RITOS INICIAIS
Salmo 17, 19-20
ANTÍFONA DE ENTRADA: O Senhor veio em meu auxílio, livrou-me da angústia e pôs-me em liberdade. Levou-me para lugar seguro, salvou-me pelo seu amor.
Introdução ao espírito da Celebração
Caímos no desânimo com muita facilidade, passando de um optimismo infantil a um pessimismo doentio.
Onde estará a verdadeira razão deste nosso comportamento que, por vezes, tanto nos faz sofrer?
É verdade que o momento em que vivemos, encarado sem a luz da fé, torna-se propício a que vejamos tudo escuro: falta de estabilidade económica e no trabalho, insegurança a todos os níveis de convivência humana, e a luta contra as doenças que surgem continuamente.
O Senhor toma-nos carinhosamente pela mão, na Liturgia da Palavra de hoje, para nos ajudar a descobrir e a combater as causas deste pessimismo.
ACTO PENITENCIAL
Teimamos em caminhar sozinhos na vida, enfrentando as dificuldades sem contarmos com a ajuda de Deus.
Falta-nos a luz da fé – alimentada pela formação doutrinal – para encararmos todas estas dificuldades à luz de Deus.
Arrependamo-nos, peçamos ao Senhor perdão, e prometamos, com a Sua ajuda, emenda de vida.
(Tempo de silêncio. Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)
• Senhor Jesus: duvidamos facilmente da Vossa amizade
e deixamo-nos convencer de que estamos sós na vida.
Senhor, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
• Cristo: abandonamos a oração diante dos problemas,
como se orar fosse actividade inútil para a nossa vida.
Cristo, tende piedade de nós!
Cristo, tende piedade de nós!
• Senhor: temos difundido o pessimismo à nossa volta,
como se não tivéssemos o melhor e amoroso dos Pais.
Senhor, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!
Deus todo poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
ORAÇÃO COLECTA: Fazei, Senhor, que os acontecimentos do mundo decorram para nós segundo os vossos desígnios de paz e a Igreja Vos possa servir na tranquilidade e na alegria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: Isaías profetiza a restauração de Sião, a um Povo que se julga abandonado de Deus, a sofrer no cativeiro de Babilónia.
Será um milagre do Senhor que, à luz do Novo Testamento, ganha todo o seu significado e nos conforta com esta certeza: Deus nunca nos abandona.
Isaías 49, 14-15
14Sião dizia: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim». 15Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas ainda que ela se esquecesse, Eu não te esquecerei.
Ao anunciar a restauração de Jerusalém dsstruída (vv. 14-26), o profeta começa por levantar o ânimo do povo abatido e humilhado, apelando para o amor de Deus que é um amor cheio de afecto, ternura e compaixão. É uma das mais belas e expressivas passagens de toda a Sagrada Escritura.
14 «Sião». Era a cidadela da capital, Jerusalém, que aqui, como noutras ocasiões, representa todo o povo. Sião, que significa «lugar seco» era a fortaleza conquistada por David aos Jebuseus, na colina oriental de Jerusalém (Ofel), que se começou a chamar cidade de David, e para onde ele transladou a arca. Quando Salomão construiu o templo, a Norte de Sião, e para lá levou a arca da aliança, também se começa a dar a esse local o nome de Sião. Também o nome de Sião passou a designar toda. a cidade ou todos os seus habitantes (filha de Sião) e por vezes, como aqui, todo o Povo de Israel. Daqui se segue que a Igreja, «o novo Israel de Deus», passa a ser designada também como Sião, tanto na sua fase peregrina (Heb 12, 22), como celeste (Apoc 14, 1). Ora, como a sede da primitiva Igreja de Jerusalém foi o Cenáculo, passou a considerar-se como Monte Sião a colina ocidental onde este se situa. Hoje a Arqueologia desfez esta confusão topográfica e demonstrou cabalmente que a primitiva Sião, cidade de David, é a colina oriental (Ofel), a sul da esplanada do templo.
Salmo Responsorial
Sl 61 (62), 2-3.6-7.8-9ab (R. 6a)
Monição: O salmista proclama que só em Deus encontramos um refúgio seguro, no meio de tantos perigos e incertezas.
