Roteiro Homilético – IV Domingo do Advento (Ano B)

RITOS INICIAIS

Is 45, 8

ANTÍFONA DE ENTRADA: Desça o orvalho do alto dos Céus e as nuvens chovam o Justo. Abra-se a terra e germine o Salvador.

Não se diz o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

Preparamo-nos para o Natal, que está já à porta. A Santa Igreja convida-nos a viver estes últimos dias mais unidos à Virgem, aprendendo com Ela a acolher a Jesus e a amá-Lo mais.

Ele está connosco na Eucaristia que celebramos. Avivemos a nossa fé e o nosso amor. Limpemos bem o nosso coração pelo arrependimento sincero.

ORAÇÃO COLECTA: Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que nós, que pela anunciação do Anjo conhecemos a encarnação de Cristo vosso Filho, pela sua paixão e morte na cruz alcancemos a glória da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: O profeta Natã anuncia a David que da sua descendência virá o Messias, que será rei para sempre. Deus recompensa assim a sua generosidade.

Samuel 7, 1-5.8b-12.14a.16

1Quando David já morava em sua casa e o Senhor lhe deu tréguas de todos os inimigos que o rodeavam, 2o rei disse ao profeta Natã: «Como vês, eu moro numa casa de cedro e a arca de Deus está debaixo de uma tenda».3Natã respondeu ao rei: «Faz o que te pede o teu coração, porque o Senhor está contigo». 4Nessa mesma noite, o Senhor falou a Natã, dizendo: 5«Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar? 8bTirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel. 9Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da terra. 10Prepararei um lugar para o meu povo de Israel; e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os perversos tornem a oprimi-lo como outrora, 11quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel. Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com teus pais estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti e consolidarei a tua realeza. Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o seu trono real. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. 16A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono será firme para sempre».

David tinha exposto ao profeta Natã o seu projecto de vir a construir para a arca da aliança uma casa digna, que substituísse de vez o modesto tabernáculo feito de cortinados. O profeta apoia a ideia do rei, mas Deus falou a Natã transmitindo-lhe uma mensagem do mais alto alcance: não seria David a erguer uma casa a Yahwéh, mas Yahwéh a fazer uma casa a David! O profeta joga com o duplo sentido de bayit,casa e dinastia (v. 11).

16 «O teu trono será firme para sempre». Este versículo contém uma das mais importantes profecias do messianismo régio. A profecia aparece cumprida no N. T., uma vez que Jesus é descendente legal de David. O seu reino, não tem fim (Lc 1, 33), pois a realeza manteve-se dentro da casa (família) de David; o seu reino é eterno, entenda-se, no sentido religioso, não no sentido político.

Salmo Responsorial

Salmo 88 (89), 2-3.4-5.27 e 29 (R. cf. 2a)

Monição: O salmo repete a promessa da primeira leitura sobre a vinda do Salvador da descendência do rei David.

Refrão: CANTAREI ETERNAMENTE AS MISERICÓRDIAS DO SENHOR.

Ou:                SENHOR, CANTAREI ETERNAMENTE A VOSSA BONDADE.

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor

e para sempre proclamarei a sua fidelidade.

Vós dissestes:

«A bondade está estabelecida para sempre»,

no céu permanece firme a vossa fidelidade.

 

 

«Concluí uma aliança com o meu eleito,

fiz um juramento a David meu servo:

‘Conservarei a tua descendência para sempre,

estabelecerei o teu trono por todas as gerações’».

 

 

«Ele Me invocará: ‘Vós sois meu Pai,

meu Deus, meu Salvador’.

Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor,

a minha aliança com ele será irrevogável».

Segunda Leitura

Monição: S. Paulo fala do mistério da salvação destinado a todos os povos, para que todos obedeçam à fé e se possam salvar.

Romanos 16, 25-27

Irmãos: 25Àquele que tem o poder de vos confirmar, segundo o meu Evangelho e a pregação de Jesus Cristo a revelação do mistério encoberto desde os tempos eternos 26mas agora manifestado e dado a conhecer a todos os povos pelas escrituras dos Profetas segundo a ordem do Deus eterno, dado a conhecer a todos os gentios para que eles obedeçam à fé 27a Deus, o único sábio, por Jesus Cristo, seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amen.

Temos aqui a doxologia com que, de modo singular, termina a epístola. A verdade é que esta mesma doxologia aparece nalguns códices no fim ou do capítulo 14 ou do 15, devido à supressão de ou dois capítulos finais para o uso litúrgico da epístola, por se tratar de partes pessoais de menos interesse para os fiéis de outras comunidades.

«O meu Evangelho» identifica-se com «a (minha) pregação» que tem por objecto Jesus Cristo (a sua Pessoa, os seus ensinamentos e a sua obra). «O mistério… agora manifestado» e apenas vislumbrado pelos Profetas é o plano divino de salvar todos os homens (judeus e gentios) por meio da obra redentora de Jesus, que fez de nós um só corpo, a família dos filhos de Deus.

Aclamação ao Evangelho

Lc 1, 38

Monição: Nossa Senhora acolhe a mensagem do Arcanjo cheia de fé e humildade e obedece prontamente à vontade de Deus. Vamos ouvir, como Ela, o que Jesus nos vai dizer.

ALELUIA

Eis a escrava do Senhor:  faça-se em mim segundo a vossa palavra.

Evangelho


São Lucas
1, 26-38

Naquele tempo, 26o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. 27O nome da Virgem era Maria. 28Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». 29Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. 30Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus.31Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». 34Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». 35O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. 36E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril 37porque a Deus nada é impossível». 38Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor faça-se em mim segundo a tua palavra».

A cena da Anunciação, narrada com toda a simplicidade, tem uma singular densidade, pois encerra o mistério mais assombroso da História da Salvação, a Incarnação do Filho eterno de Deus. Assim, a surpresa do leitor transforma-se em encanto e deslumbramento. O próprio paralelismo dos relatos lucanos do nascimento de João e de Jesus, revestem-se dum contraste deveras significativo: à majestade do Templo e grandiosidade de Jerusalém contrapõe-se a singeleza duma casa numa desconhecida e menosprezada aldeia de Galileia; ao afã dum casal estéril por ter um filho, a pureza duma virgem que renunciara à glória de ser mãe; à dúvida de Zacarias, a fé obediente de Maria!

26 «O Anjo Gabriel». O mesmo que anunciou a Zacarias o nascimento de João. Já era conhecido o seu nome no A.T. (Dan 8, 16-26; 9, 21-27). O seu nome significa «homem de Deus» ou também «força de Deus».

28 Coadunando-se com a transcendência da mensagem, a tripla saudação a Maria é absolutamente inaudita:

«Ave»: Vulgarizou-se esta tradução, correspondente a uma saudação comum (como ao nosso «bom dia»; cf. Mt 26, 49), mas que não parece ser a mais exacta, pois Lucas, para a saudação comum usa o semítico «paz a ti» (cf. Lc 10, 5); a melhor tradução é «alegra-te» – a tradução literal do imperativo do grego khaire –, de acordo com o contexto lucano de alegria e com a interpretação patrística grega, não faltando mesmo autores modernos que vêem na saudação uma alusão aos convites proféticos à alegria messiânica da «Filha de Sião» (Sof 3, 14; Jl 2, 21-23; Zac 9, 9).

Ó «cheia de graça»: Esta designação tem muita força expressiva, pois está em vez do nome próprio, por isso define o que Maria é na realidade. A expressão portuguesa traduz um particípio perfeito passivo que não tem tradução literal possível na nossa língua: designa Aquela que está cumulada de graça, de modo permanente; mais ainda, a forma passiva parece corresponder ao chamado passivo divino, o que evidencia a acção gratuita, amorosa, criadora e transformante de Deus em Maria: «ó Tu a quem Deus cumulou dos seus favores». De facto, Maria é a criatura mais plenamente ornada de graça, em função do papel a que Deus A chama: Mãe do próprio Autor da Graça, Imaculada, concebida sem pecado original, doutro modo não seria, em toda a plenitude, a «cheia de graça», como o próprio texto original indica.

«O Senhor está contigo»: a expressão é muito mais rica do que parece à primeira vista; pelas ressonâncias bíblicas que encerra, Maria é posta à altura das grandes figuras do Antigo Testamento, como Jacob (Gn 28, 15), Moisés (Ex 3, 12) e Gedeão (Jz 6, 12), que não são apenas sujeitos passivos da protecção de Deus, mas recebem uma graça especial que os capacita para cumprirem a missão confiada por Ele.

