RITOS INICIAIS
Salmo 85, 1-3
ANTÍFONA DE ENTRADA: Inclinai o vosso ouvido e atendei-me, Senhor, salvai o vosso servo, que em vós confia. Tende compaixão de mim, Senhor, que a Vós clamo dia inteiro.
Introdução ao espírito da Celebração
O Senhor distribuiu o governo do mundo por uma grande multidão de pessoas: pelos pais e outros educadores; pelos governantes a todos os níveis; pelos estão à frente destas empresas; e pelas autoridades incumbidas de manter a ordem, como condição indispensável para o bem comum.
A Liturgia da Palavra deste Domingo fala-nos sobre o modo como usamos a autoridade que nos foi confiada pelo Senhor.
ACTO PENITENCIAL
Somos tentados a encarar a autoridade que nos é confiada a um poder que temos possibilidade de uma afirmação pessoal diante dos outros, a transformá-lo numa fonte de benefícios pessoais, ou a renunciar a exercê-lo, por preguiça ou por cobardia.
Peçamos humildemente perdão pelas vezes que nos temos deixar vencer por alguma destas tentações.
(Tempo de silêncio. Apresentamos, como alternativa, elementos para o esquema C)
• Para as vezes em que temos encolhido os ombros e fechado os olhos,
por cobardia em exercer a autoridade que nos foi confiada na vida,
Senhor, misericórdia!
Senhor, misericórdia!
• Para as vezes em que, passando por sobre os direitos dos outros,
tentamos comprar favores aos que têm autoridade, prejudicando-os,
Cristo, misericórdia!
Cristo, misericórdia!
• Para a nossa recusa preguiçosa em colaborar com outras pessoas
nas iniciativas que se destinam a ajudar os que precisam de nós,
Senhor, misericórdia!
Senhor, misericórdia!
Deus todo poderoso tenha compaixão de nós,
perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.
ORAÇÃO COLECTA: Senhor Deus, que unis os corações dos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que, no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontra as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura
Monição: Isaías fala-nos de Chebna – um mau administrador do reino – que vai ser excluído do cargo por desviar o trabalho que lhe foi confiado para proveito próprio.
Todos somos administradores e o Senhor há-de pedir-nos contas do modo como nos conduzimos nesta administração.
Isaías 22, 19-23
Eis o que diz o Senhor: a Chebna, administrador do palácio: 19«Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te do teu posto. 20E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim, filho de Elcias. 21Hei-de revesti-lo com a tua túnica, hei-de pôr-lhe à cintura a tua faixa, entregar-lhe nas mãos os teus poderes. E ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. 22Porei aos seus ombros a chave da casa de David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém possa abrir. 23Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme e ele será um trono de glória para a casa de seu pai».
Quase a terminar a série de «oráculos conta as nações estrangeiras» (Is 13 – 23) aparecem no livro de Isaías dois oráculos, um contra Jerusalém (Is 22, 1-14) e outro contra Chebna (Is 22, 15-19) e contra o seu sucessor Eliaquim (vv. 24-25). O texto fala da entrega dos poderes da administração da cidade a este homem (vv. 20-22), inicialmente honesto (v. 23), mas que acaba de cair no mesmo vício do nepotismo: «penduram-se nele todos os nobres da casa de seu pai, filhos e netos» (v. 24), uma censura que já não aparece na leitura de hoje; esta limita-se a falar da investidura no cargo em termos solenes e simbólicos: como insígnia, tinha uma banda sobre o ombro na qual trazia uma chave, símbolo do poder de administrar; com esta mesma imagem e servindo-se da mesma expressão de Isaías, o Apocalipse representa assim Jesus Cristo (Apoc 3, 7). Certamente que 1ª leitura foi escolhida, como é frequente acontecer, em função do Evangelho do dia, que fala do poder das chaves dado a Pedro (cf. Mt 16, 19).
Salmo Responsorial
Sl 137(138), 1-2a. bc-3.6. 8 bc (R. 8bc)
Monição: O salmista entoa um cântico de louvor ao Altíssimo e convida-nos a acompanhá-lo nesta oração, pela Sua bondade para connosco.
Aceitemos o seu convite e cantemos esta oração de louvor que o Espírito Santo coloca nos nossos lábios.
