Homilia do D. Henrique Soares da Costa – IV Domingo de Páscoa – Ano A

At 2,14a.36-41
Sl 22
1Pd 2,20b-25
Jo 10,1-10

“Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas e quis morrer pelo rebanho”. Estas palavras da Liturgia exprimem admiravelmente o espírito deste Domingo IV do Tempo Pascal, chamado Domingo do Bom Pastor. Valeria a pena ler e meditar de modo contemplativo o capítulo 10,1-18 do Evangelho de São João. Aí, Jesus se revela como o Bom Pastor, ou melhor, o Perfeito, o Belo, o Completo e Pleno Pastor: “Eu sou o bom Pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). Criticando duramente os pastores, isto é, os líderes do povo de Israel, Deus havia prometido ele mesmo vir pastorear o seu rebanho: “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Os meus pastores não se preocupam com o meu rebanho! Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e o procurarei. Eu mesmo apascentarei o meu rebanho, eu mesmo lhe darei repouso. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida” (cf. Ez 34). Pois bem! Agora, o Senhor Jesus – e pensemos nele ressuscitado, trazendo as marcas gloriosas da paixão – declara solenemente: “Eu sou o Bom Pastor!” Ele é o próprio Deus, que vem apascentar pessoalmente o seu povo!

Mas, sigamos a Palavra que hoje nos é anunciada. São Pedro e a Igreja proclamam com convicção: “Que todo o povo de Israel reconheça com plena certeza; Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. Mas, quem é este, constituído Senhor? Por que foi crucificado? A resposta está na segunda leitura deste hoje, nas palavras do próprio São Pedro: “Cristo sofreu por vós. Ele não cometeu pecado algum, mentira nenhuma foi encontrada em sua boca. Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado, não ameaçava… Sobre a cruz, carregou nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fostes curados. Andáveis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda de vossas vidas!” Eis o nosso Bom Pastor, aquele que deu a vida pelas ovelhas e quis morrer para que o rebanho tivesse vida!

Diante de um amor assim, de uma doação dessas, de um compromisso tão grande conosco, somente podemos fazer a pergunta que os ouvintes de Pedro fizeram: “Que devemos fazer?” E a resposta continua a mesma: “Convertei-vos e cada um de vós seja batizado, isto é, mergulhado, no nome de Jesus Cristo! Salvai-vos dessa gente corrompida!” Caríssimos, somos cristãos, somos ovelhas do rebanho do Bom Pastor! Ele é tudo: é o Pastor e é também a Porta do redil: somente encontra a vida verdadeira quem entre por ele. Há tantos falsos pastores no mundo atual, tantos sabichões, tantos que, nos meios de comunicação determinam o que é certo e o que é errado, o que é verdade e o que é mentira. Ainda agora, os maus pastores do nosso Congresso Nacional – ladrões e salteadores, diria Jesus – votaram pelo assassinato de embriões humanos; ainda agora o Governo Lula aprovou o aborto de modo disfarçado, facilitando o abortamento de qualquer jovem que alegue ter sido estuprada! Pastores falsos, que vêm “para roubar, matar e destruir”. Nós somos cristãos; nosso Pastor é o Cristo, aquele que por nós deu a vida, aquele que diz: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância!” Seremos ovelhas desse Pastor se escutarmos sua voz e atendermos ao seu chamado. Seguindo-o, encontraremos pastagens para a nossa vida. Mas, atenção: não poderemos segui-lo sem a conversão do nosso coração, sem nos deixarmos a nós mesmos, sem rompermos com aquilo que, no mundo, é modo de pensar e viver contrário ao Evangelho. Supliquemos, pois, ao Bom Pastor, o estado de espírito da ovelha confiante do Salmo da Missa de hoje: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. Ele me guia no caminho mais seguro. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei…”

Hoje também é Jornada de Oração pelas vocações sacerdotais e religiosas. Peçamos ao Senhor que nos envie santos e sábios sacerdotes, cheios daquele amor que o Senhor Jesus tem pelo seu rebanho. Não nos iludamos: o único modo que o Senhor nos indicou para termos os pastores de que necessitamos é a oração: “Pedi ao Senhor da colheita que envie operários para a sua messe”. Rezemos, portanto, e nos empenhemos também, tanto material como espiritualmente, pela formação de nossos seminaristas!

Supliquemos hoje ao Bom Pastor que conceda a sua Igreja o Pastor cujo nome ele já conhece e escolheu. Que o novo Papa possa responder como Pedro à única questão que realmente importa: “Tu me amas? Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo!” (Jo 21,17). Todo o resto, toda a especulação humana, são de menos importância, diante do mistério do projeto de Deus para a sua Igreja. Então, que Deus nos conceda o Papa de que precisamos para nos apascentar nestes tempos até a Eternidade. Amém.

Henrique Soares da Costa

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