“Cinco pães e dois peixes”
Jesus, a partir de tão pouco, fez um milagre: aquele menino tinha tão somente cinco pães, Jesus fez com que fosse alimentada uma multidão composta de umas cinco mil pessoas! “Cinco pães e dois peixes” é o título de um livrinho muito interessante que narra o testemunho de fé de um bispo vietnamita na prisão. Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, logo após sua nomeação como arcebispo coadjutor de Saigón foi preso pelo governo comunista. Foram 13 anos na cadeia(1975-1988). Seu crime? Ser bispo da Igreja Católica.
O citado livro nos fala que os cinco pães são:
1º) viver o momento presente: “todos os prisioneiros, incluindo eu, esperam cada minuto sua libertação. Mas depois decidi: “Eu não esperarei mais. Vou viver o momento presente enchendo-o de amor”. Quantas preocupações vagueiam em nossas mentes e em nossos corações sobre o passado e sobre o futuro. Perdemos tempo… Poderíamos aproveitar mais e melhor o momento presente, vivendo-o intensamente na dedicação a Deus e aos demais por amor de Deus;
2º) distinguir entre Deus e as obras de Deus. O mais importante é Deus e não fazer coisas por ele, ainda que também sejam muito importantes. “Quando digo: “ Por Deus e pela Igreja”, fico em silêncio na presença de Deus e pergunto-me honestamente: “Senhor, trabalho somente por ti? Tu és sempre o motivo essencial de tudo o que eu faço? Dar-me-ia vergonha admitir que tenho outros motivos mais fortes”. Precisamos constantemente ver se o que fazemos é realmente por Deus ou para a nossa glória pessoal (glória vã, vanglória). Para Deus toda a glória! Seja essa a nossa constante oração;
3º) a oração. São Josemaría Escrivá dizia: “Santo, sem oração?!… – Não acredito nessa santidade” (Caminho 107). Realmente, quem quiser ser santo, e essa é a nossa obrigação, precisa rezar muito;
4º) a Eucaristia: é nosso grande tesouro!
5º) amar até a unidade:
“Era muito difícil para os meus guardas compreender como se pode perdoar, amar os inimigos, reconciliar-se com eles:
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O senhor nos ama de verdade?
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Sim, eu os amo sinceramente.
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Ainda que lhe façamos danos? Ainda sofrendo por ter passado tantos anos na prisão sem ter sido julgado?
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Pensai nos anos que temos vivido juntos. Realmente os amei!
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Quando receba a liberdade, não mandará os seus fazer-nos danos, a nós ou às nossas famílias?
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Não, continuarei amando-vos, ainda que me queirais matar.
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Mas, porquê?
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Porque Jesus ensinou-me a amar-vos. Se eu não o fizesse, não seria digno de chamar-me cristão.”
Os dois peixes são:
1º) Maria Imaculada: “Maria tem um papel especial na minha vida. Fui preso no dia 15 de agosto de 1975, festa da Assunção de Maria. Saí no carro da polícia, com as mãos vazias, sem um centavo no bolso, só com o rosário, e estava em paz. Essa noite, pela longa estrada de 450 km, recitei muitas vezes a oração Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria.”;
2º) escolher Jesus: “Se das 24 horas vivemos 24 radicalmente por Jesus, seremos santos”.
Como seria bom se esses fossem os nossos cinco pães e dois peixes. Como aquela criança, com simplicidade, queremos oferecer a Jesus o nosso esforço por sermos bons. Rezemos uns pelos outros para que possamos oferecer a Deus esses cinco pãezinhos e esses dois peixinhos, nossa luta por vivermos esses pontos acima mencionados, com os quais o Senhor pode fazer grandes milagres, alimentar muitos irmãos nossos: famintos de verdade e de amor, famintos do nosso testemunho de cristãos. Da nossa fidelidade dependem muitas coisas!
Maria Imaculada abra os nossos corações ao amor de Deus e à oblação, à entrega generosa daquilo que temos. Se oferecermos água, a simples água, como outrora pela intercessão de Maria, Cristo a transformará em bom vinho. De novo, se lhe darmos, pela intercessão de Maria o nosso desejo de viver esse planos dos “cinco pães e dois peixes”, o nosso plano de vida espiritual, o Senhor fará grandes obras.
Pe. Françoá Costa