Refrão: SENHOR, A VOSSA MISERICÓRDIA É ETERNA: NÃO ABANDONEIS A OBRA DAS VOSSAS MÃOS.
Ou: PELA VOSSA MISERICÓRDIA, NÃO NOS ABANDONEIS, SENHOR.
De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos Vos hei-de cantar
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.
Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade
e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome
e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.
O Senhor é excelso e olha para o humilde,
ao soberbo conhece-o de longe.
Senhor, a vossa bondade é eterna,
não abandoneis a obra das vossas mãos.
Segunda Leitura
Monição: S. Paulo convida-nos a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, às vezes, parecendo desconcertante, realiza os Seus projectos da nossa salvação.
Resta que nos entreguemos cheios de confiança nas mãos de Deus e deixemos Ele conduza a nossa vida.
Romanos 11, 33-36
33Como é profunda a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus! Como são insondáveis os seus desígnios e incompreensíveis os seus caminhos! 34Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem foi o seu conselheiro? 35Quem Lhe deu primeiro, para que tenha de receber retribuição? 36D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Deus para sempre.
S. Paulo desata em exclamações de louvor entusiástico a Deus, ao contemplar o seu plano salvífico: Deus escolhe Israel para seu povo; dada a infidelidade deste, chama os gentios à fé; e, por fim, todos formarão um só e mesmo povo no Reino de Deus.
36 «D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas», uma expressão que introduz a doxologia final, com que se encerra a parte doutrinal da epístola: «Glória a Deus para sempre. Amen». Assim parafraseia a expressão J. M. Bover: «Todas as coisas procedem de Deus (d’Ele), pois é o Criador; subsistem por (Ele) Deus, que é o Conservador; olham e tendem para Deus (para Ele), como seu último fim».
Aclamação ao Evangelho
Mt 16, 18
Monição: O Senhor fundou a Sua Igreja para nos servir os bens a Salvação eterna e colocou à frente o Santo Padre para ser o primeiro e o exemplo de servidor.
Agradeçamos ao Senhor este dom e aclamemos o Evangelho que no-lo anuncia.
ALELUIA
Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Evangelho
São Mateus 16, 13-19
Naquele tempo, 13Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?». 14Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus perguntou: 15«E vós, quem dizeis que Eu sou?». 16Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». 17Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. 18Também Eu te digo: Tu és Pedro sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».
O texto da leitura consta de duas partes distintas, mas intimamente ligadas: a confissão de fé de Pedro (vv. 13-16), comum a Marcos 8, 27-30 e a Lucas 9, 18-21 (cf. Jo 6, 67-71), e a promessa feita a Pedro (vv. 17-19), exclusiva de Mateus (cf. Jo 21, 15, 23).
13 «Cesareia de Filipe» era a cidade construída por Filipe, filho de Herodes, o Grande, em honra do César romano, nas faldas do Monte Hermon, a uns 40 quilómetros a Nordeste do Lago de Genesaré.
13-17 «Quem dizem os homens… E vós, quem dizeis que Eu sou?» É uma pergunta que, em face de Jesus, uma pessoa tão singular, surpreendente e apaixonante, não pode deixar de se fazer em todos os tempos. As respostas podem ser variadas e até contraditórias, mas só uma é a certa, a resposta de Pedro, a resposta esclarecida da fé, resposta que Jesus aprova: «Feliz de ti, Simão» (v. 17). «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (v. 16):Messias é a forma hebraica da palavra do texto original grego, Cristo, que quer dizer ungido (os reis eram ungidos com azeite na cabeça ao serem investidos). Jesus é o Rei (ungido) anunciado pelos Profetas e esperado pelo povo. Quando se diz Jesus Cristo é como confessar a mesma fé de Pedro, reconhecer que Jesus é o Cristo, isto é, o Messias, mas num sentido mais denso e profundo, a saber, o Filho de Deus, num sentido que ultrapassa o corrente e que só o dom divino da fé pode fazer descobrir, segundo as palavras de Jesus a Pedro: «Não foram a carne e o sangue que to revelaram» (v. 17). A fé de Pedro, como a nossa, não pode proceder dum mero raciocínio humano, da sagacidade natural, mas da luz, da certeza e da firmeza, que procede da revelação de Deus. «A carne e o sangue» é uma forma semítica de designar o homem enquanto ser débil e exposto ao erro e ao pecado.
