Roteiro Homilético – V Domingo do Tempo Comum – Ano A

RITOS INICIAIS

Salmo 94, 6-7

ANTÍFONA DE ENTRADA: Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. O Senhor é o nosso Deus.

Introdução ao espírito da Celebração

Muitas pessoas imaginam que ser cristão – fazer parte da Igreja – é apenas um problema individual, como quem entre num transporte para se dirigir a qualquer localidade.

O Senhor ensina-nos, na liturgia da Palavra deste 5.º Domingo do Tempo Comum, que fomos baptizados para entrarmos numa família – a família dos filhos de Deus – e, nos transformarmos em luz e sal que ajude as outras pessoas.

Preparemo-nos para celebrar dignamente estes sagrados mistérios, reconhecendo que somos pecadores e pedindo perdão dos nossos pecados.

ORAÇÃO COLECTA: Guardai, Senhor, com paternal bondade a vossa família; e, porque só em Vós põe a sua confiança, defendei-a sempre com a vossa protecção. Por Nosso Senhor…

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: A verdadeira religião mede-se, não apenas pela reza de muitas orações e discursos cheios de beleza sobre o cristianismo, mas pelo amor em obras para com os oprimidos e necessitados.

A recomendação de Isaías é também para todos nós e convida-nos a um profundo exame de consciência sobre esta verdade.

Isaías 58, 7-10

7Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. 8Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. 9Então, se chamares, o Senhor responderá, se O invocares, dir-te-á: ‘Aqui estou’. Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, 10se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».

7 Há uma grande afinidade deste texto com as obras de misericórdia, proclamadas por Jesus na descrição do juízo final (Mt 25, 31-46). Assim esta passagem isaiana prepara e de algum modo antecipa a moral evangélica.

8-10 À prática da caridade são prometidas as maiores vantagens: «a tua luz» (vv. 8 e 10) parece referir-se à prosperidade que acompanhará quem for generoso no exercício da caridade.

Salmo Responsorial    Salmo 111 (112), 4-5.6-7.8a e 9 (R. 4a ou Aleluia)

Monição: O salmo 111 canta o louvor do justo que vive e pratica a caridade para com o seu próximo. Façamos dele a nossa oração: PARA O HOMEM RECTO BRILHARÁ UMA LUZ NO MEIO DAS TREVAS.

Refrão:        Para o homem reto nascerá uma luz no meio das trevas.

Ou:               ALELUIA.

Brilha aos homens rectos, como luz nas trevas,

o homem misericordioso, compassivo e justo.

Ditoso o homem que se compadece e empresta

e dispõe das suas coisas com justiça.

Este jamais será abalado;

o justo deixará memória eterna.

Ele não receia más notícias:

seu coração está firme, confiado no Senhor.

O seu coração é inabalável, nada teme;

reparte com largueza pelos pobres,

a sua generosidade permanece para sempre

e pode levantar a cabeça com altivez.

Segunda Leitura

Monição: A proclamação da mensagem cristã feita por S. Paulo aos Coríntios apoia-se na força da própria mensagem do Evangelho, e não na sua eloquência um figura imponente.

Anunciemos com simplicidade e coragem a Boa Nova, com a certeza de que a eficácia da evangelização vem de Deus, pela Sua Palavra.

Coríntios 2, 1-5

1Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. 2Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. 3Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. 4A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, 5para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.

Muitos exegetas querem ver estas considerações de S. Paulo sobre a natureza e o modo da sua pregação ditadas pela amarga experiência do fracasso de Atenas, pregação que ele ali tanto tinha cuidado, servindo-se dos seus extraordinários recursos oratórios e até da sua cultura profana, com a citação de autores pagãos (Act 17, 28). Chega de Atenas a Corinto, desiludido com os sábios do Areópago e com a sabedoria humana em consequência dos reduzidíssimos frutos daquela pregação. A própria experiência tinha-o tornado ainda mais humilde «cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras» (v. 3), pregando, é certo, com grande ardor, mas não baseado nos seus recursos pessoais, «na linguagem convincente da sabedoria» (v. 4), mas no «poder de Deus» (v. 5). O êxito de S. Paulo em Corinto foi este apoiar-se em Deus e o falar com toda a clareza e sem complexos, de «Jesus Cristo crucificado» (v. 2), do escândalo e da loucura da Cruz. (cf. 1 Cor 1, 23).

Aclamação ao Evangelho Jo 8, 12

Monição: Vivemos para servir, como luz do mundo e sal da terra. Manifestemos a nossa alegria por tão honrosa missão, cantando Aleluia.

ALELUIA

Eu sou a luz do mundo, diz o Senhor: quem Me segue terá a luz da vida.

