Homilia do Padre Françoá Costa – XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

O fim do mundo

 

Falou-se muito no ano passado que o mundo ia acabar em 2012, isso segundo uma previsão do calendário maia. Não era, porém, a primeira vez que se previa o fim do mundo. Graças a Deus, até o momento todas essas “profecias” tem falhado! Nostradamus, astrólogo francês do século XVI, parece ter previsto que a terceira guerra mundial eclodiria em 1999. Essa guerra poderia ser semelhante a um fim de mundo devido ao arsenal bélico em mão de alguns países. Não houve guerra! Ainda bem!

31 de dezembro de 1980 também foi data do fim do mundo, segundo um presságio árabe. Naquela noite Júpiter e Saturno ficaram a 9 graus, mas o mundo não se acabou, como é evidente. 1874, 1914 e 1975 foram as três datas previstas pelas Testemunhas de Jeová para o fim do mundo. Falharam todas! Também o fundador da igreja Millerita, William Miller, previu o fim do mundo: 1843 seria o fim. Não foi! Não obstante, e apesar das falhas do “profeta”, o movimento dos milleritas está presente em várias igrejas, entre elas a Adventista do Sétimo Dia. Emmanuel Swendenberg, consultando a alguns anjos, disse que o mundo se acabaria em 1757. Falhou! João de Toledo, à sua vez, disse que no dia 23 de setembro (ufa, dia do meu aniversário!) de 1186 todos os planetas estariam alinhados em Libra e o mundo se acabaria. Os planetas se alinharam, mas o mundo persistiu na sua existência. Por último, para que não nos cansemos, Bernardo da Turingia em 960 afirmou que o mundo se acabaria em 992. E já estamos em 2013!

É algo verdadeiramente humano e nobre: ninguém quer morrer, ninguém quer ser enganado. E porque tantas pessoas se empenharam em saber a data do fim do mundo? A curiosidade também é algo assaz humana. Viver e conhecer a verdade são dois grandes desejos que estão no coração de cada ser humano. Nisso se pode ver que o céu será a realização de tudo isso: viveremos para sempre conhecendo e amando a Verdade, que é Deus. Quando? Para cada um, logo após a sua morte haverá um juízo na qual já se decidirá a sua sorte eterna (cfr. Hb 9,27). Para todos, na consumação dos tempos, haverá um juízo universal que reafirmará a sentença do juízo particular tendo em conta as consequências das nossas ações (cfr. Mt 25,31-46). Ambos os eventos são desconhecidos quanto ao tempo de sua realização.

De todas as maneiras, e contra qualquer teoria que pretenda saber mais que os desígnios do Altíssimo, no Evangelho, Jesus nos deixa de sobreaviso: “vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles” (Lc 21,8). É verdade: Jesus voltará, ressuscitaremos com os nossos corpos, seremos julgados, há prêmio (céu) e castigo (inferno), haverá um novo céu e uma nova terra. Essas são verdades da nossa fé. Mas, quando acontecerá? Em primeiro lugar, o Senhor nos diz que tenhamos cuidado para não sermos enganados e depois nos diz que não sigamos os falsificadores da verdade. Em outra passagem lemos: “vigiai, pois, porque não sabeis a hora em virá o Senhor. (…) Por isso, estai também vós de preparados porque o Filho do homem virá numa hora em que menos pensardes” (Mt 24,42-44). O importante é vigiar e estar preparado sempre, isto é, em graça de Deus e praticando as obras da fé.

Quanto aos “presságios” do Novo Testamento sobre o fim – difusão do Evangelho, anticristo, conversão dos judeus –, parece que é preciso entendê-los como sinais enigmáticos presentes na história entre a primeira e a segunda vinda de Cristo que ajudam os cristãos a manter-se em estado de vigilância continua e a desejarem a vinda do Senhor. Há uma presença permanente de Cristo na história que se culminará com a sua Parusia gloriosa na consumação desses últimos tempos que estamos vivendo. Em efeito, já estamos nos últimos tempos desde a Encarnação do Filho de Deus: “Quando veio plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei” (Gl 4,4).

 

Pe. Françoá Costa

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