18 «Tu és Pedro». É significativo que o texto grego não tenha conservado a palavra aramaica «kêphá», aliás usada noutras passagens do N. T. sem ser traduzida, como é habitual com os patronímicos. Aqui o evangelista teve o cuidado de usar o nome correntemente dado ao Apóstolo Simão: Pedro. É expressivo o trocadilho, com efeito Pedro é a pedra sobre a qual assenta a solidez de toda a Igreja do Senhor. Note-se que o apelido de Pedro = Pedranão existia na época, nem em aramaico (Kêphá), nem em grego (Pétros), nem em latim (Petrus), uma circunstância que reforça o seu significado e originalidade. Além disso, este apelido também não era apto para caracterizar o temperamento ou o carácter do Apóstolo, pois aquilo que distingue a sua personalidade não é precisamente a dureza ou firmeza da pedra, mas antes a debilidade, mobilidade e até inconstância (cf. Mt 14, 28-31; 26, 33-35.69-75;Gal 2, 11-14). Se Jesus assim o chama, é em razão da função ou cargo em que há-de investi-lo.
«Edificarei a minha Igreja». Jesus, ao dizer a minha, significa que tem intenção de fundar algo de novo, uma nova comunidade de Yahwéh. «Ekklêsía» é a tradução grega corrente dos LXX para a designação hebraica daComunidade de (qehal) Yahwéh, isto é, «o povo escolhido de Deus reunido para o culto de Yahwéh» (cf. Dt 23, 2-4.9). Não é, portanto, a Igreja uma seita dentro do judaísmo, é uma realidade nova e independente. «Jesus pôde dizerminha, porque Ele a salva, Ele a adquire com o seu sangue, Ele a convoca, Ele realiza nela a presença divina, a aliança, o sacrifício». «As portas do inferno não prevalecerão». Esta linguagem tipicamente bíblica (Is 38, 10; Sab16, 13; cf. Job 38, 17; Salm 9, 14) é uma sinédoque com que se designa a parte pelo todo. Inferno tanto pode designar a destruição e a morte (xeol=inferi=os infernos), como Satanás e os poderes hostis a Deus. Por ocasião da eleição do Papa Bento XVI viu-se bem como estes poderes hostis à verdadeira Igreja de Cristo mais uma vez se assanharam…
19 «Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus». Os poderes conferidos a Pedro não são para ele vir a exercer no Céu (segundo a crença popular), mas aqui neste mundo, onde a Igreja, o Reino de Deus em começo e em construção, tem de ser edificada. No judaísmo e no Antigo Testamento (cf. Is 22, 22), lidar com as chaves é uma atribuição de quem representa o próprio dono, significa administrar a casa. Ligar-desligar significa tomar decisõescom tal autoridade e poder supremo que serão consideradas válidas por Deus, «nos Céus». É de notar que Jesus diz a todos os Apóstolos esta mesma frase (Mt 18, 18), mas sem que seja tirada qualquer força à autoridade suprema de Pedro, a quem é dado um especial poder de «ligar e desligar» na Igreja, enquanto pedra fundamental e pastor supremo a ser investido após a Ressurreição (Jo 21, 15-17). Este primado de Pedro sobre toda a Igreja – que hoje se designa por ministério petrino – não é conferido apenas a ele, mas a todos os seus sucessores; com efeito Jesus fala a Pedro na qualidade de chefe duma edificação estável e perene, a Igreja; se o edifício é perene também o será a pedra fundamental. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, nº 882, «o Papa, Bispo de Roma e sucessor de S. Pedro, «é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, todos os bispos com a multidão dos fiéis» (LG 23). Em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, o pontífice romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer» (LG 22). Este é um dos pontos cruciais do diálogo ecuménico, que terá uma saída feliz quando todos os que se consideram cristãos compreenderem que o carisma petrino, por vontade de Cristo, é o indispensável instrumento de união e unidade na legítima diversidade.