Para nós, que acreditamos na verdade da nossa filiação divina, este salmo é um convite para que nos abandonemos confiadamente nas mãos de Deus, embora façamos tudo o que está ao nosso alcance para vencer as dificuldades. Cantemos, pois, esta alegre certeza que a fé nos proporciona.
Refrão: SÓ EM DEUS DESCANSA, Ó MINHA ALMA.
Só em Deus descansa a minha alma,
d’Ele me vem a salvação.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado.
Minha alma, só em Deus descansa:
d’Ele vem a minha esperança.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado.
Em Deus está a minha salvação e a minha glória,
o meu abrigo, o meu refúgio está em Deus.
Povo de Deus, em todo o tempo ponde n’Ele
a vossa confiança,
desafogai em sua presença os vossos corações.
Segunda Leitura
Monição: Na primeira Carta aos fieis de Corinto, S. Paulo apela à nossa fidelidade, vivendo com o olhar posto em Deus.
Com ele, também nós podemos dizer: o que me preocupa não são os julgamentos que os homens fazem de mim, mas os do Senhor.
1 Coríntios 4, 1-5
1Todos nos devem considerar como servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. 2Ora o que se requer nos administradores é que sejam fiéis. 3Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano; nem sequer me julgo a mim próprio. 4De nada me acusa a consciência, mas não é por isso que estou justificado: quem me julga é o Senhor. 5Portanto, não façais qualquer juízo antes do tempo, até que venha o Senhor, que há-de iluminar o que está oculto nas trevas e manifestar os desígnios dos corações. E então cada um receberá da parte de Deus o louvor que merece.
Em face das divisões que havia em Corinto por causa de os cristãos dali pretenderem arvorar os pregadores do Evangelho em protagonistas e representantes de facções diversas, São Paulo procura dar a verdadeira imagem do que é o ministério cristão (1 Cor 3 – 4); tanto Paulo como Apolo são meros servidores (diáconoi – cf. 1 Cor 3, 5) dos fiéis e colaboradores de Deus (synergoi 3, 9), e de modo algum chefes políticos ou representantes de tendências ou simpatias populares.
1-2 Os Apóstolos (e assim todos os detentores de funções jerárquicas) devem ser considerados como aquilo que realmente são: «servos de Cristo» (hypêrétai, um termo grego que designa um empregado subalterno) e «administradores dos mistérios de Deus» (em grego, oikonómoi, gerentes). O administrador não é o seu dono, por isso, a norma de toda a sua conduta tem que ser a fidelidade: fidelidade ao Senhor e à Igreja, procurandoi dar a resposta adequada aos direitos que cada um dos fiéis tem dentro do Povo de Deus (cf. Lc 12, 42-44). A missão da Hierarquia é uma missão de serviço humilde; com estas palavras, São Paulo desautoriza todas as espécies de clericalismo. Os mistérios de Deus, são todos os meios sobrenaturais de salvação, em particular a Pregação e os Sacramentos.
3-4 São Paulo dá o exemplo de não se conduzir ao sabor dos juízos humanos. O discípulo de Cristo, e muito particularmente um seu ministro, não pode ter medo de críticas, de rótulos de qualquer sinal, de criar antipatias, de remar contra a maré, aliás, pôr-se-ia no caminho da infidelidade.
Aclamação ao Evangelho
Jo 6, 64b. 69b
Monição: Há-de ser à Palavra do Senhor que devemos prestar atenção, e não à dos homens, porque só o Senhor nos guia para uma eternidade feliz.
Aclamemos o Evangelho que nos enche de alegria com estas verdades.
ALELUIA
As Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida; Vós tendes palavras de vida eterna.
Evangelho
São Mateus 6, 24-34
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 24«Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.25Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário? 26Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? 27Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? 28E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; 29mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 30Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? 31Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’ 32Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso. 33Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo. 34Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».