Evangelho

São Mateus 5, 13-16

13Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; 15nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. 16Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

Este texto aparece na continuação da proclamação das bem-aventuranças e constitui como que um corolário delas e a sua aplicação (os vv. 11-12 já eram uma primeira aplicação aos ouvintes da 8ª bem-aventurança): na medida em que os discípulos viverem o espírito das bem-aventuranças, assim eles serão «sal da terra» e «luz do mundo» (é este o lema para a XVII Jornada Mundial da Juventude em Toronto; ver a mensagem do Papa). Neste texto não se vê uma referência ao mandato de anunciar o Evangelho com a pregação (cf. Mt 28, 19-20; Mc 16, 15.20), mas sim ao testemunho de vida – «vendo as vossas boas obras (v. 16) – que todos os discípulos têm de dar. As metáforas do sal e da luz são de si muito expressivas. O «sal» preserva da corrupção e dá gosto aos alimentos, mas sem chamar a atenção com a sua presença. O sal então usado na Palestina era em geral extraído de jazigos de sal gema a SW do Mar Morto e, quando era menos puro, vinha misturado com argila; a humidade facilmente o podia diluir, deixando ficar restos de terra dessorada que só servia para se deitar fora. Os discípulos são «luz» enquanto devem, como «filhos da luz» (1 Tes5, 5), reflectir Cristo, «luz do mundo» (Jo 1, 4-5.9; 3, 19-21; 8, 12; 9, 5; 12, 35-36.46).

Sugestões para a homilia

Viver a comunhão com os irmãos

Sal da terra e luz do mundo, pela caridade

Viver a comunhão com os irmãos

Os problemas das pessoas não mudam radicalmente de uns tempos para outros, porque o homem é sempre o mesmo, com as suas riquezas e também com as más tendências.

Não a um cristianismo individualista. Isaías lamenta que o Povo de Deus se tenha refugiado numa falsa piedade e abandonado o respeito e o amor ao próximo.

Por isso, O profeta sente-se urgido a pregar: «Eis o que diz o Senhor: ‘Reparte o pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa a quem viste andar despido e não voltes as costas ao teu semelhante’.»

Uma tentação que nos acompanha constantemente é a de fugir ao que custa. Num primeiro momento, procuramos encontrar desculpas, para gozar de uma falsa paz.

Depois, entra a rotina neste modo de ser. Ficamos apenas em práticas de religiosidade e fugimos daquilo que exige de nós sacrifício.

Fechamo-nos numa religiosidade individual, como se cada um de nós fosse uma ilha isolada no mar imenso da humanidade.

Abrir o coração. É preciso regressar quanto antes ao bom caminho, vivendo a comunhão com as outras pessoas, sobretudo as mais carenciadas.

Tem este sentido a promessa de Isaías: «Então, a tua luz despontará como a aurora, e as tuas chagas não tardarão a sarar. A tua justiça andará à tua frente, e atrás de ti, a glória do Senhor.»

Muitas vezes sentimos dificuldades em progredir na santidade pessoal, em corrigir os nossos defeitos e vencer as tentações. Talvez isto aconteça, porque falta à nossa piedade a dimensão horizontal.

O Senhor chamou-nos fazer parte duma família – a dos filhos de Deus – e só nesta condição nos podemos santificar: preocupando-nos com os outros, alargando o círculo das nossas amizades, ajudando-nos mutuamente a caminhar sem que ninguém fique para trás.

Ouvidos por Deus na medida em que ouvirmos os outros. A eficácia da nossa oração está também condicionada por este estilo de vida. Deus voltar-Se-á para nós, quando orarmos, na medida em que voltarmos para os outros, sendo sensíveis às suas carências e dificuldades. «Então, se chamares, o Senhor responderá, se apelares para ele, dir-te-á: ‘Estou aqui’»

Sal da terra e luz do mundo, pela caridade

Quando lemos no Evangelho que o discípulo de Jesus Cristo é sal da terra e luz do mundo, restringimos a nossa vocação e missão a anunciar as verdades da fé.

Há, de facto, uma grande carência de doutrina nas pessoas, mas há também uma grande carência de Amor.

Sal da terra. A nossa vocação é dar gosto às actividades mais rotineiras, saber e ajudar os outros a descobrir o brilho divino que há nas coisas mais comuns.

Só o amor a Deus, vivido na caridade para com os outros nos transforma neste sal. As pessoas já não se convencem com palavras sonantes, com belas ideias. «Aquilo que tu és grita tão alto, que não ouço o que tu dizes.» (Teixeira de Pascoais).

Voltamos ao profeta Isaías: «Se afastares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite ficará como o meio-dia.»