Sugestões para a homilia
• A autoridade vem de Deus para servir
Não podemos servir-nos dos irmãos
Para servir os irmãos
Prestaremos contas da administração
• Jesus Cristo serve-nos na Igreja
Que pensam os homens acerca de Jesus
Jesus Cristo Redentor
Todos somos Igreja
1. A autoridade vem de Deus para servir
a) Não podemos servir-nos da autoridade. «Eis o que diz o Senhor a Chebna, administrador do palácio: «Vou expulsar-te do teu cargo, remover-te-ei do teu posto.»
A profecia de Isaías hoje proclamada situa-se no reinado de Ezequias, rei de Judá. Em 714 o rei atinge a maioridade e começa a reinar.
O profeta dirige-se, “administrador do palácio”. Anuncia-lhe a expulsão do cargo e a sua substituição por Elyaqîm. Porquê? Shebna mandou construir para si um sepulcro no alto e cavou na rocha um mausoléu, diz o texto um pouco antes (Is 22,16).
Por que é que o erigir um monumento funerário é condenado? Talvez porque é sinal do orgulho de Shebna; ou talvez porque Shebna utilizou o dinheiro do povo ou despendeu dinheiro em futilidades num momento difícil em que todo viviam, ameaçados por Senaquerib, rei da Assíria.
Shebna será substituído nas suas funções. Irá ser despojado das insígnias do seu poder (a túnica, o cinto e a chave do palácio), as quais serão entregues a Elyaqîm.
No entanto, as esperanças de Isaías em Elyaqim desiludiram-no, como se narra a seguir. A estaca de que aqui se fala sugere que os seus familiares penduraram-se e apoiaram-se nela todos os familiares de Elyaqîm (os nobres que pertenciam à família, os filhos e os netos) e a “estaca” acabou por cair, arrastando na queda todos aqueles que a ela se seguravam (cf. Is 22,24-25).
Esta história ajuda-nos a compreender o que se passa em nossos dias.
São estas as tentações de quem alcança o poder:
• Julgar-se grande, importante, (às vezes, até nas pessoas que têm cargos na comunidade acabam por se julgar superiores ou proprietárias).
• Aproveitar-se do cargo para enriquecer, para favorecer a família e os amigos, muitas vezes à custa de prejudicar os direitos dos outros.
Vivemos na sociedade da cunha, do envelope que se entrega por detrás da porta, de procurar todos os meios para chamar para si o que pertence a outros. Passa-se isto no emprego, nas facilidades que os poderes públicos devem dar a todos, e até no futebol.
b) Para servir os irmãos. «E nesse mesmo dia chamarei o meu servo Eliacim, filho de Elcias. […] E ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá.»
A autoridade com que são investidas algumas pessoas é uma missão que o Senhor lhes confia para servir: na família, na Igreja e na sociedade civil.
Um dia prestaremos contas desta administração e o Senhor chama nossa atenção, no Evangelho, para esta verdade.
Servir exige uma atenção contínua e um grande espírito de sacrifício, porque é preciso renunciar a cada momento aos próprios gostos e descanso, para atender quem precisa.
(Conta-se de S. Tomás Moro, nomeado Chanceler de Inglaterra, que se preocupou em despachar todos os assuntos que estavam adormecidos nos arquivos do palácio real. Até que um dia pediu que lhe trouxessem mais um e responderam-lhe que estavam todos despachados. Recusou-se a nomear um amigo para um cargo, porque sabia que ele não era imparcial).
• Devem prestar o serviço de mandar os pais, não abdicando nunca da sua autoridade. Se fecharem os olhos e encolherem os ombros, à procura de uma simpatia barata, prestam um mau serviço aos filhos. É preciso desenvolver neles as virtudes humanas.
• O mesmo se pode dizer nos professores na escola, dos governantes, de todos nós quando somos chamados a escolher quem nos há-de governar.
• Esta mesma exigência é para os que são chamados a servir os outros, na Igreja, ajudando-os a chegar ao Céu.
c) Prestaremos contas da administração. «“Fixá-lo-ei como uma estaca em lugar firme e ele será um trono de glória para a casa de seu pai”.»
Em todas as pessoas há a tentação de comprar a simpatia com favores, com encolher de ombros, com fechar os olhos. Prestaremos contas do modo como administramos o talento da autoridade que nos foi confiado.
Também Elyaqim, escolhido para substituir Chebna, foi afastado do lugar por má administração.
