Roteiro Homilético – Festa do Batismo do Senhor

RITOS INICIAIS

Mt 3, 16-17

Antífona de entrada: Depois do Baptismo do Senhor, abriram-se os Céus. Sobre Ele desceu o Espirito Santo em figura de pomba e fez-Se ouvir a voz do Pai: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências».

Diz-se o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

Com a Festa do Baptismo de Jesus, que hoje celebramos, encerramos as lindas e sempre ternas solenidades do Natal. Esta festa litúrgica é ocasião para também reflectirmos no nosso baptismo e na importância que ele deve ter na nossa vida.

Oração colecta: Deus eterno e omnipotente, que proclamastes solenemente a Cristo como vosso amado Filho quando era baptizado nas águas do rio Jordão e o Espírito Santo descia sobre Ele, concedei aos vossos filhos adoptivos, renascidos pela água e pelo Espírito Santo, a graça de permanecerem sempre no vosso amor. Por Nosso Senhor…

ou

Deus omnipotente, cujo Filho Unigénito Se manifestou aos homens na realidade da nossa natureza, concedei-nos que, reconhecendo-O exteriormente semelhante a nós, sejamos por Ele interiormente renovados. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

Primeira Leitura

Monição: Este texto do profeta Isaías fala-nos do Servo de Javé. Os discípulos de Jesus, perante o desconcerto de O verem condenado à morte, identificaram-no com este Servo. Desta missão, repleta de amor e doação, participam todos aqueles que a Jesus se unem pelo Sacramento do Baptismo.

Isaías 42, 1-4.6-7

Diz o Senhor: 1«Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. 2Não gritará, nem levantará a voz, nem se fará ouvir nas praças; 3não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega: 4proclamará fielmente a justiça. Não desfalecerá nem desistirá, enquanto não estabelecer a justiça na terra, a doutrina que as ilhas longínquas esperam. 6Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, 7para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».

Este texto pertence ao primeiro dos quatro «cantos do Servo de Yahwéh», dispersos pelo Segundo Isaías (Is 40 – 55), mas que, na origem; talvez fizessem parte de um único poema.

«Eis o meu servo». Trata-se de um mediador através do qual Deus levará a cabo o seu plano de salvação. Torna-se difícil determinar quem é designado em primeiro plano, se é uma personalidade individual (um rei de Judá, o profeta, ou o messias), ou uma colectividade (todo o povo de Israel ou parte dele), ou um indivíduo como símbolo de todo o povo. O nosso texto deixa ver uma personagem deveras misteriosa, humilde (vv. 2-3) e poderosa (v. 4.7), escolhido por Deus e com uma missão universal (v. 1.6). Pondo de parte a complexa e discutida questão da personalidade originária deste magnífico poema, o certo é que o Novo Testamento está cheio deressonâncias deste texto, vendo mesmo nesta figura singular um anúncio do Messias, com pleno cumprimento na pessoa de Jesus (v. 1: cf. Mt 3, 17 e Lc 9, 35; vv. 2-4: cf. Mt 12, 15-21; v. 6: Lc 1, 78-79 e 2, 32 e Jo 8, 12 e 9, 5; v. 7: Mt 11, 4-6 e Lc 7, 18-22). É evidente que foi escolhida esta leitura para hoje porque, assim Deus, pelo Profeta, apresenta o seu servo «enlevo da minha alma», sobre quem «fiz repousar o meu espírito»; é assim que também no Jordão Jesus é apresentado (cf. Evangelho de hoje e paralelos).

Salmo Responsorial Salmo 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R. 11b)

Monição: Como filhos de Deus pelo Baptismo, somos convidados a louvar e adorar o Senhor, nosso Pai, que manifesta a Seu Poder, com a grandiosa obra da Criação.

Refrão: O Senhor abençoará o seu povo na paz.

 

Tributai ao Senhor, filhos de Deus,

tributai ao Senhor glória e poder.

Tributai ao Senhor a glória do seu nome,

adorai o Senhor com ornamentos sagrados.

 

A voz do Senhor ressoa sobre as nuvens,

o Senhor está sobre a vastidão das águas.

A voz do Senhor é poderosa,

a voz do Senhor é majestosa.

 

A majestade de Deus faz ecoar o seu trovão

e no seu templo todos clamam: Glória!

Sobre as águas do dilúvio senta-Se o Senhor,

o Senhor senta-Se como Rei eterno.