Para que serviria o nosso cristianismo, se o não procurássemos viver com toda a exigência, com amor? «Mas, se o sal perder o sabor, com que há-de ele salgar-se? Já não serve para nada; só presta para se deitar fora e ser pisado pelos homens.»

Não encontraremos aqui alguma explicação para a falta de interesse de algumas pessoas pelo cristianismo?

Luz do mundo. Somos enviados a ser luz, anunciando a Palavra Deus. Disse Jesus: «1 de pelo mundo inteiro e anunciai a Boa a todos os povos.» Os primeiros cristãos entenderam perfeitamente este mandato. Só depois, com o cansaço que vem ao longo da caminhada, se começou a pensar que a evangelização é encargo apenas de alguns privilegiados.

Faz-nos estremecer a Palavra de Jesus Cristo: «Não se pode esconder uma cidade situada num monte, nem se acende uma lâmpada para se pôr debaixo do alqueire, mas no candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa.»

Mas seremos luz também – e de modo indispensável – pelo bom exemplo que damos, pela seriedade coerente com que levamos as tarefas de cada dia, na família, no trabalho, nas amizades. Quando fala da necessidade de espalhar luz, o mestre fala também das nossas boas obras.

Ano da Eucaristia. Neste Ano a Eucaristia, procuremos conduzir as pessoas à Eucaristia Dominical, e ajudemo-las a participar nela de modo que participem activamente na Celebração.

Para que recomecem de verdade uma vida cristã, terão necessidade de recorrer diligentemente ao Sacramento da Reconciliação e Penitência.

Que Nossa Senhora nos ajude e ensine a sermos cada vez mais sal da terra e luz do mundo.

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Senhor nosso Deus, que criastes o pão e o vinho para auxílio da nossa fraqueza concedei que eles se tornem para nós sacramento de vida eterna. Por Nosso Senhor…

Saudação da Paz

Ponhamos de lado os nossos caprichos e questões, para vivermos em verdadeira paz.

Com esta disposição interior,

Saudai-vos na paz de Cristo!

Monição da Comunhão :

Depois da luz que nos trouxe a Palavra de Deus, precisamos deste Alimento divino que é a santíssima Eucaristia, para transformarmos em vida o que aprendemos.

Comunguemos, pois, com as necessárias disposições.

Salmo 106, 8-9

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Dêmos graças ao Senhor pela sua misericórdia, pelos seus prodígios em favor dos homens, porque Ele deu de beber aos que tinham sede e saciou os que tinham fome.

Ou:    Mt 5, 5-6

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Deus de bondade, que nos fizestes participantes do mesmo pão e do mesmo cálice, concedei que, unidos na alegria e no amor de Cristo, dêmos fruto abundante para a salvação do mundo. Por Nosso Senhor…

RITOS FINAIS

Monição final

Levamos para a semana que agora começa uma missão importante que se concretiza em dois aspectos que se completam: ser sal da terra e luz do mundo.

HOMILIAS FERIAIS

5ª SEMANA

 

2ª feira, 7-II: Cinco Chagas de Cristo: ‘Apalpar’ o amor de Deus.

Is 53, 1-10 / Jo 19, 28-37

Disse a Tomé:… aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel.

A festa das Cinco Chagas do Senhor recorda-nos que Ele sofreu este castigo por causa dos nossos pecados: «a morte redentora de Jesus deu cumprimento sobretudo à profecia do ‘Servo sofredor’ (Leit. do dia). O próprio Jesus apresentou o sentido da sua vida e da sua morte à luz do Servo sofredor» (CIC, 601).

Jesus convida-nos a aproximar-nos d’Ele para ‘apalparmos’ o seu amor por nós (cf. Ev.): «Acorre perseverantemente ao Sacrário, de modo físico ou com o coração, para te sentires seguro, para te sentires sereno: mas também para te sentires amado… e para amar» (Forja, 837).

 

3ª feira, 8-II: A dignidade do homem.

Gen 1, 20-2, 4 / Mc 7, 1-13

Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança.

O relato da criação inteira e do homem em particular (cf. Leit.), constitui uma manifestação do amor de Deus.

O homem foi dotado de uma extraordinária dignidade: feito à imagem e semelhança de Deus, Senhor da criação… (cf. Leit.). E essa dignidade alcançou o ponto mais elevado com a Encarnação de Cristo: «A natureza humana nele assumida, não absorvida, foi elevada também a uma dignidade sem igual. Com efeito, pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todo o homem. Trabalhou com mãos humanas, agiu com vontade humana, amou com coração humano» (Gaudium et spes, 22).

Celebração e Homilia: Celestino Correira Ferreira

Nota Exegética: Geraldo Morujão

Homilias Feriais: Nuno Romão

Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha

Fonte: Celebração  Litúrgica

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