O exercício do poder, quer para Shebna, quer para Elyaqîm, aparece associado à corrupção, à venalidade, ao aproveitamento do serviço da autoridade para a concretização de finalidades egoístas, interesseiras, pessoais.
O Senhor ensina-nos, pela Sua Palavra, um sentido contrário a tudo isto: o exercício do poder só faz sentido enquanto está ao serviço do bem comunitário… O exercício de um cargo público supõe, precisamente, a secundarização dos interesses próprios em benefício do bem comum.
Ao cantarmos o salmo responsorial pedimos duas graças: que Deus não nos abandone e nos dê coragem para cumprirmos a nossa missão; e que não nos deixe cair nas mãos de maus administradores. «Pela vossa misericórdia, não nos abandoneis, Senhor.»
2. Jesus Cristo serve-nos na Igreja.
a) Que pensam os homens acerca de Jesus. «Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do homem?”»
Que dizem as pessoas com quem vivemos todos os dias sobre Jesus Cristo?
Desconhecem-n’O e prescindem d’Ele, embora não se esqueçam de marcar com o sinal cristão os momentos mais importantes da vida: nascimento, casamento e morte.
• João Baptista. Tentou endireitar o mundo e, humanamente, acabou por fracassar. Muitos são tentados a pensar assim. Perante a crise da família, com a infidelidade, o divórcio, o casamento (!) de homossexuais, contracepção e aborto, encaram Jesus e a Sua doutrina como um fracasso e algo que está fora de moda.
• Elias e Jeremias. São o símbolo da Palavra de Deus. Pensam que está desactualizada e é preciso adaptar os Mandamentos aos seus vícios.
Podemos ainda perguntar: E para mim? Que influência real tem Jesus Cristo quando trabalho, vivo em família ou passeio? Não haverá o perigo de o cristianismo ficar reduzido a algumas práticas rotineiras?
Pensam de modo muito diferente os que vivem nos países onde o cristianismo é perseguido, como por exemplo na China.
b) Jesus Cristo Redentor. «Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”.»
Jesus Cristo é o único Redentor do mundo. Ou somos salvos por Ele, pela fidelidade à Sua doutrina e aos Mandamentos, ou perdemo-nos eternamente. Não há salvação fora d’Ele.
(De que nos adianta ter um médico excepcional, se não fazemos caso dos seus conselhos e receitas?)
É o nosso melhor Amigo, porque deu a vida para nos salvar e está sempre disponível para nos ajudar a qualquer momento. Basta que mostremos vontade de receber a Sua ajuda.
Oferece-Se a cada um de nós como alimento, especialmente nos Sacramentos da reconciliação e da Eucaristia. Precisamos de nos confessar bem e de não profanar a Eucaristia, mas comungar bem.
c) Todos somos Igreja. «Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.»
Jesus Cristo actua no mundo. Mas a Sua acção passa pela nossa generosidade. Ele é a Cabeça da Igreja. Mas numa pessoa não pode ser só a cabeça a trabalhar. Cada um dos membros deve fazer aquilo para que foi formado.
A Igreja é Cristo a actuar nos dias de hoje, ajudando as pessoas. Somos o coração de Cristo, os Seus pés e mãos, os lábios e os olhos.
Tem a governá-la em nome de Cristo o Santo Padre, Seu Vigário na terra. Por mais dificuldades que a Igreja tenha, está-lhe prometido por Jesus que não sucumbirá aos perigos e ciladas.
Esta verdade torna-se mais visível na santa Missa que estamos a celebrar.
Há uma só fé, um só baptismo e um só Senhor que guarda para nós uma só recompensa eterna.
Ele serve-nos a Palavra de Deus e o Seu Corpo e Sangue, para que possamos viver em plenitude. Cristo torna-se visível pelo sacerdócio ministerial.
Fala o Santo Padre
«Cristo é o verdadeiro “tesouro”, pelo qual vale a pena sacrificar tudo»
Prezados irmãos e irmãs
A liturgia deste domingo dirige-nos, a nós cristãos mas ao mesmo tempo a cada homem e mulher, a dúplice pergunta que certo dia Jesus formulou aos seus discípulos. Primeiro, perguntou-lhes: “Quem dizem as pessoas que é o Filho do homem?”. Eles responderam que para alguns membros do povo Ele era o novo João Baptista, para outros, Elias, Jeremias ou um dos profetas. Então, o Senhor interpelou directamente os Doze: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Em nome de todos, com impulso e determinação, foi Pedro que tomou a palavra: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo”. Solene profissão de fé, que desde então a Igreja continua a repetir. No dia de hoje, também nós queremos proclamar com íntima convicção: sim, Jesus, Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo! Fazemo-lo com a consciência de que Cristo é o verdadeiro “tesouro”, pelo qual vale a pena sacrificar tudo; Ele é o amigo que nunca nos abandona, porque conhece as expectativas mais íntimas do nosso coração. Jesus é o “Filho de Deus vivo”, o Messias prometido, que veio à terra para oferecer à humanidade a salvação e para satisfazer a sede de vida e de amor que habita em cada ser humano. Como seria grande a vantagem para a humanidade, se acolhesse este anúncio que traz consigo a alegria e a paz!
“Tu és Cristo, Filho de Deus vivo”. A esta profissão de fé da parte de Pedro, Jesus responde: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”. É a primeira vez que Jesus fala da Igreja, cuja missão é a realização do grandioso desígnio de Deus, de reunir em Cristo toda a humanidade numa única família. A missão de Pedro e dos seus sucessores é precisamente a de servir esta unidade da única Igreja de Deus, formada por judeus e pagãos de todos os povos; o seu ministério indispensável consiste em fazer com que ela nunca se identifique com uma única nação, nem com uma só cultura, mas que seja a Igreja de todos os povos, para tornar presente no meio dos homens, marcados por inúmeras divisões e contrastes, a paz de Deus e a força renovadora do seu amor. Por conseguinte, servir a unidade interior que provém da paz de Deus, a unidade de quantos em Jesus Cristo se tornaram irmãos e irmãs: eis a missão especial do Papa, Bispo de Roma e Sucessor de Pedro. […]
Papa Bento XVI, Angelus, Palácio Apostólico de Castel Gandolfo,24 de Agosto de 2008
LITURGIA EUCARÍSTICA
INTRODUÇÃO
O Senhor instituiu a nossa participação dominical na santa Missa, porque é indispensável para vivermos como bons filhos de Deus.
Iluminou-nos com a Sua Palavra proclamada. Actualiza agora o gesto da Última ceia, para Se nos dar como Alimento divino.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Senhor, que pelo único sacrifício da cruz, formastes para Vós um povo de adopção filial, concedei à vossa Igreja o dom da unidade e da paz. Por Nosso Senhor.
SANTO
Saudação da Paz
A paz será uma realidade na medida em que cada um de nós vir Jesus Cristo presente no seu irmão e procurar servi-lo: pela amizade, ajuda e perdão generoso.
Com o desejo de vivermos com fidelidade este mandamento do Senhor,
Monição da Comunhão
Antes de comungarmos o Corpo e Sangue de Cristo, devemos pensar diante do Senhor se estamos na graça de Deus e em comunhão com as outras pessoas.
Quem não ama a seu irmão que vê – pergunta o Apóstolo S. Tiago – como pode dizer que ama a Deus a quem não vê?
Cada comunhão há-de levar-nos a uma aproximação crescente dos outros e a um compromisso generoso de os ajudar no caminho da salvação eterna.
Salmo 103, 13-15
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Encheis a terra, Senhor, com o fruto das vossas obras. Da terra fazeis brotar o pão e o vinho que alegra o coração do homem.
Ou
Jo 6, 55
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, diz o Senhor, e Eu o ressuscitarei no último dia.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Realizai em nós plenamente, Senhor, a acção redentora da vossa misericórdia e fazei-nos tão generosos e fortes que possamos ajudar-Vos em toda a nossa vida. Por Nosso Senhor.
RITOS FINAIS
Monição final
Não somos Igreja apenas aqui dentro, antes de partirmos para as nossas casas, retomando as ocupações habituais.
Somos, em qualquer lugar, e em todo o tempo, sinais visíveis do Seu Amor salvador por todas as pessoas.
Celebração e Homilia: FERNANDO SILVA
Nota Exegética: GERALDO MORUJÃO
Sugestão Musical: DUARTE NUNO ROCHA