Tínhamos começado a ler nos domingos comuns, que se seguiram ao Tempo do Natal, o sermão da montanha, que agora retomamos; neste ano não houve lugar para o 6º e 7º Domingo do Tempo Comum, por isso já estamos a meio do capítulo 6 de S. Mateus,
24 «Ninguém pode servir a dois senhores». O trabalho dum escravo era tão absorvente que não lhe restava tempo para atender a outro senhor que não fosse o seu. Esta realidade bem conhecida por todos é o ponto de partida para Jesus estabelecer um princípio de vida moral: sendo Deus o fim último do homem, nada nem ninguém se pode ocupar o seu lugar. O fim último do homem é Deus, a Quem há que servir e amar sobre todas as coisas, não ficando lugar para quaisquer espécies de ídolos. E aqui temos uma aplicação concreta: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro», em aramaico, «mammona» uma palavra que o 1º Evangelho, dirigido a judeus-cristãos, conserva sem a traduzir para grego; trata-se duma alusão às riquezas, o dinheiro, que aqui aparece como que personificado. «Os bens da terra não são maus; pervertem-se, quando o homem os toma como ídolos e se prostra diante deles; mas tornam-se nobres, quando os converte em instrumentos para alcançar o bem, numa missão de justiça e de caridade. Não podemos correr atrás dos bens económicos como quem procura um tesouro; o nosso tesouro (…) é Cristo e n’EIe se há-de concentrar todo o nosso amor, porque onde está o nosso tesouro, aí está também o nosso coração (cf. Mt 6,21)» (S. Josemaria, Cristo que passa, n.° 35).
25-34 «Não vos inquieteis». Jesus não diz que não nos ocupemos das coisas que se referem ao alimento e ao vestuário, mas que não nos preocupemos com desassossego e perturbação dessas coisas. É como se dissesse: «Não vos preocupeis excessivamente com os bens materiais, ainda que necessários à vida; não estais sobre a terra para aqui viverdes imersos em pensamentos de coisas materiais, sois filhos de Deus, bem superiores às flores do campo e às aves do céu. Deus pensará em vós, mais do que pensa nas outras criaturas e vos dará o necessário» (Bíblia de Vacari).
27 «Acrescentar um só côvado…». O côvado equivalia a 45 cm. Não é a inquietação e a falta de serenidade que leva a aumentar os bens materiais, como também não faz aumentar a duração da vida (antes pelo contrário!), ou melhor (dito com uma certa ironia), a própria estatura, como temos na tradução litúrgica.
32 «Os pagãos…». É próprio deles a inquietação com que se movem na vida. É próprio dos filhos de Deus a serenidade e a confiança no Pai do Céu.
33 «Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça». Esta justiça é a justiça indispensável para entrar no Reino de Deus, isto é, o cumprimento da sua vontade.
«Tudo o mais vos serão dadas por acréscimo», segundo comenta Santo Agostinho: «não corno um bem no qual devais fixar a vossa atenção, mas como um meio pelo qual possais chegar ao sumo e verdadeiro bem» (Sobre o Sermão da Montanha, 2, 24).
34 «Não vos inquieteis com o dia de amanhã». Trata-se duma sentença comum à sabedoria humana, que aparece também nas literaturas romana, grega, judaica e até egípcia. Mas, na boca de Jesus, tem um sentido novo: não se trata já da resignação e indiferença estóica, ou duma técnica epicurista para saborear em cheio o prazer do momento que passa, mas sim duma atitude de fé viva na Providência divina e de confiança filial no Pai celeste, que conduz à paz e serenidade de espírito. As palavras de Jesus não significam de modo nenhum qualquer apelo à inactividade dum falso piedosismo quietista.
Sugestões para a homilia
• Vencer a tentação do desânimo
O porquê dos nossos desânimos
Os sinais da bondade de Deus
O Senhor ama-nos sempre
• Acolher a bondade do Senhor
Viver o desprendimento
Confiar no Senhor
Ser fiel
1. Vencer a tentação do desânimo
a) O porquê dos nossos desânimos. «Sião exclamou: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me‘.»
É uma realidade que nos deixamos tentar muitas vezes pelo desânimo. Podemos estar doentes, com tendência para ver tudo com óculos escuros. Muitas vezes, porém, as causas são outras:
• Temos apego à nossa própria vontade. Queremos o que Deus não quer, ou fugimos do que Ele quer de nós.
