Homilia do Padre Françoá Costa – III Domingo de Páscoa – Ano A

Fica conosco, Senhor!

Mane nobiscum, Domine! Este foi o título daquela Carta Apostólica que o Beato João Paulo II escreveu um ano antes de morrer. Quem não se lembra do “ícone dos discípulos de Emaús” proposto pela Papa e que norteou o Ano da Eucaristia? Completou-se apenas uma semana desde a solene beatificação do querido João Paulo II em Roma. Que acontecimento tão comovente! Ele foi o Papa que a nossa geração conheceu e acompanhou durante tantos anos. Tantas recordações vêm à nossa mente! João Paulo II foi uma dessas pessoas que sabia, de maneira experiencial, que “Cristo é o caminho do homem” e por isso era consciente de que não somos nada sem ele, sem Jesus. Fica comigo, Senhor! Trata-se de uma bela oração, de uma frase altamente significativa para este segundo domingo do Tempo Pascal.

Bento XVI, com o coração cheio de gratidão a Deus, nos contava na semana passada, durante a homilia na Missa da beatificação, que durante os 23 anos que passou junto a João Paulo II, de 1982 a 2005, colaborando com ele, muito o tinha surpreendido a vida de oração no novo beato. Era uma pessoa imersa em Deus em meio às várias ocupações da jornada; era um homem de fé, de esperança e de uma preocupação constante pelos demais. Bento XVI falava que pela fé Simão se converteu em Pedro. Parafraseando o Papa, podemos afirmar que pela fé Karol Wojtyla se converteu em João Paulo II.

Fica conosco, Senhor! Que o Senhor permaneça conosco em pleno século XXI, no ano 2011, porque nós queremos continuar servindo a Deus e a todas as pessoas. “Nós queremos servir a Igreja como ela deseja ser servida”, não conforme os nossos caprichos ou gostos pessoais. O Santo Padre nos recordava também na já citada homilia como o Bem-aventurado João Paulo II soube descobrir as riquezas do Concilio Vaticano II, como ele se imergiu na doutrina conciliar e soube expressá-la de distintas maneiras. “O homem é o caminho da Igreja e Cristo é o caminho do homem”. Quem já não tinha escutado alguma vez essa frase tão significativa?

É preciso redescobrir essa realidade: a pessoa humana como caminho da Igreja para apresentarmos a cada ser humano o caminho que realmente é o seu, Cristo. Precisamos compreender as pessoas, amá-las, participar das suas alegrias e tristezas, entender o mundo no qual habitamos junto a elas, acompanhar as situações de pobreza e de riqueza, descobrir o poder da técnica e dos novos meios de comunicação.

Andar por um caminho que não se conhece é muito difícil! A Igreja, como entende que o homem é caminho para ela, se sabe e se declara “mestra de humanidade”: há dois mil anos a Igreja Católica tem acompanhado o ser humano, ela sim entende quem é a pessoa humana e sabe o que é melhor para ela. E nós temos que colocar todos os meios para que sejamos, na Igreja e como Igreja, mestres em humanidade. É preciso conhecer os nossos semelhantes através da simpatia e do amor, conduzidos pelo Espírito Santo, que nos faz apreciar retamente todas as coisas. O Senhor continua no meio de nós.

Cristo é o caminho do homem. Nós não podemos silenciar esta verdade. João Paulo II –afirmava o Papa Bento XVI– nos ensinou a não ter medo de ser cristãos e de pregar o Evangelho. Ele nos ensinou a beleza da fé através da verdade e do amor. Jesus continua atraindo as pessoas desde a cruz. Jesus Cristo continua atual, a sua mensagem nunca passará de moda, ele está sempre presente no hoje da história universal e pessoal.

Para permanecermos sempre com o Senhor, fiquemos sempre na companhia de Nossa Senhora. No domingo passado, Bento XVI também comentava a bem-aventurança de Maria, que é a da fé. Falava também do grande carinho do beato João Paulo II para com a Mãe de Deus. “Totus tuus!” (todo teu, Maria) era o lema do novo Beato. Maria que sempre sustentou a fé dos apóstolos, susteve também a de João Paulo II e sustém a nossa fé para que permanecemos com aquele que quer ficar sempre conosco.

Pe. Françoá Costa

Facebook
Twitter
LinkedIn

Biblioteca Presbíteros