesus sobre a cruz sejam convicções nossas. O momento mais importante dessa contemplação seria o da Santa Missa, já que o ato litúrgico da Missa consiste em ser o santo sacrifício da Cruz. Isto é, a morte cruenta que se realizou no altar da cruz, torna-se presente nos nossos altares de maneira incruenta.
É indiscutível que uma atitude contemplativa é muito importante na liturgia. Talvez o mais importante, no que diz respeito à liturgia, nos dias atuais, seja redescobrir que essa atitude é a essencial daquilo que chamamos de participação ativa. Quem contempla o Mistério de Deus procurando entendê-lo e amá-lo na oração, participa ativamente na Sagrada Liturgia. Logicamente, apresentar a contemplação como elemento essencial da participação ativa na liturgia não exclui outros aspectos também importantes dessa participação.
A cruz e o mistério de Deus encontram-se intimamente unidos. A cruz é reveladora tanto da grandeza de Deus quanto da feiúra do pecado. O mistério da cruz relaciona-se com o mistério da Igreja, Corpo de Cristo que nasceu do seu Sangue Preciosíssimo na Cruz: a Igreja é concorpórea de Cristo. E a graça chega até nós através do Mistério da Cruz, motivo suficiente para que amemos a santa cruz. No seguimento do Crucificado, o cristão vive no Espírito Santo, e não na carne. Aquele que renasceu “da água e do Espírito” (Jo 3,5) sabe que nasceu para as realidades superiores. Para conseguir chegar até lá, precisa lutar e mortificar-se naquilo que tem de carnal.
Houve cristãos que renegaram da cruz para viverem de acordo com a mentalidade do tempo presente. No entanto, a vida segundo esse mundo termina geralmente em angústia, desespero e morte. A cruz nos introduz em outra percepção de valores e nos faz passar através das vicissitudes presentes com o olhar fixo nas realidades que nos esperam. Deus falou por meio da cruz, isto é, por meio do mistério do seu Filho morto e ressuscitado. Ele quer introduzir-nos na Vida pela cruz. Certo é que, noutros tempos, a cruz era uma miséria, sem brilho e objeto de maldição, mas, Cristo, ao abraçá-la, consagrou-a e abençoou-a. Até nos nossos dias, abençoamos com a Santa Cruz: em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
Padre Françoá Costa
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