Jesus chamou quem ele quis
Sexta-feira, 2ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Sm 24,3-21; Sl 56; Mc 3,13-19
Jesus “chamou a si os que ele quis” (Mc 3,13). É o próprio Jesus quem chama, diretamente. Não se trata de transferência de mestre: de João Batista para Jesus. Não. É o próprio Jesus quem chama para seguir a ele mesmo, o qual mostra o poder de sua divindade. No Antigo Testamento, os profetas chamavam seus discípulos para seguirem Deus e realizarem uma missão. No Novo, Jesus chama para seguir a ele mesmo e realizar a missão. Cristo chama Natanael (cf. Jo 1,45-51), mas não chama aquele endemoninhado que pediu para ficar ao seu lado (cf. Mc 5,18-19). A vocação aparece como um ato de misericórdia de Deus que se inclina ao homem para fazê-lo participar dos bens da salvação.
Trata-se de um chamado pessoal. Jesus chama a cada um em suas circunstâncias pessoais e, portanto, de maneira diferenciada. Trata a pessoas diferentes de maneiras diferentes: João é – na linguagem de Jesus – o “discípulo amado”; Pedro, “a pedra”; Natanael, “o homem no qual não há fingimento”; Tiago e João, “filhos do trovão”; Mateus, o pecador que necessita misericórdia. Ainda que, em si mesmo, Deus ame todos os seres humanos por igual; não há dúvida de que, em seus efeitos, Deus ame mais umas criaturas que a outras. Nesse sentido, que Deus se fixe em alguém e o marque com o seu selo para uma missão, Deus ama muito àqueles que chama no contexto cristão.
Saber-se amado por Deus e senti-lo de alguma maneira é elemento que faz a pessoa dar passos audaciosos na sua vocação. Tanto é assim que um vocacionado, normalmente, encontra-se cheio das divinas consolações e, consequentemente, reza mais e se sacrifica mais. Certamente, ao entrarem nos seminários, quando se trata de vocação sacerdotal, deixarão essa piedade inicial, mas, indubitavelmente, ela é um ponto de partida identificável como elemento vocacional.
A nossa vocação é um tesouro maravilhoso, pois ela “é como se se acendesse uma luz dentro de nós; é um impulso misterioso, que impele o homem a dedicar as suas mais nobres energias a uma atividade que, com a prática, chega a ganhar caráter de segunda natureza” (S. Josemaría Escrivá). Uma luz que guia toda a nossa vida, que ilumina toda a nossa existência, que nos faz totalmente serenos, que nos coloca no meio desse mundo com um sorriso nos lábios. Amemos a nossa vocação – cristã, laical, religiosa, sacerdotal – e sejamos muito fiéis ao chamado de Deus, buscando, verdadeiramente, a santidade no nosso próprio estado de vida.
Padre Françoá Costa
Instagram: @padrefcosta