Ataques ao Papa

Acredito na importância de uma reflexão sobre o que temos visto nas redes sociais, ou até, o que é pior, em grupos dentro da própria Igreja Católica: Críticas ao Papa, à Igreja! Quando tais críticas vêm de jornalistas ou de outras pessoas fora da Igreja, até se entende, pois, às vezes, não têm formação religiosa ou, outras vezes, não têm fé. Quando as críticas vêm de pessoas de dentro da Igreja, denota falta de fé, falta de amor à Igreja.

Ao falar da lei do amor, lembra São Paulo: “A lei se resume neste único mandamento: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mas se vos mordeis e vos devorais uns aos outros, cuidado para não serdes consumidos uns pelos outros!” (Gl 5, 14-15).

Por mais errada que seja uma mãe, o filho não fica falando mal, expondo a mãe em praça pública. A Igreja é nossa Mãe, merece o nosso respeito e o nosso amor. “Crer que a Igreja é ‘santa’ e ‘Católica’, e que ela é ‘uma’ e ‘apostólica’ (como acrescenta o Símbolo niceno-constantinopolitano) é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo…” (Catecismo da Igreja, 750).

“A Igreja é, em Cristo, como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”, diz o Concílio Vaticano ll, LG 1. Portanto, ser o sacramento da união íntima dos homens com Deus é o primeiro objetivo da Igreja. Como sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo (Cf. Catecismo da Igreja, n 775 e 776).

“Cristo e a Igreja, eis, portanto, o ‘Cristo total’ (Catecismo, n. 795). A Igreja é uma Com Cristo. Os santos têm uma consciência bem viva dessa unidade: ‘Nosso Senhor mostrou-se como uma só pessoa com a santa Igreja, que Ele assumiu’” (São Gregório Magno).

Diz São Tomás de Aquino: “Cabeça e membros são como que uma só pessoa mística” (S Th 3, 48,2).

Santa Catarina de Sena é para nós um modelo de amor à Igreja e ao Papa, a quem chamava “o doce Cristo na terra”.

Cristo, ao instituir os Doze, “instituiu-os à maneira de Colégio ou grupo estável, ao qual prepôs Pedro, escolhido dentre eles” (LG 19).

Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu como a pedra de sua Igreja. Entregou-lhe as suas chaves (Jo 21, 15-17). O Papa, Bispo de Roma e sucessor de Pedro, “é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos quer da multidão dos fiéis” (LG 23).

Quando se ataca ou se critica o Papa, está-se enfraquecendo e dividindo a Igreja de Cristo.

A pessoa do Papa, a sua tarefa a serviço da Igreja Universal, a ajuda que lhe prestam os seus colaboradores mais diretos devem ocupar, diariamente, um lugar primordial nas nossas orações. O peso que o Vigário de Cristo deve carregar sobre os ombros com solicitude paternal é esmagador.

A fé leva a acatar o que ensina o Concílio: “Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude do seu múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui, na Igreja, poder pleno, supremo e universal. E ele pode sempre livremente exercer este poder” (LG 22; CD 2; 9).

É urgente intensificar a oração pelo Papa, pela Igreja! Gosto das palavras de São Josemaria Escrivá, no livro Amar a Igreja, pág. 27: “Estes tempos são tempos de prova e devemos pedir ao Senhor – com clamor que não cesse ( Is 58,1 ) – que os encurte, que olhe com misericórdia para a sua Igreja e conceda novamente luz sobrenatural às almas dos pastores e às de todos os fiéis”. Não podemos negligenciar este dever filial para com a nossa Mãe, a Igreja, misteriosamente necessitada de proteção e de ajuda: “Ela é Mãe…, e uma mãe deve ser amada” (São João Paulo ll, Homilia, 7/11/1982).

O amor ao Papa é sinal do nosso amor a Cristo. E este amor e veneração devem manifestar-se na oração diária pela sua pessoa e intenções: “O Senhor o conserve e o vivifique e o faça feliz na terra, e não permita que caia nas mãos dos seus inimigos”.

É um amor que deve exprimir-se com maior intensidade em determinados momentos, como os que estamos vivendo ultimamente.

Que Santa Catarina de Sena nos comunique um pouco do seu amor à Igreja e ao Papa. E, com palavras da Santa, peçamos à Nossa Senhora: “A ti recorro, Maria! Ofereço-te a minha súplica pela doce Esposa de Cristo e pelo seu Vigário na terra, a fim de que lhe seja concedida luz para governar a Santa Igreja com discernimento e prudência” (Santa Catarina de Sena, Oração, 11).

 

Mons. José Maria Pereira

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