• Falta-nos a confiança em Deus. Só confiamos e estamos contentes quando o Senhor nos faz a vontade. O mistério da cruz repugna-nos e revoltamo-nos contra ele.
• Em última análise, na raiz de tudo isto encontra-se a nossa falta de fé. Esquecemos ou não temos presente a verdade fundamental da nossa filiação divina. Esta solidão interior prejudica-nos e leva-nos ao desânimo.Fazemos lembrar uma criança mergulhada no escuro, com a mãe ao seu lado que lhe manifesta a sua presença falando-lhe carinhosamente, embora o filho não a veja; indiferente a tudo isto, a criança chora inconsolável.
b) Os sinais da bondade de Deus. «Mas pode a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do fruto das suas entranhas?»
Antes de nos pedir que confiemos n’Ele, o Senhor manifesta-nos a Sua bondade pelo comportamento de algumas criaturas. Parece dizer-nos: «Abre os olhos e vê!»
As mães, mesmo tão limitadas nas suas possibilidades, com defeitos, guardam intocável o afecto e carinho para com os filhos. Até os animais nos dão exemplo disto, guiados pelo instinto, tratando das crias, e mudando-as de lugar, quando algum perigo as ameaça.
Também os santos são pequenos vislumbres do coração misericordioso de Deus. Comove-nos uma Beata Teresa de Calcutá que se entrega aos mais pobres dos pobres; o Venerável João Paulo II que se entrega sem restrições aos cuidados do rebanho, até ao esgotamento; santa Joana Beretta Molla, médica, falecida aos 39 anos, para salvar a vida da filha que deu à luz. A enumeração podia continuar. Eles são como os faróis que, na escura e tempestuosa noite, enviam sinais para o alto mar, indicando o porto seguro.
Mas, enquanto o farol não vai ao encontro dos marinheiros, Deus está connosco na barca para nos ajudar.
c) O Senhor ama-nos sempre. «Pois, ainda que ela o esquecesse, Eu não o esqueceria.»
Deus ama-nos sempre, seja qual for o caminho por onde andamos transviados. É o mistério insondável da Sua misericórdia.
Quanto mais doentes, pequeninos e indefesos são os Seus filhos, mais lhes manifesta o Seu Amor.
Deus, nosso Pai, é mil vezes mais generoso para connosco do que todas as mães da terra juntas.
Sendo assim, nenhuma situação neste mundo justifica o nosso desânimo, porque podemos contar sempre com Ele.
Recolhamo-nos em oração, quando a escuridão do desânimo se abater sobre nós.
2. Acolher a bondade do Senhor
a) Viver o desprendimento. «Ninguém pode servir a dois senhores: […] Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.»
A confiança em Deus deve ser acompanhada duma diligência para fazer tudo o que está dentro das nossas possibilidades, para resolver os problemas. Quando estamos doentes, por exemplo, o primeiro cuidado há-de ser consultar o médico e obedecer-lhe.
Está fora de dúvidas que temos de procurar diligentemente o sustento de cada dia e, na condição de fieis correntes que vivem no mundo, amealhar algumas economias, para um tempo de crise.
Mas este cuidado não nos pode levar a passar por cima da Lei de Deus, lançando mão de todos os meios.
É que, se não vivermos com uma preocupação de fidelidade à lei do Senhor, pode chegar o momento em que não hesitamos em usar todos os meios – também os ilícitos – justificando-os com um fim bom que procuramos.
b) Confiar no Senhor. «Não vos inquieteis, no tocante à vossa vida, com o que haveis de comer ou de beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir.»
Depois de termos feito tudo quanto se encontra ao nosso alcance, abandonemo-nos a uma grande confiança no Senhor.
Ele não prometeu excluir da nossa vida a cruz do sofrimento. Nossa Senhora dizia a santa Bernadette Soubirous, a vidente de Lurdes: «Não prometo fazer-te feliz na terra, mas no Céu.» A Imaculada Conceição referia-se, com certeza, à felicidade como os homens a entendem geralmente. A sua família continuou com graves dificuldades económicas, o pai foi injustamente acusado de ter roubado um pedaço de madeira, e ela sofreu a asma até ao fim da vida. Jovem religiosa, ainda, foi preciso sentá-la numa cadeira – estava-se em Fevereiro gelado, em Névers – e trazê-la para junto da janela para que pudesse respirar nos últimos momentos da vida.