Segunda Leitura

Monição: Deus não faz acepção de pessoas. Todos os baptizados, independentemente de sua raça, origem ou cor, passam a fazer parte de Sua Família divina.

Actos dos Apóstolos 10, 34-38

Naqueles dias, 34Pedro tomou a palavra e disse: «Na verdade, eu reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, 35mas, em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável. 36Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. 37Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: 38Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Temos aqui uma pequenina parte do discurso de Pedro em casa do centurião Cornélio em Cesareia, quando recebeu directamente na Igreja os primeiros gentios, sem serem obrigados a judaizar. É surpreendente que um discurso dirigido a não judeus contenha alusões (não citações explícitas) ao Antigo Testamento: v. 34 – «Deus não faz acepção de pessoas» (cf. Dt 10, 17); v. 36 – «Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel» (cf. Salm 107, 20); «anunciando a paz» (cf. Is 52, 7); v. 38 «Deus ungiu com… Espírito Santo» (cf. Is 61, 1). Isto corresponde a que se está num ponto crucial da vida da Igreja, em que ela entra decididamente pelos caminhos da sua universalidade intrínseca, em confronto com o nacionalismo judaico. Por isso era importante recorrer àquelas passagens do A. T. que se opõem a qualquer espécie de privilégio de raça ou cultura: «a palavra aos filhos de Israel» deixa ver como Deus é o «Senhor de todos», imparcial, «não faz acepção de pessoas», e que a «paz» – a súmula de todos os bens messiânicos – Deus a destina a toda a humanidade. O discurso tem um carácter kerigmático evidente. E Lucas – o historiador-teólogo –, ao redigi-lo, quaisquer que possam ter sido as fontes utilizadas, terá em vista, mais ainda do que a situação concreta em que foi pronunciado, o efeito a produzir nos seus leitores. Convém notar que, no entanto, ao redigir os discursos – o grande recurso de Actos –, Lucas não os inventa; embora não sejam uma reprodução literal, considera-se que correspondem aos temas da pregação primitiva.

38 «Ungiu do Espírito Santo». Estamos aqui em face de uma expressão simbólica tipicamente hebraica, alusiva à união misteriosa com o Espírito Santo (algo que pertence ao mistério trinitário, o verdadeiro ser e missão de Jesus, que se torna visível na sua Humanidade, na teofania do Jordão). É clara a referência a textos do A. T. de grande densidade messiânica, como Is 11, 2; 61, 1 (cf. Lc 2, 18). Ver supra nota à 1ª leitura do 3º Domingo do Advento (nota ao v. 26).

Aclamação ao Evangelho

Mc 9, 6

Monição: A Santíssima Trindade manifesta-se no momento solene do Baptismo de Jesus – o Servo fiel do Pai. Com este acto de profunda humildade, Jesus dá início, na Galileia, à Sua vida pública que O conduzirá à morte e à ressurreição.

Aleluia

Abriram-se os céus e ouviu-se a voz do Pai: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».

Evangelho

São Mateus 3, 13-17

Naquele tempo, 13Jesus chegou da Galileia e veio ter com João Baptista ao Jordão, para ser baptizado por ele. 14Mas João opunha-se, dizendo: «Eu é que preciso de ser baptizado por Ti e Tu vens ter comigo?» 15Jesus respondeu-lhe: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça». João deixou então que Ele Se aproximasse.16Logo que Jesus foi baptizado, saiu da água. Então, abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele. 17E uma voz vinda do céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».

Este breve relato, com que se inicia o ministério público de Jesus, não é uma invenção literária para transmitir uma ideia sobre Jesus: é algo que se encontra na tradição primitiva, bem documentado no N. T.: Act 1, 21-22; 4, 27; 10, 38; Jo 1, 26-34; Mt 3, 13-17; Mc 1, 9-11; Lc 3, 21-22. O facto de o baptismo de Jesus ser uma coisa difícil de compreender pelas primeiras comunidades abona a favor do seu valor histórico.

14 «Eu é que preciso…» Assim fica bem clara a absoluta superioridade de Jesus em frente da excepcional figura de João.

15 «Convém que assim cumpramos toda a justiça», isto é, todo o plano estabelecido por Deus em ordem à salvação do homem. Jesus, ao querer ser baptizado por João, não pretende tornar-se seu discípulo, nem converter-se; no relato, Jesus não aparece apenas como um exemplo de humildade e de acatamento da sua missão de singular enviado de Deus, mas sobretudo aparece a realizar uma espécie de «acção simbólica», à maneira dos antigos Profetas. Assim, Ele – que era a Vida (Jo 1, 4; 14, 6) – entra em contacto com a água para indicar que lhe dava força vivificante e a tornava matéria do seu futuro Baptismo. Esta foi a ocasião escolhida por Deus para, logo no início da vida pública de Jesus, nos ser dado um sinal da sua divindade. Foi, por assim dizer, a sua apresentação pública como Messias e Filho de Deus, credenciado pelo Espírito Santo (v. 16: «como uma pomba») e pelo Pai (v. 17: «a voz vinda dos Céus» – a bat qol –, um grande motivo de credibilidade na época. A Liturgia quer fazer-nos lembrar que a SS.ma Trindade que se manifesta no Baptismo do Senhor toma posse da nossa alma no nosso Baptismo.

16 «Como uma pomba». Eis o comentário de Bento XVI na sua recente obra, Jesus de Nazaré: «A imagem da pomba pode ser uma recordação do adejar do Espírito sobre as águas de que fala o relato da criação (Gn 1,2); aparece também a palavrinha ‘como’, como sendo uma comparação para aquilo que em rigor não pode ser descrito…»

Pode-se notar que o Baptismo de Jesus é descrito com elementos do género apocalíptico, que ainda continuam a ser expressivos para nós, como sinais da inauguração da absolutamente nova relação de Deus com a Humanidade, numa nova Criação. Assim: «o Céu abriu-se», numa imagem a partir da ideia de então de que o firmamento era como uma superfície esférica de cristal compacto, a separar a terra do céu; por isso, para o Espírito descer, o céu tinha que se abrir. Mas já S. Jerónimo(in Math I, 3) advertia que «não são os elementos que se abrem, mas sim os olhos do espírito»; este «abrir dos Céus» é o prelúdio da nova relação de Deus com o homem. Dizer que «o Espírito Santo desceu… como uma pomba» pressupõe a concepção do A. T. e do Antigo Médio Oriente segundo a qual a pomba sempre foi associada ao mundo divino, um símbolo bem adequado para indicar a inauguração dos novos tempos; o relato não quer dizer-nos que antes o Espírito Santo estaria ausente de Jesus, mas quer revelar-nos quem é Jesus, por isso, «fez-se ouvir uma voz…», que identifica quem é Jesus: Ele é o Filho de Deus, em quem está presente o Espírito Santo. Desde a exegese patrística até a autores modernos, tem-se visto, no Baptismo de Jesus, uma revelação do mistério trinitário.

Esta narrativa é um convite para reconhecer quem é Jesus e para avaliar o valor do Baptismo, semelhante ao de Jesus, mas diferente do de João; tenha-se em conta o paralelismo desta perícope com a fórmula baptismal trinitária do final de Mateus (28, 18). No Baptismo de Cristo podemos apreciar como actua em nós o Sacramento, pois para nós se abrem os Céus fechados pelo pecado; desce o Espírito Santo com a sua graça, que nos renova e torna templos seus; ficamos a ser filhos de Deus muito amados.

Bento XVI, na citada obra, termina o capítulo dedicado ao Baptismo de Jesus com uma oportuna observação crítica, de que aqui nos apraz transcrever o início: «Numa vasta corrente da investigação liberal, o Baptismo de Jesus foi interpretado como uma experiência de vocação: aqui, Ele, que até então teria levado uma vida perfeitamente normal na província da Galileia, teria feito uma experiência radical; aqui teria tomado consciência duma especial relação com Deus e da sua missão religiosa, a qual teria resultado do tema das experiências dominantes então em Israel e que adquiriram uma nova forma através de João Baptista, bem como da sua comoção pessoal durante o próprio decorrer do Baptismo. Mas sobre isto não se encontra nada nos textos. Por mais erudita que esta concepção possa parecer, ela deve ser muito mais incluída no género dos romances sobre Jesus do que no de uma real explicação dos textos…»

Sugestões para a homilia

 

  1. O Senhor abençoará o seu povo na paz.
  2. O baptismo recebido por Jesus.
  3. O nosso baptismo.
  4. A coerência baptismal. 

1. O Senhor abençoará o seu povo na paz.

A paz é o maior bem que todos desejamos possuir. O Senhor, nosso Amigo, a todos quer conceder esta tão grande riqueza. Só Ele verdadeiramente no-la pode dar, pois só Ele é a Fonte da Paz. Ela chega até nós com a Sua Bênção. Para recebermos tão grande dádiva é necessário pertencer de facto ao Seu povo. Por isso com o refrão do Salmo intercalar afirmámos, há momentos: «Ele abençoará o seu povo na paz».

2. O baptismo recebido por Jesus.

O baptismo ministrado por João e que Jesus quis voluntariamente receber, era diferente daquele que nós, um dia, pela misericórdia infinita de Deus, recebemos. O de João, tal como o de outras seitas religiosas, era simplesmente um rito de aceitação de pessoas no respectivo grupo de discípulos. Recebiam este baptismo os que se decidiam mudar de vida, deixando de ser pecadores. Os saduceus e fariseus, visto considerarem-se justos, por isso mesmo, não aceitavam o referido baptismo.

Jesus, que é a própria Santidade, quis receber o baptismo de João. Foi Sua vontade assumir os pecados de todos nós e colocar-se, desde o início, ao lado dos pecadores para juntamente connosco, percorrer o caminho que conduz à verdadeira libertação dos homens. «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração», dirá Ele mais tarde. É nesta atitude paciente e de profunda humildade que Ele dá início à Sua vida pública. «Não gritará, nem levantará a voz…não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega…», lembra a 1ª Leitura da Missa de hoje.

3. O nosso baptismo

Ao celebrarmos a Festa do Baptismo de Jesus somos convidados também a reflectir no baptismo que um dia recebemos. Este, não foi um simples rito penitencial, mas algo muito mais importante, visto tratar-se de um Sacramento, que, como tal, é um acto divino. Com ele fomos enxertados em Cristo, passamos a ser UM SÓ com Ele. No Filho, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, tornamo-nos filhos de Deus. Maior grandeza e dignidade não é possível ter ou desejar. Com este Sacramento passamos a fazer parte da Família de Deus, a ser verdadeiramente o Seu Povo. É a este povo, que nós somos pelo baptismo, que Ele quer abençoar e dar a Sua paz. Teremos acesso a tais riquezas, se verdadeiramente aceitarmos a Sua Bênção – assumirmos, de uma forma voluntária, a condição de baptizados. É verdade: não basta ser baptizado, é necessário assumir o baptismo. Deus não se impõe. Respeita a liberdade humana. Como é importante tomar consciência da grandeza deste grande Sacramento para o assumir com muita gratidão e entusiasmo!

4. A coerência baptismal

A dignidade baptismal exige de cada membro um comportamento próprio de filhos de Deus. Como tais, importa cumprir sempre com muita fidelidade a vontade deste Pai, que é amorosíssimo. Os seus mandamentos são expressão clara dessa vontade, e têm sempre em mente a verdadeira felicidade do homem, grandes implicações sociais e o progresso da humanidade. Fugir a cumprir a vontade do Pai é como que renegar o Baptismo, é caminhar por caminhos errados de ilusões, que a experiência pessoal e social, tristemente, confirma.

Os dez mandamentos resumem-se em amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, por amor do mesmo Pai. No baptismo radica assim o mandamento fundamental do cristão – o do amor. Para não nos equivocarmos neste caminhar de coerência vital, é urgente e necessário ser humilde. Só aos humildes é dada a capacidade de discernir e apreciar as verdades sublimes da fé.

Jesus, pelo seu baptismo, aproximou-se dos pecadores e de humildade nos fala toda a Sua vida – desde o nascimento no presépio até à morte na cruz. No evangelho de hoje vemos o Senhor a ser baptizado no meio dos pecadores.

O baptismo que nos configura com Jesus Cristo deve levar-nos a amar, saber compreender e sempre desculpar as fraquezas do nosso próximo. O amor aos outros há-de traduzir-se sobretudo por um verdadeiro espírito de serviço, de doação. Tal vivência deve começar logo na família, que, em si mesma, é já um dom de Deus. Por amor, os pais dão-se aos filhos quando começam por os aceitar com generosidade, colaborando na obra maravilhosa da Criação, quando estão atentos à sua educação integral, quando os procuram baptizar logo após o nascimento e os acompanham com amor e atenção pela vida fora. Educados nesta escola de amor, os filhos respeitarão os seus pais a quem, depois de Deus, tudo sabem dever. Servir assim é ser coerente com o baptismo, é pertencer à Família de Deus, é ser por Ele abençoado e é viver na Sua paz, para, pela misericórdia do mesmo Senhor, um dia podermos ser aceites junto do Pai na Família celeste.

Fala o Santo Padre

«O Baptismo de Jesus, é o início do seu ministério messiânico.»

1. Celebramos hoje a festa do Baptismo de Jesus, acontecimento que os Evangelistas consideram como o início do seu ministério messiânico. A missão de Cristo, inaugurada desta forma, terá o seu cumprimento no mistério pascal, no qual Ele, morrendo e ressuscitando, tirará o pecado do mundo (cf. Jo 1,29).

2. Também a missão do cristão começa com o Baptismo. A redescoberta do Baptismo, mediante itinerários oportunos de catequese em idade adulta, é por conseguinte um aspecto relevante da nova evangelização. Renovar de maneira consciente a própria adesão à fé é a condição para uma participação verdadeira e plena na Celebração eucarística, que constitui o auge da vida eclesial.

3. Maria Santíssima ajude todos os que com o Baptismo renasceram «da água e do Espírito» a fazer da própria vida uma oblação constante a Deus na prática quotidiana do mandamento do amor, exercendo assim o sacerdócio comum que é próprio de cada baptizado.

João Paulo II, Angelus, 9 de Janeiro de 2005

Liturgia Eucarística

Oração sobre as oblatas: Aceitai, Senhor, os dons que a Igreja Vos oferece, ao celebrar a manifestação de Cristo vosso Filho, para que a oblação dos vossos fiéis se transforme naquele sacrifício perfeito que lavou o mundo de todo o pecado. Por Nosso Senhor…

Prefácio

O Baptismo do Senhor

V. O Senhor esteja convosco.

R. Ele está no meio de nós.

 

V. Corações ao alto.

R. O nosso coração está em Deus.

 

V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.

R. É nosso dever, é nossa salvação.

Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte:

Nas águas do rio Jordão, realizastes prodígios admiráveis, para manifestar o mistério do novo Baptismo: do Céu fizestes ouvir uma voz, para que o mundo acreditasse que o vosso Verbo estava no meio dos homens; pelo Espírito Santo, que desceu em figura de pomba, consagrastes Cristo vosso Servo com o óleo da alegria, para que os homens O reconhecessem como o Messias enviado a anunciar a boa nova aos pobres.

Por isso, com os Anjos e os Santos do Céu, proclamamos na terra a vossa glória, cantando numa só voz:

Santo: «Da Missa de festa», Az. Oliveira, NRMS 50-51

Monição da Comunhão: Pelo Baptismo somos UM SÓ com Cristo. A Comunhão realça esta unidade com Ele e com os irmãos que recebem o mesmo Jesus. Vamos comungar com muita fé e amor para crescermos na unidade com Ele e uns com os outros.

Jo 1, 32.34

Antífona da comunhão: Eis Aquele de quem João dizia: Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus.

Oração depois da comunhão: Senhor, que nos alimentais com este dom sagrado, ouvi benignamente as nossas súplicas e concedei-nos a graça de ouvirmos com fé a palavra do vosso Filho Unigénito para nos chamarmos e sermos realmente vossos filhos. Por Nosso Senhor.

Ritos Finais

Monição final: Vamos partir com o propósito de vivermos mais intensamente a nossa condição de filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Cresceremos na alegria e santidade, experimentaremos a paz que só Ele nos pode dar, agradeceremos ao Senhor o dom extraordinário que é pertencer à Sua Família e consequentemente estaremos mais atentos às necessidades do nosso próximo.

Homilias Feriais

TEMPO COMUM

1ª SEMANA

2ª feira, 14-I: O reino dos Céus na terra.

Sam 1, 1-8 / Mc 1, 12-20

Ao passar ao longo do mar na Galileia, viu Simão e seu irmão André… Disse-lhes Jesus: Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens.

A missão de Nossa Senhora foi preparada, ao longo do Antigo Testamento, pela missão de algumas santas mulheres, entre as quais se conta Ana (cf. Leit), Débora, Rute…

Para ser ajudado na sua missão, Cristo escolhe igualmente para Apóstolos os que eram tidos como incapazes e fracos (cf. Ev). Assim começa a implantação na terra do reino dos Céus, para elevar os homens à participação da vida divina. Este grupo de homens é a Igreja, que é na terra o germe e o princípio do reino de Deus.

3ª feira, 15-I: A colaboração na obra da Redenção.

Sam 1, 9-20 / Mc 1, 21-28

Ana orou ao Senhor: Se vos dignardes conceder um filho varão, eu hei-de consagrá-lo ao Senhor para toda a vida.

Conforme prometera (cf. Leit), Ana consagrou o seu filho Samuel ao Senhor, colocando-o no Templo, ao serviço do sumo-sacerdote Eli.

Também Jesus põe toda a sua vida ao serviço da Redenção: Na sua Encarnação, na vida oculta, na palavra dirigida aos seus ouvintes, nas curas e expulsões dos demónios (cf. Ev), Ele toma sobre si as nossas enfermidades e carrega com as nossas doenças. Todos devemos colaborar na obra da Redenção com a nossa vida de trabalho e oração, com cada uma das nossas acções.

4ª feira, 16-I: Escutar o Mestre

Sam 3, 1-10. 19-20 / Mc 1, 29-39

De manhãzinha, ainda muito escuro, (Jesus) levantou-se e saiu. Retirou-se para um sítio ermo e aí começou a orar.

Samuel não sabia distinguir a voz de Deus das vozes humanas. Por isso, o sacerdote Eli aconselhou-o a dizer: «Falai, Senhor, que o vossos servo escuta» (Leit).

Jesus dá-nos exemplo de dedicação à oração logo de manhãzinha cedo (cf. Ev). Vendo este exemplo do Mestre, peçamos-lhe que nos aumente o desejo de orar. Procuremosdedicar alguns momentos à oração logo de manhã, oferecendo a Deus os nossos trabalhos e confiando-lhe as nossas preocupações. E, como Samuel, manifestemos mais disponibilidade: Aqui estou, porque chamaste por mim (Leit).

5ª feira, 17-I: Sinais da vitória e da cura.

Sam 4, 1-11 / Mc 1, 40-45

Vamos buscar a Silo a Arca da Aliança do Senhor: que ela venha para o meio de nós e nos salve dos nossos inimigos.

No Antigo Testamento aparecem imagens ou figuras, como a Arca da Aliança, que são um símbolo da salvação realizada pelo Verbo Encarnado: os israelitas foram buscar a Arca para vencerem uma batalha (cf. Leit).

No Novo Testamento, as curas realizadas por Jesus, como a do leproso (cf. Ev), eram sinais do estabelecimento do reino de Deus, que anunciavam uma cura mais radical: avitória sobre o pecadoS. Antão, pai do monaquismo, é um sinal de que a única riqueza é Cristo, pelo qual vale a pena deixar tudo.

6ª feira, 18-I: Oitavário: Cura das doenças da alma e da Igreja.

Sam 8, 4-7. 10-22 / Mc 2, 1-12

Que é mais fácil, dizer ao paralítico: os teus pecados são-te perdoados ou dizer levanta-te, pega na tua enxerga e anda?

Os anciãos de Israel manifestaram a Samuel o desejo de terem um rei. E o Senhor atendeu-os (cf. Leit).

Ao apresentarem um paralítico ao Senhor, pediam certamente que o curasse. E Jesus não só o curou da paralisia como também dos pecados (Ev). No começo do Oitavário de orações pela unidade dos cristãos, peçamos ao Senhor que cure esta grave ferida da Igreja, que é a divisão actualmente existente. A Confissão dos nossos pecados é a forma mais significativa da reconciliação com Deus e com a Igreja.

Sábado, 19-I: Oitavário: A salvação e a conversão.

Sam 15, 16-23 / Mc 2, 18-22

Eu não vim chamar os justos mas os pecadores.

Samuel ungiu Saul para uma missão de salvação dos inimigos: «Tu é que hás-de reger o povo do Senhor e o salvarás das mãos dos inimigos» (Leit). Cristo é ungido para cumprir a sua missão divina: a salvação dos pecadores (cf. Ev).

Os que recebemos uma unção no Baptismo e na Confirmação ficámos capacitados para a salvação pessoal e para salvação dos outros. Como Jesus, convidemos os nossos amigos para uma conversão para seguirem o Senhor (cf. Ev). A unidade dos cristãos tem igualmente de ser conseguida através das nossas conversões.

Celebração e Homilia: Alves Moreno

Nota Exegética: Geraldo Morujão

Homilias Feriais: Nuno Romão

Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha

Fonte: Celebração  Litúrgica

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