Homilia Segunda-Feira III Semana da Páscoa | Ano C

Elevados a Cristo e à sua Igreja

Segunda, III Semana da Páscoa, C – At 6,8-15; Sl 118; Jo 6,22-29

Jesus inicia um dos discursos mais belos da Escritura, o discurso do pão da vida (Jo 6,22-29). E, em primeiro lugar, diante da multidão, eleva a todos às coisas do céu: “Em verdade, em verdade, vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna” (Jo 6,26-27). Procuremos a Deus! Eis um fruto maravilhoso da Eucaristia.

Teologicamente falando, no sacramento do corpo e do sangue de Cristo sempre há efeitos cristológicos, como a incorporação a Cristo, o aumento da graça e a preservação dos pecados. Em outro texto (Jo 6,55-57) veremos que tudo isso vai ficar expressado da seguinte maneira: permanecer em Jesus e Jesus permanecer no fiel”. 

Diz claramente o Concílio de Florência, no século XV, que “o efeito deste sacramento é a adesão do homem a Cristo. E posto que o homem é incorporado a Cristo e unido aos seus membros por meio da graça, este sacramento, naqueles que o recebem dignamente, aumenta a graça e produz, pela vida espiritual, todos aqueles efeitos que a comida e a bebida naturais realizam na vida sensível sustendo, desenvolvendo, reparando, deleitando” (DH, 1322). Jesus Cristo, naqueles minutos após a comunhão, produz em nós uma verdadeira união com ele e, se soubermos aproveitar o realismo dessa presença e dessa união, sem dúvida alguma, temos nestes os minutos centrais do nosso dia na presença de Deus. 

Mas, também dizia o Concílio de Florência: a comunhão “aumenta a graça”, isto é, recebemos auxílios de Deus para melhorar nossa vida espiritual. Ao reforçar nossa união com Cristo por sua graça, a sagrada comunhão nos livra das culpas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais. Como disse S. Tomás: a comunhão repara nossas forças mediante o aumento do vigor da vida de graça em nós (S. Th. III, 79, 4).

Outro efeito a considerar é o seguinte: criar e favorecer a comunhão da Igreja. Após o texto de 1 Cor 10,27, sem dúvida alguma, São Cipriano é um dos primeiros Padres que mais pensaram nessa linha: quando os “lapsi” se reconciliam com Deus no sacramento da confissão e passam a receber a comunhão, fica claro que o poder receber a comunhão é criar unidade na Igreja, pois simboliza membros reconciliados com Deus e com a Igreja. Santo Hilário de Poitiers fala da unidade eterna da Santíssima Trindade que chega até nós através da Eucaristia. Para São Cirilo de Alexandria a unidade da Igreja é consequência da nossa incorporação a Cristo pela Igreja; afirma o Alexandrino: “se todos participamos de um só pão, formamos todos um só corpo, pois Cristo não pode ser dividido. Por essa razão, a Eucaristia é chamada corpo de Cristo, e nós, membros desse corpo” (Comm. in Joann. 11,11; PG 74,560). Unidos no Senhor, unidos entre nós!

Padre Françoá Costa
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