Chamamos a atenção para o facto de na última edição litúrgica ter sido suprimido o inciso «Bendita és tu entre as mulheres», pois este não aparece nos melhores manuscritos e pensa-se que veio aqui parar por arrasto do v. 42 (saudação de Isabel). A Neovulgata, ao corrigir a Vulgata, passou a omiti-lo.

29 «Perturbou-se», ferida na sua humildade e recato, mas sobretudo experimentando o natural temor de quem sente a proximidade de Deus que vem para tomar posse da sua vida (a vocação divina). Esta reacção psicológica é diferente da do medo de Zacarias (cf. Lc 1, 12), pois é expressa por outro verbo grego; Maria não se fecha no refúgio dos seus medos, pois n’Ela não há qualquer espécie de considerações egoístas, deixando-nos o exemplo de abertura generosa às exigências de Deus, perguntando ao mensageiro divino apenas o que precisa de saber, sem exigir mais sinais e garantias como Zacarias (cf. Lc 1, 18).

32-33 «Encontraste graça diante de Deus»: «encontrar graça» é um semitismo para indicar o bom acolhimento da parte dum superior (cf. 1 Sam 1, 18), mas a expressão «encontrar graça diante de Deus» só se diz no A. T. de grandes figuras, Noé (Gn 6, 8) e Moisés (Ex 33, 12.17). O que o Anjo anuncia é tão grandioso e expressivo que põe em evidência a maternidade messiânica e divina de Maria (cf. 2 Sam 7, 8-16; Salm2, 7; 88, 27; Is 9, 6; Jer 23, 5; Miq 4, 7; Dan 7, 14).

34 «Como será isto, se Eu não conheço homem?» Segundo a interpretação tradicional desde Santo Agostinho até aos nossos dias, tem-se observado que a pergunta de Maria careceria de sentido, se Ela não tivesse antes decidido firmemente guardar a virgindade perpétua, uma vez que já era noiva, com os desposórios ou esponsais (erusim) já celebrados (v. 27). Alguns entendem a pergunta como um artifício literário e também «não conheço» no sentido de «não devo conhecer», como compete à Mãe do Messias (cf. Is 7, 14). Pensamos que a forma do verbo, no presente, «não conheço», indica uma vontade permanente que abrange tanto o presente como o futuro. Também a segurança com que Maria aparece a falar faz supor que José já teria aceitado, pela sua parte, um matrimónio virginal, dando-se mutuamente os direitos de esposos, mas renunciando a consumar a união; nem todos os estudiosos, porém, assim pensam, como também se vê no recente e interessante filme Figlia del suo Figlio.

35 «O Espírito Santo virá sobre ti…». Este versículo é o cume do relato e a chave do mistério: o Espírito, a fonte da vida, «virá sobre ti», com a sua força criadora (cf. Gn 1, 2; Salm 104, 30) e santificadora (cf.Act 2, 3-4); «e sobre ti a força do Altíssimo estenderá a sua sombra» (a tradução litúrgica «cobrirá» seria de evitar por equívoca e pobre; é melhor a da Nova Bíblia da Difusora Bíblica): o verbo grego (ensombrar) é usado no A. T. para a nuvem que cobria a tenda da reunião, onde a glória de Deus estabelecia a sua morada (Ex 40, 34-36); aqui é a presença de Deus no ser que Maria vai gerar (pode ver-se nesta passagem o fundamento bíblico para o título de Maria, «Arca da Aliança»).

«O Santo que vai nascer…». O texto admite várias traduções legítimas; a litúrgica, afasta-se tanto da da Vulgata, como da da Nova Vulgata; uma tradução na linha da Vulgata parece-nos mais equilibrada e expressiva: «por isso também aquele que nascerá santo será chamado Filho de Deus». I. de la Potterie chega a ver aqui uma alusão ao parto virginal de Maria: «nascerá santo», isto é, não manchado de sangue, como num parto normal. «Será chamado» (entenda-se, «por Deus» – passivum divinum) «Filho de Deus», isto é, será realmente Filho de Deus, pois aquilo que Deus chama tem realidade objectiva (cf. Salm 2, 7).

38 «Eis a escrava do Senhor…». A palavra escolhida na tradução, «escrava» talvez queira sublinhar a entrega total de Maria ao plano divino. Maria diz o seu sim a Deus, chamando-se «serva do Senhor»; é a primeira e única vez que na história bíblica se aplica a uma mulher este sintagma, como que evocando toda uma história maravilhosa de outros «servos» chamados por Deus, que puseram a sua vida ao seu serviço: Abraão, Jacob, Moisés, David… É o terceiro nome com que Ela aparece neste relato: «Maria», o nome que lhe fora dado pelos homens, «cheia de graça», o nome dado por Deus, «serva do Senhor», o nome que Ela se dá a si mesma.

«Faça-se…». «sim» de Maria é expresso com o verbo grego no modo optativo (génoito, quando o normal seria o uso do modo imperativo génesthô), o que põe em evidência a sua opção radical e definitiva, o seu vivo desejo (matizado de alegria) de ver realizado o desígnio de Deus (M. Orsatti).

Apraz-nos citar aqui as palavras de S. João Damasceno sobre Nª Senhora: «Ela é descanso para os que trabalham, consolação dos que choram, remédio para os doentes, porto de refúgio para as tempestades, perdão para os pecadores, doce alívio dos tristes, socorro dos que rezam».

Sugestões para a homilia

O teu trono será firme para sempre

Faça-se segundo a tua palavra

Que obedeçam à fé

O teu trono será firme para sempre

O rei David, depois de conquistar Jerusalém e fazer dela a capital do seu reino, quis construir para Deus um templo que fosse digno do Senhor. Até então o templo era uma tenda de peles, como Deus tinha indicado a Moisés no deserto do Sinai, de modo a ser transportada de um lado para o outro.

Deus mandou dizer pelo profeta Natã que essa tarefa seria para o filho que lhe sucedesse. Mas o Senhor recompensou a sua generosidade fazendo-lhe a promessa maravilhosa que ouvíamos na primeira leitura: da sua descendência havia de nascer o Messias prometido a Abraão.

É uma lição muito importante para nós. Deus não fica a dever nada. É mais generoso do que nós. Vale a pena que sejamos cuidadosos com as coisas de Deus. Vale a pena que tratemos bem a Jesus que está connosco na Santíssima Eucaristia.

É um sinal da nossa fé e do nosso amor cuidar das nossas igrejas e dos objectos do culto. Que não sejam como o curral onde nasceu há dois mil anos porque não quiseram recebê -Lo em suas casas.

Jesus continua a ser Deus connosco em nossas igrejas. Além do cuidado com as coisas litúrgicas, respeitemos o ambiente sagrado dos nossos templos, hoje que tantos cristãos não o sabem fazer. Até parece que estão na rua ou na feira da aldeia.

Ali é casa de oração, é lugar para falar com o Senhor e não para estar a conversar com os outros. Se alguma coisa é preciso dizer temos de falar baixo e só o estritamente necessário, com a consciência de que está ali Jesus.

Aprendamos com Nossa Senhora a tratar bem Aquele que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e que veio habitar entre nós e que Se encontra em nossos sacrários.

Faça-se segundo a tua palavra

Nossa Senhora é para nós o modelo sempre actual para acolher a Jesus. A Igreja apresenta-nos neste último domingo do Advento a figura de Maria, a sugerir-nos que façamos como Ela para viver bem o Natal de Jesus.

O Arcanjo S. Gabriel saúda-A em nome de Deus e diz-Lhe que Ele a escolheu para mãe do Salvador prometido aos seus antepassados. A Virgem escuta com atenção, acredita sem duvidar naquilo que o mensageiro de Deus lhe diz. Não pede nenhum sinal como Zacarias.

E responde: – «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em Mim segundo a tua palavra.» Naquele momento o Verbo de Deus, eterno com o Pai, toma a nossa natureza humana fazendo-se um de nós no seio puríssimo de Maria.

Podemos admirar a fé, a humildade e a obediência pronta e decidida da Virgem. É uma lição viva para todos nós. A fé e o amor de Deus manifestam-se na obediência fiel à vontade de Deus. Cumprindo os Seus mandamentos.

A Epístola aos Hebreus diz-nos que as primeiras palavras de Jesus para o Pai ao incarnar foram: «eis que venho, ó Deus, para fazer a Tua vontade» (Heb 10, 7). Vemos aqui a sintonia perfeita entre a Mãe e o Filho.

Jesus fez-se homem e veio ensinar-nos a cumprir fielmente a vontade de Deus. Daí depende a nossa felicidade neste mundo e no outro. «O meu alimento – dirá Ele mais tarde – é fazer a vontade daquele que Me enviou» (Jo 4, 34).

Aprendamos com a Virgem a identificar-nos com Jesus, sempre prontos a fazer a vontade de Deus. Jesus continua a guiar-nos através da Sua Igreja: através do Santo Padre, sucessor de Pedro e pastor de todo o Seu rebanho e também dos bispos unidos a ele.

Santa Teresa de Ávila estava em Salamanca em 1563. O seu confessor mandou-lhe escrever o relato da fundação dos seus conventos: madre Teresa estava bastante doente e com muitas ocupações. Mas procurou fazer o que lhe mandavam. Jesus disse-lhe na oração. «Filha, a obediência dá força» (Prólogo, Livro das Fundações).

A desobediência, por seu lado, rouba as forças e a eficácia na vida espiritual e no apostolado.

Hoje custa obedecer. Em nome duma falsa liberdade. Todos sabemos criticar e poucos sabemos obedecer. Para acolher a Jesus em nosso coração, temos de o limpar do pecados e adorná-lo com o desejo firme de cumprir em tudo a vontade de Deus. O Advento foi para nós tempo de barrela, procurámos confessar-nos, purificando-nos dos pecados, que são desobediência à vontade de Deus. Além do arrependimento e acusação sinceras procurámos fazer propósitos de emenda, desejo sincero de cumprir em tudo o que Deus manda.

Peçamos à Virgem que nos ajude a acolher bem a Jesus, a acolher a salvação que nos trouxe e continua a oferecer-nos a nós e a todos os homens. Depende da nossa cooperação.

Da cooperação de Maria dependeu a salvação de todos os homens. A Virgem não se limitou a cumprir os mandamentos, como faziam muitos em Israel. Estava atenta às inspirações de Deus e respondia a elas com prontidão e amor

Da nossa obediência amorosa à vontade de Deus depende talvez a graça para muitos à nossa volta.

Que obedeçam à fé

S. Paulo, na segunda leitura, fala do mistério da salvação que Deus oferece a todos os homens, para que obedeçam à fé.

O Evangelho de Jesus, a Boa Nova da salvação, exige a fé para ser acolhida. E a fé leva a obedecer sem reservas às exigências de amor que Deus nos faz.

A humildade, a fé, a obediência amorosa da Virgem são o modelo para todos os homens poderem acolher a Jesus e a salvação que nos traz. Não nos admiremos que muitos homens continuem a fechar-se à Boa Nova de Jesus. Rezemos e trabalhemos mais. A graça de Deus pode tudo.

Animemos a todos à nossa volta a acolher a Jesus, a não fechar o coração como as gentes de Belém há dois mil anos. Rezemos mais a Nossa Senhora e a S. José, que souberam acolher e tratar tão bem a Jesus, que saibamos imitá-los melhor neste Natal. E que saibamos levá-Lo a todos à nossa volta, com o nosso amor e nossa alegria de cristãos, que serão a chave para abrir muitos corações, ansiosos pela salvação que só Jesus lhes pode trazer. Mesmo quando parecem insensíveis e indiferentes.

Fala o Santo Padre

«Nesta preparação para o Natal, cultivemos o recolhimento interior, para acolher e conservar Jesus na nossa vida.»

Nestes últimos dias do Advento, a liturgia convida-nos a contemplar de modo especial a Virgem Maria e São José, que viveram com intensidade singular o período da expectativa e da preparação do nascimento de Jesus. […]. Na hodierna página evangélica, São Lucas apresenta a Virgem Maria como «desposada com um homem chamado José, da Casa de David» (Lc 1, 27). […] Ele é modelo do homem «justo» (Mt 1, 19), que em perfeita sintonia com a sua esposa acolhe o Filho de Deus que se fez homem e vela sobre o seu crescimento humano. Por isso, nos dias que precedem o Natal, é mais oportuno do que nunca estabelecer uma espécie de colóquio espiritual com São José, para que ele nos ajude a viver em plenitude este grande mistério da fé. […]

O silêncio de São José é permeado de contemplação do mistério de Deus, em atitude de total disponibilidade à vontade divina. Em síntese, o silêncio de São José não manifesta um vazio interior mas, ao contrário, a plenitude de fé que ele traz no coração, e que orienta todos os seus pensamentos e todas as suas acções. Um silêncio graças ao qual José, em uníssono com Maria, conserva a Palavra de Deus, conhecida através das Sagradas Escrituras, comparando-a continuamente com os acontecimentos da vida de Jesus; um silêncio impregnado de oração constante, de oração de bênção do Senhor, de adoração da sua santa vontade e de confiança sem reservas na sua providência. Não se exagera, se se pensa que precisamente do «pai» José, Jesus adquiriu no plano humano aquela vigorosa interioridade, que é o pressuposto da justiça autêntica, da «justiça superior», que um dia Ele ensinará aos seus discípulos (cf. Mt 5, 20).

Deixemo-nos «contagiar» pelo silêncio de São José! Temos tanta necessidade disto, num mundo muitas vezes demasiado ruidoso, que não favorece o recolhimento, nem a escuta da voz de Deus. Neste período de preparação para o Natal, cultivemos o recolhimento interior, para acolher e conservar Jesus na nossa vida.

Bento XVI, Angelus, 18 de Dezembro de 2005

LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai, Senhor, os dons que trazemos ao vosso altar e santificai-os com o mesmo Espírito que, pelo poder da sua graça, fecundou o seio da Virgem Santa Maria. Por Nosso Senhor.

Prefácio do Advento II: p. 455 [588-700]

SANTO

Monição da Comunhão

Jesus veio até nós em Belém, há dois mil anos. Vem até nós em cada Missa. Saibamos acolhê-Lo com a fé, a humildade e o amor de Nossa Senhora.

cf. Is 7, 14

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: A Virgem conceberá e dará à luz um filho. O seu nome será Emanuel, Deus-connosco.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Tendo recebido neste sacramento o penhor da redenção eterna, nós Vos pedimos, Senhor: quanto mais se aproxima a festa da nossa salvação, tanto mais cresça em nós o fervor para celebrarmos dignamente o mistério do Natal do vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RITOS FINAIS

Monição final

Queremos guardar a palavra de Jesus e guiar por ela o nosso viver, obedecendo fielmente à vontade do Pai como Ele fez e como fez Sua Mãe.

HOMILIAS FERIAIS

4ª SEMANA

2ª Feira, 22-XII:Acto de adoração a Deus.

1 Sam 1, 24-28 / Lc 1, 46-56

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador.

Ana levou o filho Samuel para o entregar ao serviço do Senhor no Templo (cf Leit) e o seu coração exultou de alegria no Senhor (S. Resp). Também Nossa Senhora, transportando Jesus no seu ventre, faz chegar a Deus um cântico de louvor (Ev).

«Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-lo, exaltá-lo e humilhar-se, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que o seu nome é santo (cf Ev). A adoração do Deus único liberta o homem de se fechar sobre si próprio, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo» (CIC, 2097).

3ª Feira, 23-XII: Preparação para a vinda do Senhor.

Mal 3, 1-4. 23-24 / Lc 1, 57-66

Vou enviar o meu mensageiro, para desimpedir o caminho diante de mim.

A profecia de Malaquias diz respeito à missão de Elias e de João Baptista: preparar o caminho do Senhor (cf Leit).

As missões de ambos estão intimamente ligadas: João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias; João é Elias que devia vir, precede Jesus com o espírito e o poder de Elias. Mas João Baptista é o precursor imediatodo Senhor. Procuremos preparar-nos bem para receber o Senhor, vivendo com mais amor a comunhão eucarística; ajudemos os parentes e amigos a aproximar-se do sacramento da Penitência.

4ª Feira, 24-XII: Restauração da semelhança com Deus.

2 Sam 7, 1-5. 8-11. 16 / Lc 167-79

(Zacarias): Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e libertou o seu povo, e nos fez surgir poderosa salvação na família do seu pai David.

O profeta Natã comunica a David que a sua casa e a sua realeza permanecerão para sempre (cf Leit). E a mesma profecia é feita por Zacarias, recordando o juramento feito por Deus a Abraão (cf Ev).

O homem, desfigurado pelo pecado, mantém a ‘imagem de Deus’, à imagem do Filho, mas ficou privado da ‘semelhança’. Mas Deus promete a Abraão uma descendência, em que o próprio Filho assumirá a ‘imagem’ erestaurará a ´semelhança’ com o Pai (cf CIC, 705). Os sacramentos ajudam a imprimir esta ‘semelhança’.

Celebração e Homilia:          CELESTINO C. FERREIRA

Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                   NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                 DUARTE NUNO ROCHA

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