Mas podemos ter a certeza de que o Senhor escolhe sempre o melhor para nós. Apresentemos-Lhe os nossos pedidos, mas deixemos Deus escolher.
Que admirável exemplo de confiança nos dá o Santo Job, nas paragens longínquas do Antigo testamento!
c) Ser fiel. «O que afinal se requer nos administradores é que cada um deles se mostre fiel.»
S. Paulo toma conhecimento de que há grandes divisões na Igreja de Corinto e ele mesmo não escapa à calúnia. Tenta ajudá-los a afastar este mal, dando-lhes doutrina que é para todos os tempos, exortando-os a serem fieis.
Como se manifesta esta fidelidade? Encontramos na sua carta algumas indicações práticas.
• Examinar o nosso comportamento na presença de Deus, sem nos preocuparmos com o que as pessoas podem dizer de nós. É diante do Senhor que havemos de tomar as nossas decisões, e não sob a pressão das apreciações que o nosso comportamento pode causar nos outros, nem sempre bem formados ou bem intencionados.
• Manter a consciência limpa, sem esquecer que deve estar bem formada, para não nos iludirmos. Não faltam pessoas que estão continuamente a dizer que estão de consciência tranquila, quando até um cego vê que estão submersos no mal. Não falamos de consciência tranquila, mas limpa. É a Palavra de Deus que a purifica.
• Não julgar os outros. As críticas e murmurações são uma fonte de inquietação para os que as fazem e os que as sofrem.
O Senhor não nos entregou a missão de julgar, nem possuímos todos os dados para o podermos fazer com justiça.
• Participação na Missa Dominical. O Senhor ilumina as trevas do nosso coração especialmente no encontro com Ele em cada Domingo e dá-nos forças, na Eucaristia, para cumprirmos as exigências que ela nos ajuda a descobrir.
A paz que buscamos, numa confiança ilimitada no Senhor, não dispensa, pois, este encontro com Ele no primeiro dia da semana.
Em casa de Isabel, Maria manifesta a maior tranquilidade e alegria, apesar dos problemas que se acumulam no horizonte da sua vida, porque confia no Senhor.
LITURGIA EUCARÍSTICA
INTRODUÇÃO
O Senhor veio em nosso auxílio, na Liturgia da Palavra, para iluminar os caminhos da nossa vida.
Agora, vai preparar-nos o Banquete da Eucaristia, para nos fortalecer nesta caminhada para o Céu.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Senhor, que nos concedeis estes dons que Vos oferecemos e nos atribuís o mérito do oferecimento, nós Vos suplicamos: o que nos dais como fonte de mérito nos obtenha o prémio da felicidade eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
SANTO
SAUDAÇÃO DA PAZ
Quando não fazemos esforço para cultivar a paz e a concórdia com todos, sofremos e fazemos sofrer.
O Senhor convida-nos a que alimentemos interiormente o desejo de perdoar e aceitarmos o perdão, manifestando com um gesto estes sentimentos.
Saudai-vos na paz de Cristo!
Monição da Comunhão
Como o Apóstolo João, nas margens do lago, depois da pesca miraculosa, também cada um de nós, ao aproximar-se da Eucaristia, pode exclamar: «É o Senhor!»
Se estamos preparados para o fazer, aproximemo-nos com esta certeza que nos dá a fé, e comunguemos com amor e devoção.
Salmo 12, 6
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Cantarei ao Senhor pelo bem que me fez, exaltarei o nome do Senhor, cantarei hinos ao Altíssimo.
Ou:
Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos, diz o Senhor.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Senhor, que nos saciais com os vossos dons sagrados, concedei-nos, por este sacramento com que nos alimentais na vida presente, a comunhão convosco na vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Sejamos agora, em todas as encruzilhadas do mundo – na família, no trabalho e nos momentos de lazer – testemunhas de uma firme confiança em Deus.
Celebração e Homilia: FERNANDO SILVA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Homilias Feriais: NUNO ROMÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA