Confissão: Sacramento da Alegria!

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Mons. José Maria Pereira

No Evangelho de São João (20,19 – 23), encontramos o relato da aparição de Jesus Ressuscitado aos Apóstolos: “Ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos…. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por ver o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Dito isso, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

As palavras de Jesus, no Evangelho Jo 20, 19ss, significam que: 1) Os Apóstolos, por um dom de Deus (“Recebei o Espírito Santo”), são habilitados a perdoar os pecados. 2) Trata-se de perdoar pecados propriamente ditos, faculdade essa que os israelitas atribuíam somente a Deus. Jesus disse ao paralítico: “Homem, teus pecados estão perdoados” ( Lc 5, 20 ). “Quem é esse que até perdoa pecados? (Lc 7, 49). Aquilo que Jesus fazia por si, quando peregrino na terra de Israel, Ele continua a fazê-lo depois de Ressuscitado e Glorificado, mediante o serviço dos seus ministros ordenados.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “ O Senhor Jesus Cristo, médico de nossas almas e de nossos corpos, ele, que remiu os pecados do paralítico e restituiu-lhe a saúde do corpo ( Mc 2, 1-12 ), quis que sua Igreja continuasse, na força do Espírito Santo, sua obra de cura e de salvação, também junto de seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o Sacramento da Penitência (Confissão) e o Sacramento da Unção dos Enfermos” ( n. 1421).

Ainda o Catecismo: “Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (n. 1446).

O Concílio Vaticano ll, na Lumen Gentium, diz: “Aqueles que se aproximam do Sacramento da Penitência obtêm da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus e ao mesmo tempo são reconciliados com a Igreja que feriram pecando, e a qual colabora para sua conversão com caridade, exemplo e orações” ( LG 11 ).

O Espírito Santo é o primeiro Dom de Cristo Ressuscitado à sua Igreja, no momento em que Esta é por Ele instituída e enviada a perpetuar a Sua Missão no mundo. Com a efusão do Espírito Santo, a instituição do Sacramento da Penitência (Confissão ) que, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, é um Sacramento eminentemente pascal, sinal eficaz da remissão dos pecados e da reconciliação dos homens com Deus, realizadas pelo Sacrifício de Cristo na Cruz. É interessante notar que Jesus confere a missão de perdoar aos mesmos que ordena consagrar o pão e o vinho em memória dEle: “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22, 19). Trata-se, pois, de pessoas especialmente chamadas por Jesus e, mais ainda, enriquecidas por um dom especial (“Recebei o Espírito Santo…”), a fim de realizar um ministério singular dentro da Igreja.

O Sacramento da Confissão é um presente de Páscoa que Jesus nos deixou. Não tem sentido dizer: “eu me confesso diretamente a Deus!” Jesus foi claro quando disse: “Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Jo 20, 22-23). A Igreja ordena que confessemos pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa. Não são somente os fiéis leigos que confessam, também padres, bispos, o Papa. É um sacramento para todos os cristãos que querem receber a Paz do perdão de Deus.

Onde encontrar remédio para tantos corações angustiados? Muitos procuram alívio para seus males no consultório de um psicólogo ou de um analista. Este pode realmente ajudar o paciente a descobrir a causa de seus problemas existenciais e a superá-los. Porém, o cerne de muitas angústias é o pecado, é a resistência à Voz de Deus que fala pela consciência. Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro. O pecado tira a paz da alma, pois é um Não dito ao Amor Infinito, explicita ou implicitamente reconhecido.  Há sentimentos de culpa que não se dissipam mediante conversa com um psicólogo, nem se extinguem com calmantes ou com mudança de clima, mas exigem que a pessoa se volte explicitamente para Deus no plano moral e receba do Senhor a certeza de que os pecados lhe estão absolvidos. É precisamente o que ocorre no Sacramento da Penitência (Confissão).

Como já nos profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa, em primeiro lugar, às obras exteriores, “ao saco e à cinza”, aos jejuns e às mortificações, mas à conversão do coração, à penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras: a conversão interior, ao contrário, impele a expressar essa atitude por sinais visíveis, gestos e obras de penitência (cf. Catecismo da Igreja, n.1430). É forte esse apelo para a conversão, pois o pecado é, antes de tudo, uma ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo é um atentado à comunhão com a Igreja. Por isso, a conversão traz simultaneamente o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo Sacramento da Penitência e da Reconciliação (cf. LG 11).

Conforme o mandamento da Igreja, “Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor. As crianças devem confessar-se antes de receber a Primeira Eucaristia” (n. 1457 do Catecismo da Igreja).

São Josemaria Escrivá aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas.

. Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. Muitas palavras denotam, às vezes, o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena, para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência;

. Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades;

. Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza;

. Confissão completa, íntegra. Sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.

A confissão sincera das nossas culpas deixa sempre na alma uma grande paz e uma grande alegria. A tristeza do pecado ou da falta de correspondência à Graça converte-se em júbilo. “Talvez os momentos de uma confissão sincera estejam entre os mais doces, os mais reconfortantes e os mais decisivos da vida” (Papa São Paulo Vl). Quando nos aproximamos deste Sacramento, devemos pensar, sobretudo, em Cristo. Ele deve ser o centro do ato sacramental. E a glória e o amor a Deus devem contar mais do que os pecados que tenhamos cometido. Trata-se de olhar muito mais para Jesus do que para nós mesmos; para a sua bondade mais do que para a nossa miséria, pois a vida interior é um diálogo de amor em que Deus é sempre o ponto de referência. Este esforço por colocar Cristo no centro das nossas confissões é muito importante para não cairmos na rotina, para tirarmos do fundo da alma tudo aquilo que mais nos pesa e que somente virá à tona à luz do amor de Deus. Este sacramento da misericórdia é refúgio seguro: aqui se curam as feridas, revitaliza-se o que estava gasto e envelhecido, e remedeiam-se todos os extravios, grandes ou pequenos; porque a confissão não é somente um juízo em que as ofensas são perdoadas, mas também remédio para a alma. Agradeçamos ao Espírito Santo que tenha incutido nos Pastores da Igreja a preocupação de fomentar a prática da Confissão frequente: com ela, progredimos na humildade, combatemos com eficácia os maus costumes – até desarraigá-los –, enfrentamos os focos de tibieza, robustecemos a vontade e a graça santificante aumenta em nós em virtude do próprio sacramento. Quantos benefícios o Senhor nos concede através deste sacramento!

Ensina São João Paulo ll: “Jesus Cristo traz-nos a chamada à santidade e dá-nos continuamente a ajuda necessária para a nossa santificação…” (Homilia, 18-03-1981). O caminho da santidade percorre-se mediante uma contínua purificação do fundo da alma, que é condição essencial para amarmos cada dia mais a Deus. Por isso, o amor à confissão frequente é um sintoma claro de delicadeza interior, de amor a Deus; se bem praticada, torna totalmente impossível um estado de tibieza na alma. Esta é a convicção que leva a Igreja a recomendar a confissão frequente.

O Catecismo da Igreja ensina-nos: “A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (cf. OP 31). Há razões profundas para isso. Cristo age em cada um dos sacramentos. Dirige-se pessoalmente a cada um dos pecadores…” (n. 1484).

“Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça” (Catecismo, n. 1446).

Todos os dias, em todos os recantos do mundo, através dos sacerdotes, seus ministros, Jesus continua a dizer: “Eu te absolvo dos teus pecados…”, vai e não tornes a pecar. É o próprio Cristo que perdoa. “A fórmula sacramental: “Eu te absolvo…”, a imposição das mãos e o sinal da cruz traçado sobre o penitente, manifestam que naquele momento o pecador contrito e convertido entra em contato com o poder e a misericórdia de Deus. É o momento em que, em resposta ao penitente, a Santíssima Trindade se torna presente para apagar-lhe o pecado e restituir-lhe a inocência, o momento em que a força salvífica da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo é comunicada ao penitente […]. Deus é sempre o principal ofendido pelo pecado – só contra Vós pequei! – e só Deus pode perdoar” (São João Paulo ll, Exort. Apost. Reconciliação e Penitência, 02-12-1984, n. 31). Na Confissão é o próprio Cristo quem nos absolve através do sacerdote, porque todo o sacramento é uma ação de Cristo. Na Confissão, encontramos Jesus ( cf. Conc. Vat. Ll, Const. Sacrosanctum Concilium, 7 ), como o encontrou o bom ladrão, ou a mulher pecadora, ou a samaritana, e tantos outros…; como o encontrou o próprio Pedro, depois das suas negações.

As palavras que o sacerdote pronuncia não são somente uma oração de súplica para pedir a Deus que perdoe os nossos pecados, nem um mero certificado de que Deus se dignou conceder-nos o seu perdão, antes, nesse mesmo instante causam e comunicam verdadeiramente o perdão: “Nesse momento, todos e cada um dos pecados são perdoados e apagados pela misteriosa intervenção do Salvador” (São João Paulo ll, RP, n. 31).

Grande é o presente que Jesus nos deu na Páscoa: O Sacramento da Penitência!  Vários são os efeitos espirituais desse Sacramento:

. A reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a Graça;

. A reconciliação com a Igreja;

. A remissão da pena eterna devido aos pecados mortais;

. A remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, sequelas do pecado;

. A paz e a serenidade da consciência, e a consolação espiritual;

. O acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.

Santifiquemos as nossas almas, fazendo uso do Sacramento da Confissão que é expressão mais sublime do amor e da misericórdia de Deus para com os homens (cf. Lc 15, 11-32). O Senhor espera sempre com os braços abertos que voltemos arrependidos, para nos perdoar e nos devolver a nossa dignidade de filhos seus. “A confissão é um libertar-se no mais profundo de si mesmo e, por isso, um reconquistar a alegria de ser salvo, que a maioria dos homens do nosso tempo deixou de saborear” (São João Paulo ll). “Repara que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! – Porque, nos julgamentos humanos, castiga-se a quem confessa a sua culpa; e no divino, perdoa-se. – Bendito seja o Sacramento da Penitência!” ( São Josemaria Escrivá, Caminho, 309 ).

Sejamos apóstolos do Sacramento da Confissão! A nossa grande alegria será termos aproximado de Jesus, como fez João Batista, muitos que estavam longe ou se mostravam indiferentes, sem perdermos de vista que é a graça de Deus, não as nossas forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor. Deste modo, a Confissão robustece-nos a confiança na luta, e quem a pratica nota que se trata, sem dúvida, do “sacramento da alegria”  (Papa São Paulo Vl, Audiência Geral, 23-lll-1977).

Concluo com a oração de São João Paulo ll: “Santa Maria, Esperança nossa, olhai-nos com compaixão, ensinai-nos a ir continuamente a Jesus e, se caímos, ajudai-nos a levantar-nos, a voltar para Ele, mediante a confissão das nossas culpas e pecados no Sacramento da Penitência, que traz sossego à alma” (Oração à Virgem de Guadalupe, Janeiro de 1979).

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